Assombrada

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" Porque eu não quero o feliz para sempre se não for com você "
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- Essa já é sua terceira taça de vinho e você ainda quer bater na tecla de que está bem? Sabe que eu não sou contra acabar com uma garrafa ou duas em uma noite, mas nesse caso não é a melhor ideia.

- O que eu vou fazer? O que eu posso fazer? Eles com certeza vão me processar, ou pior, vão mandar me matar! - E lá se ia o resto do vinho e de minha dignidade.- Eu mal iniciei minha carreira e já vou ter que dar tchau para ela.

- No pior dos casos, se você for presa algum fã vai pagar sua fiança.- Perfeito,  Vega ainda conseguia sorrir em meio ao meu desespero.- Luna, seja adulta e leia o email, você vai enloquecer e me enloquecer se continuar se torturando assim.- É muito fácil manter a calma quando não se está correndo o risco de ser processada em milhões de dólares.- Talvez não seja nada de mais.

- Nada de mais? Se não fosse nada de mais a acessoria não entraria em contato. Por que me deixou fazer isso?

- Desculpa se te apoiar em uma de suas maiores ambições foi um erro, Luna, mas agora vamos precisar lidar com isso de forma séria. Você já tem um advogado?

- Eu preciso de um?

- Se você tem certeza de que vai ser processada deveria pelo menos ter um advogado, mas, ele vai querer checar o email.

Eu não encosto no meu celular e  notebook desde que aquela mensagem  apareceu em meus email's, a princípio eu jurava que poderia ser algum tipo de brincadeira mas infelizmente não era. Eu entrei em choque, era muito para se assimilar e o tempo todo eu torcia para que fosse um sonho.
Talvez eu esteja sendo dramática e infantil por não querer abrir o email e acabar com essa história, mas é que é extremamente dificil saber que tudo o que construi com muito sacrifício possa ser tirado de mim tão rápido...

- Eu vou ver o que posso fazer, vou conversar com a minha editora.- Suspirei e caí em exaustão.- Eu só preciso de um tempo.

- De um tempo, de um banho e de uma boa noite de sono. Tem certeza de que não quer que eu durma aqui, sabe, só para garantir que você não se jogou pela janela ou algo assim?

- Se você dormir aqui vai usar meu dedo para desbloquear meu celular, eu tenho certeza disso.

- Quer dizer que eu não tenho autocontrole?- Eu nem precisei responder.- Você tem razão, isso já fazia parte dos meus planos.- Eu sempre tenho razão.- Mas, Luna, não pode ignorar isso para sempre, sabe, um oficial de justiça pode bater na sua porta a qualquer instan-

- Tudo bem eu já entendi, Vega, agora pode ir, eu realmente preciso descansar e reunir forças para não surtar.

- Certo, mas eu vou levar o estoque de bebidas alcóolicas comigo, não vou te deixar sozinha correndo risco de entrar em coma.

E assim ela fez, levou no total 3 garrafas de Pinot noir me deixando totalmente assombrada por minhas escolhas.

" Srta. Wild, estamos entrando em contato para discutir sobre os eventos recentes em relação a publicação de seu mais novo livro..."

Ótimo, meu fantasma tomava forma em uma simples mensagem, mas o que me dava medo de verdade era o fato de que ele podia me odiar, o meu mocinho a qual eu desenvolvi uma personalidade por longos 3 meses.

Me lembro do dia em que decidi largar tudo e me tornar escritora, foi um caos com direito a atropelamento e um belo par de chifres ao decorrer da minha história.  Um conselho que eu daria a mim mesma? Só porque um evento clichê te aconteceu não significa que você achou o grande amor da sua vida.

Era ação de graças, fui até a casa dos meus pais contar que havia largado a faculdade de jornalismo e que TCHARAM eu ia me dedicar a minha escrita.

- De jeito nenhum! Fora de cogitação! Você não pode simplesmente jogar no lixo todo o nosso esforço durante esses anos para que você pudesse entrar em uma boa faculdade, Luna.

- Mãe, eu não quero colocar meus sonhos em uma gaveta para simplesmente acordar um dia e perceber que desperdiciei minha vida correndo atrás do sonho de outra pessoa.

- Luna, você pode ser escritora, mas também pode se formar em jornalismo! São só 4 anos, não seja tão dramática. - Meu pai resmungava enquanto descascava batatas.- E mesmo que fossem mais anos, o que definitivamente não é o caso, você ainda estaria ótima! Escritores de verdade tem mais de 50.

- Seu pai tem razão, da para fazer as duas coisas.

- Eu não quero dividir minha energia em duas coisas, mãe, quero ser ótima em uma só.

- Então invista no jornalismo,  querida. É um emprego de verdade e vamos ser sinceros, sua escrita não é das melhores.

- Uau, é por isso que eu adoro vir visitar vocês.

- Querida,  só queremos ser realistas, ser escritor é para pessoas que tem talento.- Eu não esperei ela terminar de enterrar minha autoestima (tratada atualmente com muita terapia) peguei minha bolsa e fui embora, poderia ter sido pior, eu poderia ter deixado meus sonhos na casa dos meus pais e ter saído apenas com a minha bolsa.

Eu não culpo os meus pais, eles não são pessoas ruins, são apenas um pouco sem noção. Mas agora diante da situação que me encontro sobre o meu livro, eu estou repensando se não deveria ter seguido carreira no jornalismo...

  Se eu pudesse me encher de conselhos eu definitivamente acrescentaria que não é muito Inteligente sair correndo pelas ruas de Nova York, ao menos que você não queira seu coração seja partido.

Eu nunca aprendi a andar de bicicleta, por mais que eu tentasse durante a infância tudo o que eu conseguia era um joelho ralado e muito choro. Aparentemente as bicicletas levaram essa questão para o pessoal e decidiram que me atropelar poderia me despertar algum interesse genuinamente forçado. De uma coisa eu tenho certeza, o impacto da bicicleta me jogando contra o chão doeu bem menos do que ele fez comigo.

- Puta que pariu! Moça, você ta bem? Que pergunta! É claro que você não ta bem.- Ele não era tão alto, tinha os cabelos castanhos claros igualmente aos olhos e um nariz enorme que com certeza era a cereja do bolo.- Me deixa te levar pro hospital, melhor, me deixa te ajudar a levantar.

- Não encosta em mim seu filho da puta! Que tipo de cegueira é essa que te impede de ver uma mulher andando e...

- Andando? Você tava correndo! Eu poderia muito bem afirmar que foi você quem me atropelou.- Esse cara só podia ser uma piada.- E poderia fazer você pagar pelo arranhão na minha bicicleta.

- Eu vou é enfiar essa bicleta no meio da sua bunda.

- Quer saber? Eu acho que isso foi um karma, por que alguém em plena ação de graças está na rua ao invés de estar com a familia? Julgando por seu comportamento eu imagino o porquê de não estar com a sua.- Eu realmente não sei se foi porque eu estava de TPM ou porque um total desconhecido acabou ativando meu family issues depois de literalmente me atropelar voltando da casa dos meus pais totalmente derrotada, mas, eu comecei a chorar muito.- Oh meu Deus, me desculpa, eu não queria te fazer chorar.- Ele parecia desesperado.- Você tem toda razão, eu te atropelei e eu sou burro demais aparentemente por não ter visto você corren...digo, andando por ai. E quer saber? Fode-se a bicicleta.- Ele literalmente pegou a primeira pedra que encontrou e furou os pneus.- E se quer saber, eu também estou na rua em plena ação de graças longe da minha familia, e quer saber o porquê? Aparentemente a minha familia me odeia.

E foi aí, nesse exato momento, que eu me apaixonei por Jhon Arcade. Toda aquela situação me pareceu ser um sinal, um evento cósmico de que eu finalmente tinha encontrado a minha metade. Bom, eu queria ter me dado aquele conselho inicial antes...

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