No começo, apesar de conturbado, parecia uma vitória.

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Amanheceu chovendo.

Como se fosse um aviso para que ficasse em casa e não colocasse seu fajuto plano em ação. O céu chovia como se fosse uma prévia do quê aconteceria mais tarde. Em pouco horas, assim como a água da chuva pisa na terra, Han Jisung pisará em seu coração.

Lee Minho, por outro lado, encarou a chuva como mais um empecilho entre si e Han, mas que não deixaria se abalar pela tempestade que se formava nos céus.

Quando chegou na escola, não conseguiu evitar que sua blusa se molhasse mesmo que pouco, e agora o uniforme branco transpareceu mostrando seus músculos trabalhado por anos fazendo academia e boxe.

Os olhares curiosos e tentados analisavam seu corpo, se sentia intimidado andando por aqueles corredores de cores neutras, enquanto seus olhos procuravam sua outra metade. O avistou entrando na sala, mas quando entrou observou o professor ajeitando o projetor para o início.

Suspirou, sentou na sua mesa e olhou Han, era impressão sua ou havia colocado maquiagem? Ficou ainda mais lindo. Os lábios avermelhados por algum batom e os olhos com alguma sombra e um delineado sutil. Brilhava, simplesmente.

Seu coração palpitava em intervalos irregulares dentro do seu peito, não sabia dizer a hora que infartaria de tão nervoso que está em pensar na possibilidade de um encontro com seu futuro namorado, ele apenas não sabe disso. Começou a prestar atenção na aula, mas assim que começou a resolver exercícios, não percebeu a analisada que Han lhe deu. Nem os três minutos que passou o verificando, totalmente absorto que seria o mesmo nerd que viu no decorrer dos anos.

Não o achou esplêndido, mas que com certeza havia ressaltado uma boa parcela da sua beleza, havia. Continuou olhando para frente, se o vissem encarando aquele estúpido seria seu fim. Suspirou cansado, fazia quanto tempo que não dormia direito? Sua bochechas doem de tanto sorrir e parecer sociável. Se sentia cansado com frequência.

No fim das aulas o sol pintava um laranja puxado para o rosa. Estava lindo, levando em consideração a chuva que havia o acompanhado boa parte do dia. Han amarrou seus cadarços e começou a breve caminhada até o ponto de ônibus. Quando deu seis passos contados ouviu seu nome ser chamado. E por algum motivo, sabia por quem era.

A mesma pessoa que o encara durante as aulas, por mais que nunca notou nenhum encarada com segundas intenções que nem as secadas nada sutis que levava de outros meninos, se sentia irritado. As vezes servia para aumentar seu ego, as vezes o deixava sem paciência. Se virou. Era ele, realmente.

- Me chamou? - Perguntou. Lee acenou com a cabeça positivamente que nem um cachorrinho.

- Eu tenho algo que quero te falar. - Han quis o xingar de primeira, perderia o próximo ônibus com certeza, mas talvez o entretenimento que iria receber pagaria seu seu tempo.

- Pode falar. - Lee se aproximou, ficando a poucos passos de distância.

- Eu... - Olhou para os lados, com certeza os ensaios na frente dos amigos não se comparava com estar de frente com o cara que gosta. - Não, não, na verdade, desde... - Puta que pariu, se perdeu no próprio roteiro. Onde estavam as palavras que sempre surgiam a mente quando o via? Suas mãos estavam geladas e achava que sua pressão estava prestes a despencar.

- Podemos nos falar outra hora. - Disse, quando estava se preparando para continuar seu caminho, sentiu uma mão gélida parar seus passos, segurando seu braço. Minho sentiu a pele quente e macia e não queria soltar mais, mas soltou.

- Eu gosto de você.

E sem precisar chover, Lee iria sentir o frio do vento atingir seu coração, as palavras serviriam como lâminas que estavam sendo afiadas por séculos. E, assim como ensaiou em dizer para Han o quanto o amava, parecia que Jisung havia ensaiado para dizer o quanto o odiava.

double face •minsungOnde histórias criam vida. Descubra agora