CAPÍTULO 3

179 21 10
                                    

11/01/2021 - Jeju, 08:53 AM

O ambiente era realmente incrível, San não tinha tantas memórias de quando morava em Jeju, mas ele se lembra perfeitamente de como era a pequena cafeteria que estava no momento, o tempo não foi tão ruim assim, mas ele estava sentindo falta das fotos que ficavam espalhadas na parede, dos pôsters de algum show aleatório que a comunidade do bairro havia preparado, do cheiro de café e de pão fresquinho que tinha antigamente. Não estava julgando a cafeteria atual, é claro que não, mas ele queria sentir aquele cheirinho nostálgico dos senhores que trabalhavam ali antes.

- Nem fudendo! - Se assustou ao ouvir uma voz grave e grossa atrás de si, as pessoas ali sempre faziam isso? Eles tinham mania de chegar por trás e assustar os outros? - San?! Que porra você está fazendo aqui?

San se virou rapidamente para identificar o dono daquela voz grave, estava irritado pela pessoa ter um vocabulário tão informal com si, ele sabia quem era Choi San? Se realmente soubesse, não teria coragem de falar assim.

Era Mingi. Seu grande amigo de infância, o rapaz estava diferente agora... loiro e com o cabelo espichado, ele usava roupas escuras e algumas correntes no pescoço.

- Mingi?! Você me assustou. - Cumprimentou o maior que agora estava em sua frente.

- Eu te assustei? Você quem me assustou, como você volta aqui depois de 10 anos, e pior, como você pode voltar sem nem me avisar? - Mingi perguntava repetidamente, estava indignado, magoado e se sentia traído pelo seu melhor amigo de infância.

- Mingi, eu acredito que não seja um momento tão bom assim para avisar que eu estava voltando para minha cidade natal, não é? - San deu risada e puxou mais ainda seu boné, tentando tapar seu rosto.

- Fala sério, você acha mesmo que eu acreditei em tudo aquilo? Os artigos estão desarrumados, as fotos nem parecem ser reais, e ainda por cima nem divulgaram seu exame, eu não ligo se você usou droga ou se 'comeu algumas putas. - O loiro se sentou na frente de San.

San estava impressionado, seu empresário não acreditou em si, mas seu amigo de infância que não via há mais de 5 anos acreditou.

- Bem... É que... Eu não tinha o seu contato. - Suspirou envergonhado. - Eu não fiz nada disso, nem transei com prostitutas.

- Eu sei que não, você tem cara de ser gay, desde criança você tinha um molho de 'viado. - Mingi brincou com a cara do moreno e deu risada.

- Você parece ser homofóbico falando assim. - Franziu o cenho.

- Eu? É impossível ser gay e homofóbico, eu amo o meu namorado. - Cruzou as pernas e lançou seu charme para San.

Foi automático San arregalar seus olhos e deixar sua boca em um perfeito formato de "O". Ele estava em choque, Song Mingi, aquele que cantava as garotas na escola, era gay?!

- Você? Gay? Namorado? - Ele colocou a mão na boca e deixou sua surpresa transbordar. - Você era o que mais cantava as meninas na escola!

- Sim, eu sou gay, Senhor Choi Sannie. - Ele respondeu dando risada. - Eu sempre cantava as meninas, mas aparentemente você se esqueceu que eu sempre andava grudado com Yunho, não é? Se esqueceu que nós falávamos que éramos um casal desde crianças?

San abaixou a cabeça mais uma vez, envergonhado por não se lembrar de nada de sua cidade natal, nem mesmo se lembrava de seus amigos, será que o trabalho fez uma lavagem cerebral em si? Será que ele havia se esquecido de absolutamente tudo? Ele não tinha memórias.

- Me desculpa, Mingi, não me lembro nem quem é Yunho.

- Ei, não precisa se desculpar. - Mingi consolou o moreno. - Seu pai levou você para realizar seus sonhos quando você ainda era um garoto, você precisou se esforçar muito cedo e eu tenho certeza que você não tinha tempo para nada.

A conversa foi interrompida pelo garçom da cafeteria, ele deixou o pedido de San na mesa e cumprimentou Mingi, logo saiu.

- Eu sei, mas é que... - San tentou rebater. - Esquece.

Mingi soltou uma risada soprada e pegou um pedaço do bolo de San sem nem pedir, eles ainda tinham intimidade para fazer isso, certo?

- Mingi, eu quero te perguntar uma coisa.

- Lança a brava, chefe. - O loiro respondeu de boca cheia.

- Quem é aquele garoto de cabelo vermelho? Aquele que fica no balcão?

O maior desviou seu olhar para o balcão e observou atentamente o baixinho que ficava atrás do balcão, logo fez um som de surpresa com a boca.

- Você não se lembra dele?

- Eu não me lembro nem da minha própria casa direito, homem. - Ele respondeu. - Mas é sério, quem é esse Deus da beleza?

- Está vendo aqueles quadros na parede? - O loiro apontou. - Foi ele quem fez, esse é o Wooyoung, ele é filho dos senhores que ficavam aqui antes. Me surpreende em saber que você não se lembra nem dele.

San passou os olhos pelo pequeno estabelecimento novamente, olhou as artes na parede com mais atenção e notou vários padrões e traços iguais em vários deles, percebeu também o significado da assinatura que tinha no final.

- Ele tem talento e jeito para ser artista. Eu deveria me culpar por não me lembrar quem é esse ruivinho.

Mingi soltou uma risada alta e deu tapas leves no ombro largo de San.

- Não se apaixone cara, está vendo aquele ali do lado dele? É o Seonghwa, dizem que os dois namoram.

- E alguma vez os dois já confirmaram isso? - Mingi balançou a cabeça negativamente em resposta. - Então eu não acredito até que eles anunciem isso.

San deu de ombros e começou a comer seu bolo, tinha ficado irritado por nada.

- iiiih... Já está possessivo pelo baixinho? Pobre coitado. - O loiro zoou do mais novo, mas parou quando recebeu um olhar mortal em sua direção. - Eu tô brincando, é piada.

Ele murmurou algo em resposta e revirou seus olhos, voltando a comer o que havia pedido.

- San, eu vou pagar tudo para você, estou feliz que tenha voltado. - Mingi soltou e se levantou da cadeira. - Toma meu número, me mande uma mensagem depois, eu senti sua falta.

San não teve tempo de responder o loiro pois ele saiu rapidamente e foi em direção ao balcão, aparentemente pagou sua conta e foi para fora se encontrar com outro rapaz alto.

Ele sorriu, ficou feliz em saber que pelo menos alguém se lembrava dele como um amigo, e não como um atacante coreano que jogava na Europa.

Quando terminou de comer, se levantou e confirmou se já estava tudo pago, logo saiu em direção a casa de sua mãe. Precisava de um banho quente e longo, e precisava de um abraço também.

-

ENTRE O CAOS • WoosanOnde histórias criam vida. Descubra agora