As Cartas UNK

chapter 3

A comida parecia esquisita como nunca esteve. Ela estava ansiosa para a tarde chegar, pensando bem, a carta não falava um horário específico, apenas falava para ela ir ao parque.

– filha, que tal irmos ao parque hoje? – quando Rachel fala isso, Diana quase engasga – acho que seria bom. Você está muito esquisita hoje.

– bem... pode ser, eu estava querendo ir ao parque mesmo... – seu coração bate descompassado – não estou com fome, posso subir para o meu quarto?

– mas você mal comeu! – antes que falassem mais alguma coisa, ela se levantou e subiu até seu quarto.

" eles vão desconfiar", "será que já sabem de algo e por isso me chamaram para o parque?", "não, não pode ser, eles falariam se soubessem de algo", pensamentos desse tipo remoiam em sua cabeça.

Sentia uma culpa, mas não sabia por quê, não havia feito nada de errado, e além do mais, aquela carta poderia ser apenas uma brincadeira de mau gosto! Mas um pressentimento ruim invadia seu corpo, sentia vontade de vomitar, mas não conseguia. Estava morrendo de medo de ir ao parque, no fundo sabia que não era uma brincadeira, que era algo sério.

Releu a carta várias e várias vezes tentando encontrar alguma pista, mas nada encontrava, precisava ir ao parque e se encontrar com o remetente da carta o mais rápido possível, mas como poderia saber quem era ele? Não havia nenhuma característica sua na carta, absolutamente nada.

---

Às 14h ela já estava pronta, todos da casa estavam, havia alguma coisa no ar, o clima estava pesado entre eles, todos sentiam que haviam segredos a ser descoberto mas não falavam nada sobre, apenas sorriam e fingiam estar tudo bem, mas por dentro, estavam aflitos por algo que não poderiam expressar nem explicar.

– uau, você está linda, Diana, nem parece que vai apenas ao parque

– Bondade sua, mamãe, apenas me arrumei de forma que eu possa me sentir bem comigo mesma

– você não tem nada a nos dizer?  Catarina, uma amiga nossa, me disse que um rapaz lhe entregou uma carta e pediu para que desse a você, onde está essa carta? O que tinha nela?

– carta?... – tentava fazer de tudo para não demonstrar seu nervoso – Aaaah!!! A carta! Bem... era apenas uma carta de feliz aniversário, um colega... não pôde vir e deixou a carta, mas eu acabei perdendo ela, não sei onde foi parar – precisava arrumar um lugar mais seguro para esconder a carta antes que a encontrassem. – então o remetente de suas cartas era um rapaz... mas quem será?

– hmmm, achei que poderia ser uma carta de amor, afinal, são seus 15 anos não é mesmo?

– o que? Claro que não! Era apenas um cartão de feliz aniversário, Catarina estava totalmente bêbada, provavelmente nem percebeu a linda mensagem de aniversário que lá estava escrita.

– certo... vamos?!

Concordaram com a cabeça, e entraram no carro. O caminho parecia infinito, não via a hora de chegar logo, estaria ela atrasada? Não, ele não tinha o direito de declarar atraso, não havia nem mesmo um horário marcado, ainda está de tarde, está no horário.

– soube de um "evento" que terá no parque. Aparentemente um certo campeonato de escrita? Que esquisito – será que esse seria o ponto de encontro?

– coisas para adolescentes, na certa, bem, eu não tenho nenhum interesse você tem? Diana?

Ia responder que não, mas de repente...

– sim! Pode ser... legal! Iria me distrair um pouco e talvez quem sabe, criar um novo hobbie para mim.

– tem razão, então eu e seu pai ficaremos em um restaurante em frente ao parque, se precisar de nós é só falar, e na hora dos resultados nos chame, queremos ver nossa garota ganhar

– está bem, mas que horas começa esse campeonato? – ela estava certa de que esse seria o ponto de encontro, faz total sentido, uma carta, um campeonato de escrita.

– deixe-me olhar – a  mãe lia as informações contidas em algum site, ou talvez mensagem de uma amiga – poxa... aparentemente já começou.

– que pena – não demonstrou a decepção que estava sentindo.

– não fique triste, você pode ir ao restaurante conosco

– na verdade prefiro caminhar pelo parque, vocês podem ir.

Eles concordaram e seguiram calados pelo resto do caminho.

Finalmente chegaram.