5 - Balança coração

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Ramiro abriu os olhos e notou que estava com Kelvin em seus braços, os dois nus e com a pele grudenta.

- Mato grosso do céu, o que nóis fez? - a voz dele saiu suave, com um tom mais de surpresa do que de susto.

- Vc já esqueceu? - o loiro não conseguiu conter um olhar atrevido.

O moreno abriu um sorriso iluminado:

- Não. Foi a coisa mais forte que já senti na vida... - o rosto ficou mais sério - Como pode sê tão bom, se eu aprendi a vida inteira que é errado?

- Errado é o que sempre te ensinaram... imagina, como amar e ser amado pode ser um erro?

- Ocê tem toda razão, Kevinho... mas é difícil mudar o que a gente aprendeu. Só sei que eu não consigo mais ficá longe docê.

Kelvin sorriu emocionado, e eles juntaram os lábios num beijo cheio de carinho. Até que Ramiro olhou intensamente para o amado e fez um carinho no rosto dele:

- Como eu saio daqui pra ir trabaiá agora? Vontade de passá o dia inteiro assim... - ele apertou o loiro em seus braços.

- Eu também... Mas você agora é dono, pode tirar o dia, né?

- O olho do dono é que engorda o porco, já ouviu falá? E eu tenho que ficá atento pros peão não fazê corpo mole. Mas... posso ir mais tarde. Até porque preciso de um banho - ele riu, achando divertida a situação, com uma leveza que nunca tivera.

- Vamos, então? - sugeriu Kelvin, tomando impulso de se levantar. Mas Ramiro segurou o braço dele:

- Kevinho... ainda me dá vergonha de tomá banho junto... - ele confessou bem encabulado.

- Depois do que fizemos, você tá com vergonha de um banho? - o loiro provocou - Mas tudo bem, você tá se acostumando com tudo isso.

- Posso usá seu chuveiro?

- Claro, né.

Ramiro levantou e foi depressa pro banheiro, cobrindo o meio das pernas com as mãos.

- Pode usar a toalha que tem aí - gritou Kelvin, já ouvindo o barulho da água caindo. O rapaz foi juntando as roupas espalhadas pelo quarto, e ao pegar a camisa de seu Rams, levou o tecido ao nariz e aspirou profundamente. Tinha cheiro de suor forte, mas era delicioso.


À tarde, Kelvin tentava ensaiar o show, mas estava desconcentrado, errando os passos e as letras. A cada erro, ficava mais frustrado e atrapalhado, tudo se misturando com as emoções que estavam embaralhadas dentro dele desde aquela manhã. Preocupado, Frank sinalizou para que o artista parasse:

- Kevin, vamos dar um tempo, você toma uma água, respira, e depois continuamos.

O loiro desceu do palco e sentou junto à uma mesa, onde apoiou o cotovelo e colocou a mão sob o rosto, com um olhar pensativo e um pouco melancólico.

O produtor aproximou-se com a garrafa de água, serviu dois copos, e sentou também:

- Que está acontecendo, meu astro? Ou melhor, minha estrela. Cadê aquela energia toda que a Spring Star mostrou no palco?

- Está meio perdida no meio dos meus pensamentos...- Kelvin respondeu de um jeito desanimado.

- Por causa do seu moreno rústico? - Frank não tinha rodeios.

- Tá tão na cara assim? - o loiro quase riu.

O produtor olhou para o outro de um jeito brincalhão:

- Meu bem, todo mundo viu ele arrancando Spring do palco ontem e levando lá pra trás...

Kelvin até sentiu o rosto esquentar, as bochechas deviam ter corado. Ouvir Frank descrevendo a cena assim fez o cantor ver que aquele momento tinha sido ainda mais maluco do que ele lembrava:

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