Encaro meu marido.
Havíamos nos casado há aproximadamente seis anos, depois de pouco mais de dois anos divididos entre namoro e noivado. Vivíamos bem e éramos felizes juntos, como eu nunca pensei que seria verdadeiramente possível, mesmo com todos os altos e baixos. Tínhamos dias ruins, dias em que eu estava exausta, em que ele estava ausente, dias em que chateávamos um com outro igual dois adolescentes em seu primeiro namoro. Mas, em geral, tínhamos dias muito bons, dias em que minha vida parecia ter saído de um livro com final feliz.
Casamentos não eram fáceis, como quase todos faziam questão de comentar: após algum tempo, todo relacionamento se desgastava, eles diziam. Isso, obviamente, não saía da minha mente e, às vezes, eu tinha um medo assombroso de que tudo começasse a ruir sem que eu percebesse; mas aí ele vinha com aquele sorriso enorme no rosto e me abraçava sem nenhuma razão, simplesmente porque queria estar perto de mim, e todo o medo sumia.
— Ainda iniciando o windows? — ele perguntou, com um sorriso divertido, ao perceber minha sonolência — Eu sabia que a sua ideia de pedir café da manhã tão cedo seria péssima. Agora temos um café da manhã incrível esperando e eu duvido muito que você saia tão já dessa cama.
— Teria sido uma ótima noite sono se alguém tivesse me deixado dormir mais esta noite — resmungo.
— Não lembro de ter feito isso sozinho. Se tiver alguma reclamação, protocola no RH e respondemos em quinze dias úteis.
Dou uma risada sonolenta e tento me mexer na cama, percebendo o corpo deliciosamente dolorido em locais muito específicos. Ergo os braços e puxo ele para um abraço, trazendo-o para debaixo do cobertor comigo.
— Sabe, acho que deveríamos começar a encomendar um herdeiro — falo baixinho.
Sinto ele se afastar um pouco para me observar. Sei que ele está preocupado. Minha carga de trabalho tem sido imensa ultimamente, tem me desgastado. Ele sabe que, implicitamente, o que estou dizendo também é que estou pronta para trabalhar menos, coisa que ele vinha tentando me convencer há pelo menos dois anos. Vejo os inúmeros questionamentos que surgem na mente dele, mas sei que antes de qualquer coisa, ele vai escutar o que tenho a dizer.
— Você tem certeza? — ele pergunta, em dúvida entre ser cauteloso e esperançoso.
— Eu preciso dividir com alguém a carga de te suportar. Esse bebê vai vir cheio de responsabilidades.
Ele dá um sorriso e me beija, enquanto diz:
— Mulher, a sua esperteza sempre me surpreende.
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Quantos encontros me trouxeram aqui
Romance〰️ Um conto-romance para suspirar 〰️ Exausta e ansiosa da rotina de trabalho intensa, Isabela acorda em paralisia do sono. Por quinze segundos, é incapaz de lembrar quem era e onde estava, mas sabia que não estava na própria cama. Apavorada, percebe...