CAPÍTULO DOIS

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O sol começou a iluminar o horizonte, como mais um dia normal, e eu sabia que era hora de me preparar para mais um dia na escola.

Tenho apenas 18 anos, mas acho que já estudei o que tinha que estudar, o último ano do ensino médio é como um filme de terror para todos os jovens da minha idade. Mas ao contrário da maioria dos meus colegas, eu gosto de ir à escola. Era o meu refúgio, o lugar onde eu podia ser quem quisesse, longe da pressão dos meus pais, mas sem perder a essência da minha vida de atriz amadora.

Desci as escadas e fui para a cozinha, meus pais estão na mesa, enquanto Adelaide e mais outras duas empregadas preparam o café da manhã. Minha mãe estava ocupada com seu telefone e meu pai lia o jornal.

Bom dia. —  Seco e rápido. Meu pai diz sem tirar os olhos do jornal.

Quem lê jornal hoje em dia? Deve ter um matéria sobre Kong vs Godzilla nas páginas para ser tão interessante.

Eles mal me deram atenção enquanto eu pegava uma maçã e uma barra de cereal para o café da manhã.


— Brittany, não se atrase para o ônibus escolar. Não poderei te levar de carro hoje, tenho um cliente me esperando daqui uns ... vinte minutos — disse minha mãe, sem olhar para mim enquanto checava as horas em seu relógio.

— Claro, mãe. — respondi em um murmúrio quase inaudível, me sentindo mais uma intrusa do que uma filha.

Eu peguei minha mochila e me preparei para sair. Antes de cruzar a porta, decidi tentar mais uma vez.

— Mamãe, papai, vocês vão estar em casa mais tarde para o jantar? — perguntei, tentando disfarçar a esperança em minha voz.

Dessa vez, meu pai ergueu os olhos do jornal e me olhou com uma expressão cansada.

— Desculpe, Brittany. Temos uma reunião importante esta noite. Talvez na próxima vez.

Não sei porque ainda tentei, a esperança só me prepara para a próxima decepção.

E assim, eu saí pela porta, deixando para trás a indiferença que havia se tornado minha única companhia constante. Era uma sombra que me acompanhava aonde quer que eu fosse, uma sombra que crescia cada vez mais enquanto eu me perdia no meio das vidas ocupadas e distantes dos meus próprios pais.

Na escola, as coisas eram diferentes. Lá, eu tinha amigos, uma máscara de garota perfeita e a sensação de que eu estava no controle, mesmo que isso significasse esconder minha verdadeira personalidade.

Na parada do ônibus, encontrei meu grupo de amigos, todos sorridentes e animados para o dia que se iniciava. Era ali que eu podia ser a garota que todos esperavam que eu fosse, agradando a todos e fazendo o que queriam, mesmo que isso não fosse realmente quem eu era.

— Brittany, você viu a festa que a Jessica vai dar neste fim de semana? Você precisa estar lá! — disse Emily, uma das minhas amigas mais próximas.

Balancei a cabeça concordando, mesmo que não estivesse com vontade de ir. Era parte do jogo que eu jogava na escola, a garota perfeita que sempre estava disposta a seguir as expectativas dos outros.

Conforme o ônibus escolar se aproximava, eu olhei para trás, para minha casa, e senti uma mistura de tristeza e determinação.

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