Simples e tranquilo

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Ponto de vista do Christian

Assim que entramos em casa fui direto no escritório do meu pai e pra minha surpresa ele não estava lá.  Tentei ligar várias e várias vezes pra ele, mas as ligações só caiam na caixa postal.
Nenhum dos soldadinhos dele estava em casa. Corri pro quarto de Mason e ele estava dormindo como um bebê.

— Mason! — chamei

Logo ele acordou e eu entrei no quarto trancando a porta.
Ele estava atordoado mas logo se sentou em um lado da cama e eu do outro.

— Lembra do que você tinha me dito antes da Megan chegar aqui?

— Você está falando sobre o que eu escutei do escritório do pai?

— Sim! — disse desesperado

— Ouvi ele dizendo que seria tipo uma grande jogada. Como num tabuleiro de xadrez. Uma coisa grande o suficiente pra desviar a atenção das pessoas. Algo assim. Por que?

— Acho que ele não tava falando de mim
— respondi assimilando as coisas

— Como assim? — ele perguntou confuso

— Houve um assalto no banco da Wall Street, em frente ao restaurante que nós estávamos hoje a noite. Lembra da quela  vez que fizeram a mesma coisa qundo eu, você e sophie estávamos jantando com a mamãe antes dela falecer?

— Irmão, eu não tô te entendendo...— disse Mason confuso

— Mason, na quela noite o pai estava assinando um contrato importantíssimo,  mas havia revolta de algumas pessoas. E nesse dia nós sofremos um tentativa de assalto.  — cada vez mais eu meu coração acelerava e mais nervoso eu ficava.

— Aham... continua

— É só que cada vez que nosso pai está prestes a fazer algo, como fechar um negócio, abrir outro, inagurar algo... alguma coisa ruim acontece. — olhei pro meu irmão preocupado.

— Eu concordo — disse Mason — não é atoa que andamos mais rodeados de segurança do que antes. Mas o que ele estaria tramando agora?

— È isso que eu quero descobrir meu irmão.

— Bom, você não é o único. — ele disse levantando e caminhando pelo quarto

— Como assim?

— Megan. Eu já a vi muitas vezes espiando por aí, me perguntando coisas sobre nosso pai, sobre as intenções dele. Eu não julgo ela, ela foi arrastada pra esse buraco.  Você deveria falar com ela.— ele disse deixando o quarto.

Não conversei com ela desde o ocorrido.  Não sei como falar com ela depois disso tudo, não quero assusta-lá. Estava caminhando pro corredor dos nossos quartos, pensando seriamente do que diria a ela.  Seria mentir a melhor opção? Não sou meu pai, não gosto de mentiras mesmo que a verdade possa machucar um pouco. Faltava pouco pra chegar no quarto dela, mas nem precisei pois ela estava na varanda que dava acesso a meu quarto e o dela.
Ela estava calada observando o céu, a cidade, ela olhou pra mim com um sorriso falso e preocupado.

— Você tá aí — eu disse

— Você me achou — ela disse voltando a olhar pro horizonte

— Megan... desculpa não te contar mais sobre o que aconteceu,  eu também não sei muito. E eu sei que você tá apreensiva e com medo... — disse me encostando do seu lado. — E eu também tô.

— Você tá com medo? — ela se virou pra mim com um olhar confuso — do que, exatamente?

— É isso que me deixa assustado Megan, eu não sei.

— Você deveria saber. É seu pai que manda em tudo , não é?  — ela disse ainda assustada.

— Eu sei que você não confia nele, eu também não.  Não mais. — disse me sentando no banco de madeira perto de nós. Ela sentou do meu lado logo em seguida.

— Crhistian— ela disse pegando minha mão, me fazendo acompanhar seu olhar doce e gentil. — eu aceitei esse acordo pra conseguir um futuro melhor pra mim, um emprego dos sonhos, uma condição melhor pra minha família e pra trazer de volta o sobrenome dos meus pais, quero recomeçar de onde eles pararam. Pensei que tudo que eu tinha que fazer era sorrir e acenar pra fotos do seu lado, e tá tudo bem. Eu não vou desistir. Por mais que eu esteja com medo, eu não posso desistir, não tenho outra escolha.

Megan me surpreendeu. Se eu estivesse no lugar dela já teria corrido a muito tempo, eu admito que no começo não fui o senhor perfeição ou o senhor gentileza.
Eu contei pra ela logo em seguida das minhas desconfianças e dúvidas sobre tudo isso. Ela me perguntou o que eu ganharia em troca por esse acordo.  E eu respondi a verdade,  liberdade.  Se é que no final vou realmente ganhar isso.

— Pensei que era seu sonho ser sucessor do seu pai nos negócios — disse Megan

— Não exatamente o que eu quero,  mesmo eu tendo sido preparado pra isso desde pequeno.

— Mas e seus irmãos? — ela perguntou

— Mason não te jeito pra coisa é Sophie, bem, ela seria perfeita pro cargo mas meu pai teima que tem que ser eu.

Ela riu.

— Do que você tá rindo?— perguntei sorrindo.

— Nada, eu só não imaginava que o garoto perfeitinho de Nova York tinha tantos problemas.  — ela disse dando um tapinha no meu ombro. — sabe, no meu trabalho tinha uma garota chamada Sally, ela disse que era o sonho dela casar com você. — ela ria descontroladamente

— Bom, ela tem bkm gosto, você não acha? — disse encarando ela.

— Sou suspeita pra dizer. — ela riu. Não sei se entendi direto mas ri junto com ela.

Depois de alguns minutos olhando pro nada em silêncio, olhei pra ela novamente.

— Megan?

— Sim?

— Como foi pra você? Sabe, tudo isso do acidente, de ficar sumida, com outra família. Das pessoas dizendo que você estava, sabe...

— Morta? — ela completou. Estava com medo de parecer muito incômodo. Mas ela me olhou com um olhar doce, seu rosto estava ficando corado, como se fosse chorar a qualquer momento.  — Bom, foi traumático, e ainda é. Mas... acho que o pior já passou. E as pessoas inventam muitas coisas, se você realmente procurar pelas notícias vai saber que eu nunca fui dada como morta nem desaparecida, só fui criada anonimamente.

— Desculpa, eu não queria deixar você triste.

— Não deixou. Não se preocupa. E você, com sua mãe,  vocês eram muito próximos?

— Sim — disse sorrindo — ela era minha confidente. Eu confiava nela mais do que em qualquer um.

— Eu sinto muito. — disse Megan.

— Eu também sinto, pelo seus pais. Lembro muito bem deles. Eram gentis e deixavam eu comer todo o sorvete de vocês — nós rimos.

— Eu sinto falta da quela época, sabia? Tudo era tão melhor e mais colorido.

— Era, era sim.

Passamos horas conversando, já era mais de meia noite e nós ainda conversávamos. Reparei que Megan é da quelas pessoas que enchem os olhos de lágrimas quando falam de algo que elas amam.

Só paramos de conversar quando ela recebeu uma ligação da irmã e teve que entrar pra atender. Eu continuei lá sentado observando a lua sumindo nas nuvens.

Quando éramos crianças, lembro de mim e meu pai na casa dos Collins. A entrada sempre estava cheia de brinquedos espalhados, os corredores eram cheios de fotos, a casa sempre cheirava a cookies e cupcakes, tudo era lindo e aconchegante.  Mal  consigo imaginar perder tudo isso tão rápido. Deve ter sido tão doloroso pra uma garotinha. Mais especificamente pra garotinha que sempre usava rosa e sempre estava com o vestido manchado de chocolate, pra garotinha cuja adorava esconder minhas coisas pelo jardim pra eu achar depois.

Eu também sinto falta dessa época. Tudo era mais simples e tranquilo.

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