House, not a Home.

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  Sai do carro, suspirando aliviado. Poderia jurar que se passasse mais dois minutos escutando minha mãe tagarelar infinitamente sobre como meu pai traiu sua confiança, estaria rezando a qualquer santo para que batesse aquele carro. Há quatro meses que minha mãe, Serena Torres, descobriu que meu pai, cujo qual não faço questão de mencionar o nome, estava a traindo com Giulia, a melhor amiga dela. Duas traições de uma vez. Talvez a pior parte para ela tenha sido que ele e a amante marcaram de se casar três meses depois do divórcio oficial. Talvez a pior parte para ela tenha sido que a filha mais velha, Chiara Torres, minha irmã, tenha aceitado ser madrinha do casamento. Mesmo que ela negue, dando sorrisos gentis e carinhos no rosto de Chiara, sabemos que isso dói nela. Por acaso, na mesma semana que ela se separou, uma de suas lojas de floricultura, que estava para abrir em Nova Jersey, foi terminantemente completada, então, como resultado, cá estou eu, minha mãe e irmãos, pegando nossas malas e nos mudando para a América do Norte, enquanto desejo genuinamente que meu pai e a maldita amante peguem fogo.
  Mesmo reclamando muito de sair da Itália e agora ter de manter contato com meus amigos pela Web, não podia reclamar da nossa nova casa. Era em um bairro comercial muito bonito, estávamos nos mudando para a cobertura, o'que significa que nossa casa era tão enorme que, até hoje, ainda tem quartos vazios, o'que é muito considerando que antes mesmo de estarmos em Nova Jersey, minha mãe pagou alguns caras para montarem os móveis e deixá-los em algumas partes específicas —não ironicamente, ela fez uma planta da casa e colou nomes de móveis para representar. Financeiramente falando, nossa mãe está incrivelmente bem, tem uma rede de floriculturas com lojas espalhadas pela América do Norte, Central e Sul, Europa e Ásia; como uma consequência boa, nós filhos e ela vivemos uma vida perfeitamente estável e gorda de muitas mordomias que muitas pessoas não tem.
  Meu novo quarto estava tão neutro que me enjoava, quatro metros quadrados de paredes brancas que eu iria personalizar em pouco tempo, uma porta que levava até o banheiro do quarto, composto por um box com vidro preto, privada de mármore preto e pia com um espaço enorme para colocar qualquer coisa, prateleiras de vidro espalhados pelo box e ao lado do espelho.
  Sinceramente, só tive ânimo suficiente para desmontar a minha mala, guardar —jogar pelo chão— algumas peças de roupa e pegar o gameboy antigo da minha mãe, tem três anos que ela me deu esse brinquedo velho e me desafiou, depois que eu terminei meu curso de robótica, a concertar essa antiguidade. Eu, como um jovem que odeia ser subestimado, aceitei de bom grado, desde então, consigo fazer ele funcionar por dois ou três dias, logo em seguida, ele pára de funcionar novamente. Já troquei várias peças antigas: parafusos, troquei a bateria, refiz grande parte do núcleo energético e tirei partes enferrujadas. Meu questionamento interno é; praticamente, todas as partes foram trocadas, ele ainda é o mesmo gameboy de quando me foi proposto repará-lo?

— Atlas! —a voz doce e aguda de Marco rodeou os corredores, antes de empurrar com tudo a porta do meu quarto com a força do corpo dele.

  A monteira de cabelos ondulados, tão pretos quanto Onix, os olhos âmbar e os sorriso de dentes separados, veio andando na minha direção, enquanto tentava equilibrar o tablet barulhento,uma garrafa de água e um prato com alguns brownies —aparentemente, Chiara já tinha abdicado a cozinha para ela. Marco, o mais novo entre os irmãos, tendo seus oito anos, é uma réplica da nossa mãe. A personalidade radiante e gentil, o estilo extremamente colorido, a falta de filtro, as ondinhas no cabelo e os olhos amarelinhos como o pôr do sol em uma tarde de calor. Tristemente, Chiara foi a única que herdou os cabelos claros e escorridos do nosso pai e os olhos escuros da nossa mãe, enquanto, a única coisa que herdei do nosso pai foram os olhos azuis acizentados, porque em algum momento a genética teria que me ajudar. Não que meu pai seja feio, até porque ele tem a aparência de um francês genérico, olhos claros, cabelo loiro aguado e liso escorrido, mas minha mãe tem a aparência mais paradisíaca que já tinha conhecido até o momento. Uma italiana com cabelos cacheados e pretos como uma noite estrelada, olhos âmbar e pele pálida, costumo dizer que ela parece ou chamar ela de deusa.

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⏰ Última atualização: Sep 24, 2023 ⏰

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