Para a professora, Victória foi ousada. Ela poderia jurar que a garota iria fazer a última coisa que deveria nas salas dos professores: beijá-la. Mas claro, só estava provocando –como sempre. – Ela estava muito próxima quando uma professora entrou na sala, interrompendo o que ela estava fazendo. Coisas como essa jamais podem acontecer de novo.
Elisa não podia negar que Vic estava mexendo com ela, apesar de irritá-la em boa parte do tempo. Não podia negar que havia sim algo especial crescendo ali dentro de seu peito, mas que também todas as suas questões pessoais e profissionais estavam a impedindo de se aprofundar nos sentimentos. Elisa está no início da carreira, como poderia levar isso adiante com Victoria sendo sua aluna? Um pouco fora de questão. Elisa é casada e tem uma enorme responsabilidade dentro desse casamento, não podia simplesmente jogar tudo para o alto.
—Tudo bem com a Victoria? –A outra professora pergunta, quebrando o silêncio que se instalou na sala assim que Victoria saiu.
—Sim, por que? –Elisa responde de costas, procurando o celular dentro da mochila; o que não faz sentido, pois ela sempre anda com ele no bolso.
—Fiquei sabendo que houve uma discussão na sala. –Elisa para de procurar e se vira, escutando atentamente. —Ela é uma ótima aluna, mas ultimamente está muito distraída.
—Distraída?
—Nas minhas aulas ela se distrai conversando com os amigos no fundo ou usando o celular; não só ela, há mais alunos que passam a aula inteira conversando. Sem contar que as notas dela caíram um pouco.
—Ela não é tão distraída nas minhas, mas vou chamar a atenção. –Elisa fecha a mochila e caminha até a porta. —Aquela sala é uma dor de cabeça.
A outra professora concorda. Elisa pega a chave do carro no bolso e segue para fora da escola, em direção à garagem. É isso que acontece quando se tem noites mal dormidas. O dia anterior foi cheio, as turmas da tarde conseguiam ser piores que as da manhã. Alunos andando pela sala, conversas paralelas altas e reclamações... idênticos a sala de Victoria, na verdade. Elisa ainda precisou chegar em casa e além de estudar, fez tudo sozinha, pois William estava viajando a trabalho, coisa que estava fazendo com mais frequência dessa vez.
Chegando no carro, Elisa abre com um clique na chave. Não precisou procurar, o celular estava em cima do banco do motorista, onde provavelmente escorregou do bolso da calça. Ela o pega e a tela liga automaticamente, há algumas mensagens de Helena, sua mãe, no topo. A professora se senta no banco e desbloqueia o celular.
H (áudio): fala: bom dia, mamãe... Bom dia, mamãe
H: Bom dia.
H: Bianca acordou quando Luana saiu para ir para a escola, ela está morrendo de saudades de você.
H: Tentei fazer ela dormir de novo, mas não dorme por nada nesse mundo.
Elisa colocou novamente o áudio, foi impossível não morrer de amores. Bianca, uma pequena garotinha loira de três anos, falava super bem por ser filha de uma professora de português, mas claro, sua dicção falhava ás vezes, o que a deixava ainda mais fofa.
Após responder que passaria para ver Bianca depois, a professora levantou-se, fechou a porta do carro, e o travou. Em seguida, voltou para a sala dos professores e retirou as folhas da mochila, que os alunos usariam para copiar para o caderno, como um trabalho. Em outra aula, ela daria atividades no livro, uma das coisas que os alunos mais detestavam. Aproveitou o tempo livre para fazer anotações e deixar tudo em ordem.
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Pô(ética) - Professora e Aluna.
RomanceVictoria é uma garota de dezoito anos que em seu primeiro dia de aula há 2 anos atrás em plena pandemia, se encontrou caída pela professora de português, Elisa. Um romance eticamente errado, mas Victória tenta ao máximo conquistar sua professora cas...