Manual de como namorar Min Yoongi

Se declare para ele.

O lutador encarou a residência a sua frente por algum tempo. Ele estava reunindo coragem para tocar a campainha do Min, já que ele se recusava a atender suas ligações e a receber as suas mensagens e para piorar, Jimin o estava pressionando além do normal. Ele estava frustrado com o plano e estava considerando pagar outro cara para sair com seu irmão.

Taehyung sentia a cabeça doer intensamente, em protesto, a essa hipótese. Ele estalou a língua e então esfregou o rosto entre as mãos, pensando sobre o que deveria fazer. Ele nunca quis magoar Yoongi, ele era justamente o último cara na face da terra que pretendia chatear, o que aconteceu foi uma série de infortúnios seguidos dos quais ele não conseguiu escapar. Para começar, não esperava reencontrar o ex-namorado e pior ainda no estacionamento da universidade e tinha acabado de descobrir que sua luta tinha sido remarcada para a próxima quarta-feira, ou seja, iria deixar a Coreia do Sul sem falar com Yoongi e essa ideia o incomodava muito.

Ele suspirou fundo, tamborilando os dedos sobre o volante a sua frente, pensando sobre o que deveria fazer, sabia que apesar de tudo ele ainda iria querer ganhar dinheiro em cima do irmão mais novo. E Jimin queria ter certeza de que ele estava feliz para poder namorar em paz. Ele estalou a língua, frustrado e sem saber o que deveria fazer.

Ir a casa dele continuava sendo a única opção viável em seu horizonte, mas temia não ser bem recebido. Ele não era conhecido como arisco à toa: todos os seus ex-ficantes e ex-namorados pareciam ter alguma reclamação sobre ele.

Ele desligou o carro e saiu, reunindo coragem e apressou seus passos até a casa dos Min. Uma parte do seu cérebro insistia que ele deveria dar as costas e ir embora o mais rápido possível, porém a outra queria se desculpar com Yoongi e garantir o dinheiro do futuro-cunhado-falso.

Ele tocou a campainha e esperou pacientemente, com as mãos dentro da jaqueta preta que usava.

Alguns segundos depois a porta foi aberta, mas infelizmente não foi Min quem abriu e sim o irmão caçula dele.

— Taehyung?

— Eu preciso muito falar com o seu irmão, Jimin, pode chamar ele por favor? — Sorriu sem graça, coçando a nuca.

—Está bem. — Respondeu Jimin receosamente. — Eu vou o chamar, mas já vou avisando que o humor dele não é dos melhores.

Nunca é, pensou o Kim sorrindo para o baixinho que balançou a cabeça e então correu em direção as escadas, subindo rapidamente os degraus e chamando o irmão mais velho.

Minutos depois, Yoongi franzia as sobrancelhas ao encará-lo e Taehyung sorria largamente, acenando na direção dele. O Min arqueou a sobrancelha e então o empurrou para fora da casa, fechando a porta atrás de si e o puxando pela mão, o conduzindo até o outro lado da calçada.

—Eu mudei de ideia, não quero mais enganar o trouxa do Jimin para arrancar dinheiro dele e você é um idiota, agora vai embora e me deixa em paz.

Taehyung o segurou pelo braço calmamente e o prensou contra o automóvel.

—Eu juro que não era minha intenção te dar o bolo, gatinho, sério, é que meu ex apareceu e nós tivemos uma discussão muito feia. Aquele infeliz me irritou tanto que eu acabei esquecendo o show, por favor, me perdoa.

Yoongi o encarou por alguns segundos, como se estivesse analisando as informações recebidas e então piscou bem os olhos, respirando fundo.

—Tudo bem, eu te desculpo.

—A farsa continua de pé? — O Kim perguntou esperançoso e Yoongi estreitou os olhos, desconfiado.

—Continua sim, mas... Você tem certeza de que isso não vai prejudicar nenhum dos seus esquemas, Tae? Você deve ter bilhões de pretendentes atras de você!

O outro apenas deu de ombros.

—Eu não me importo. Gosto de ser seu namoradinho de mentira, na verdade, eu gosto tanto que acho que deveríamos namorar de verdade.

Ele sorriu satisfeito vendo o moreno arregalar os olhos.

—Eu gosto de você, Yoongi. Muito.

—Taehyung...

—Eu sei que você é complexado e até mesmo insuportável as vezes, mas é verdade. Eu já não aguentava mais ser apenas seu melhor amigo.

Yoongi mordeu a boca e piscou bem os olhos, o encarando.

—O que foi? — Taehyung o perguntou com curiosidade e o Min fez uma careta, pigarreando.

—É que o Namjoon me chamou para sair com ele na quarta-feira e eu aceitei.

— O que? Mas...

—Eu disse que nós só estávamos fingindo e aí ele me convidou. Eu sei, vacilei, mas é que eu tava com muita raiva de você e teoricamente nós não temos nada um com o outro então não achei que seria um problema.

O boxeador emudeceu-se, continuando a encarar o outro sem piscar e Yoongi fez uma careta, visivelmente sem graça. Mas em sua defesa, como diabos ele iria adivinhar que o Kim iria se declarar para ele? Especialmente depois de desaparecer por dias, evitando-o pelos corredores da universidade e pelos aplicativos de mensagens? Infelizmente ele não tinha uma bola de cristal, não tinha como imaginar que isso iria acontecer.

— Tae?

—Ah, tudo bem. — Ele sorriu sem graça, recuando alguns passos e o Min o encarou demonstrando incerteza. — Espero que você se divirta no encontro com o professor Kim.

—Tae, eu não... Eu achei que você não fosse se importar e além do mais, você ficou dias sem falar comigo, achei que...

Taehyung assentiu bruscamente, rindo nervosamente. Como era possível ser tão fodido a ponto de conseguir um par de chifres de mentirinha?! Ele apenas gesticulou para que Yoongi saísse de frente do carro e então adentrou o mesmo, ignorando os protestos e incontáveis chamados de um Yoongi aparentemente arrependido. Ele apenas engoliu em seco e respirou fundo, vinha se sentindo péssimo pelo que tinha acontecido no show e tcharam!

—Taehyung!

Ele apenas o ignorou sem se importar com as caras e bocas que o outro fazia, e então pisou no acelerador, afastando-se da rua o mais rápido possível. Isso que ganhava por ser um tremendo de um otário e completamente lerdo quando o assunto envolvia Yoongi! Ele socou o volante, xingando Namjoon de todos os impropérios que conhecia e então pisou no acelerador.

Com certeza não era daquele jeito que esperava se despedir do Min, mas tudo bem. Faltava pouco para aquela farsa terminar e ele não precisaria voltar a vê-lo com a mesma frequencia, poderia inventar tantas desculpas quanto quisesse e estaria tudo bem! Ele respirou fundo, mordendo a boca.