1 - Tudo se transforma.

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Ramiro esperava preocupado no cantinho deles, amassando o boné entre as mãos, após receber um áudio de Kelvin pedindo que viesse com urgência. O loiro veio correndo e ofegante, precisando de uns instantes para recuperar o fôlego.

- Que aconteceu, Kevinho, fala logo... - o peão estava agoniado.

- Rams, se prepara... eu encontrei o tesouro da Cândida! - anunciou o rapaz, ainda um pouco sem ar.

- As barras de ouro?

- Não... Você acredita que as barras eram só pra despistar os enxeridos? Na verdade, tinha um fundo falso no armário, e uma bolsa bem cheia de notas.

- E ocê já passou a mão, né, safada? - o moreno questionou com um sorriso malicioso.

- Mas é claro... Vamos mudar nossa vida, Rams! - Kelvin estava eufórico.

- Nóis? Mas ocê achou o dinheiro... - Ramiro fez aquela cara de menino ingênuo.

- A gente tava junto atrás desse tesouro. Jamais ficaria com ele só pra mim. Até porque também quero que você melhore de vida, pare se humilhar pra aquele La Selva... - explicou o loiro com um jeito sonhador e apaixonado.

- Sério, Kevinho? Vai dar pra eu comprar uma terrinha pra mim? - o moreno estava comovido.

- Acredito que sim - Kelvin confirmou com convicção, feliz pelo outro.

- Mato Grosso do céu, é bom demais pra ser verdade! - os olhos do moreno brilharam.

Kelvin olhava encantado para o peão, achando linda a alegria dele, e não resistiu:

- Acho que eu mereço um apertão especial, não mereço?

- Merece sim. Vem cá - concordou prontamente Ramiro, já levando a mão para a cintura do outro.

Depois de dois apertões mais lentos do que o costume, mais carinhosos, o peão envolveu a cintura do loiro com os braços e o balançou num abraço apertado e caloroso, enquanto comemorava:

- Vamo sê patrão, Kevinho!

Kelvin nem conseguia responder, atordoado com aquela proximidade. Quando Ramiro percebeu que estava perigosamente próximo dos lábios do outro, afastou-se meio sem jeito.

- Eu tenho que voltá pro trabaio, né? - falou olhando para o loiro, com um uma expressão de quem queria ficar.

- Por enquanto. Volta à noite, que todo mundo vai estar ocupado no bar, e vamos dividir esse dinheiro com calma... no meu quarto - o mais jovem tinha um olhar de expectativa.

Ramiro ficou sério:

- Eeeeê, eu sô macho, que vão falá se eu ficá trancado no quarto com outro macho?

- Foca no dinheiro, Rams. Pelo menos agora eu não pensei em outra coisa. Ou você pensou? - Kelvin provocou.

- Cê larga de ser safada... - o moreno sorriu - Tá certo, logo mais à noite, eu vorto - ele entrou na caminhonete e esticou o braço pela janela - Vem cá.

O loiro se aproximou, e o peão deu-lhe mais um apertãozinho, dizendo num tom doce:

- Tchau, Kevinho.

- Tchau... - Kelvin murmurou, sentindo o corpo todo mole, a ponto de precisar ficar parado por alguns instantes enquanto a caminhonete sumia na estrada.


Naquela bolsa, além do dinheiro, Kelvin também descobriu um segredo de Cândida: o bar não era dela no papel, mas tornara-se dona na prática graças a uma troca de favores com um cliente importante.O loiro então procurou o proprietário oficial e fez uma proposta de compra. Após alguma negociação com muita tentativa de pechincha por parte de Kelvin, fecharam negócio.Depois de tudo registrado em cartório, o rapaz entrou no bar todo altivo, e só desceu um pouco os óculos escuros para encarar os amigos:

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