Capítulo 1

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(Alguns dias depois de Mara anunciar que pediu a separação e a Menah pedir um tempo)

- Chegamos! – Disse ela sem olhar para mim.

- Mara, obrigada por me trazer. Não precisava. Sei o que o dia de hoje não foi fácil para você. E eu prometo que vou dar um jeito nesse carro. – Ela e o Elias tinham começado o processo de separação.

Ela se vira para mim, meio que ignorando o que acabei de dizer.

- Tenho pensado sobre o que conversamos no bar. Gosto mesmo de você Menah, achei que quando conseguisse me separar do Elias, íamos poder ficar juntas. Mesmo me preparando para respeitar qualquer que seja sua decisão, não está sendo fácil. – Ela respira fundo, me olha e volta a falar.

- Desculpa, Menah. Estou sendo impaciente, você me esperou esse tempo todo. Mas quer saber, é isso que não entendo, porque esperar mais? Quando podemos estar juntas agora. – Ela volta a olhar para frente e abaixa a cabeça. – A menos que você não esteja mais interessada. É isso? Era a impossibilidade de estar comigo que fazia com que você tivesse interesse?? – Ela parecia um pouco atordoada.

- O quê? Claro que não! Mara, não é nada disso. Eu gosto mesmo de você. É só que ... – Respiro, tento organizar as palavras e os pensamentos. – Eu fiquei com medo, nunca me senti assim por ninguém. E se você decidir voltar para ele? Você já voltou antes. E se você voltar depois de eu me ... – Não consigo terminar de dizer.

- Eu não vou voltar. Estou decidida. Eu quero ficar com você. Já deveria ter feito isso há muito tempo, mas que bom que consegui agora. Você me fez ver o que eu precisava para ter coragem. Menah, eu não estou brincando. Você é muito importante para mim e eu jamais faria isso com você.

Olho bem nos olhos dela e sinto muita verdade em suas palavras. Ao encará-la pisco com a intensidade em seus olhos, mas sustento o seu olhar. Por motivos óbvios, estou ofegante e um pouco ansiosa. Seguro suas mãos, elas estão quentes, entrelaço nossos dedos e suspiro antes de fazer o que deveria ter feito no bar, no dia em que ela me disse que poderíamos enfim ficar juntas.

Me inclino e me aproximo dela, agora ela também está ofegante, sinto a sua respiração pesada, nos olhamos, ela me espera pacientemente. Encosto a minha testa na dela, porque eu não a beijo? Eu quero, sei que quero.

Então ela solta minhas mãos e segura meu rosto, gentilmente levanta meu queixo e me encara, seus olhos estão úmidos e atentos. Ela me puxa para mais perto, fecho os olhos e sinto os lábios dela nos meus. De início só encostamos os lábios e pela primeira vez posso sentir a maciez, segundos depois sinto a língua dela na minha boca e o calor de seu hálito me faz arrepiar, o beijo fica mais urgente e quando percebo já estou em cima dela, com a mão em seus cabelos, ela com as mãos na minha cintura me segurando firme. Como eu estava com vontade de sentir a boca dela na minha, nossos corpos colados dessa forma e as mãos dela em mim.

O barulho do carro do Jonatas chegando fez com que a Mara me afastasse.

- É o seu irmão?

- É sim. – Respondo ainda sem ar, tentando voltar a sentar no banco do carona.

- Talvez seja melhor eu ir.

- Não, fica. Está tarde para você voltar para cidade sozinha. – Olho para ela e peço: - Dorme comigo?

Ela me encarou, pareceu não acreditar no meu pedido.

- Tem certeza?

- Claro que eu tenho. - Falei enquanto beijava rapidamente seus lábios. De repente me senti mais corajosa. Enquanto isso o Jonatas estacionava o carro. Abaixei o vidro e acenei para ele. Quando ele saiu do carro, andou em nossa direção.

- Por que vocês estão aqui fora?

- Acabamos de chegar. A Mara me deu carona.

- Está começando a esfriar, melhor vocês entrarem.

- Estamos indo, Mara vai dormir aqui. Está muito tarde para ela voltar sozinha.

Ele olhou para mim e depois para ela.

- Se quiser posso preparar o quarto de visitas. Você já dormiu nele mesmo. Deve estar do jeito que você deixou.

Me apressei em dizer que não precisava.

- Ela vai dormir no meu quarto.

Nos olhamos em silêncio. O Jonatas sorriu meio sem jeito e disse:

- Sendo assim, boa noite e nos vemos pela manhã. Não demorem a entrar.

- Boa noite! - Falamos juntas.

Assim que ele entrou, Mara me encarou.

- Você acha que ele não vai desconfiar ou achar ruim? Seu irmão não é o meu maior fã e ás vezes acho até que ele me odeia um pouquinho.

- Ele já sabe o que sinto por você, apesar de ser cabeça dura, ele se importa muito com a minha felicidade e deixa de bobeira que ele não te odeia. – Peguei a mão dela e encostei no meu rosto, ainda estava quente - Mara, falei sério sobre querer assumir o que sinto, mesmo que aos poucos. Já comecei pela minha família e depois de hoje me sinto mais segura para viver isso com você.

Saí do carro, dei a volta e abri a porta para ela. Estendi a mão e a conduzi para dentro de casa, em seguida para o meu quarto.

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