Suspenso

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Pôs seu óculos assim que entramos no carro. Eu queria tanto beijá-lo.

— Yooongiiii... você está fazendo bico. - comentei assim que partimos em sua SUV, deixando o que sobrou da trágica festa para trás.

— Bico? Que bico? Argh! Hajimaaa. - ele se olhou no espelho retrovisor e a boca perfeita fazia uma leve curva para frente. — Deve ser porquê eu quero brigar com você por tudo que aconteceu, mas só penso em inúmeras maneiras de tirar suas roupa.

Ele não sorriu, mas virou o rosto momentaneamente para olhar minha reação, parecia se controlar tanto agora, apertava o volante com toda a força que tinha. Eu não o respondi, muitos extremos tinham sido ultrapassados, mas fiquei grata por não ter fugido, assim como ele tinha prometido a si mesmo jamais gritar e brigar comigo novamente, eu jamais fugiria dele de novo.

— Você não... vai em casa?

— Não. Ainda está cedo, se formos logo devemos chegar em Daegu por volta das onze da noite...

— Mas... eu não tenho roupas, eu... - eu vou conhecer minha sogra sem uma calcinha decente.

— Eu já disse, você não precisa de roupas. - ele deu uma risada de lado, se divertindo com meu nervosismo.

Toda vez que eu planejava qualquer coisa, tudo saía ao contrário, eu queria estar preparada pra conhecer sua família, estudar sobre eles, levar presentes, melhorar meu coreano, mas não, íamos chegar os dois, de mãos vazias, em roupas de festa, no meio da noite.

— Aqui. - puxou o Galaxy de 2020 do bolso da calça. — Cadastrar digital. Acesso total. - falou com sua assistente de voz.

Assim que paramos no pedágio, por conta da fila de carros ele aproveitou e comandou o telefone, pegou minha mão direita e apoiou meu polegar cadastrando minha digital.

— Você não devia ter um celular mais novo?

— Você não devia ter um carro?

Nunca na vida eu tinha vencido uma discussão com ele.

— Escolha tudo que você quiser no aplicativo de compras, selecione o endereço de Daegu, autorize com sua digital e amanhã você terá o que precisa antes mesmo de acordar.

— Você tá me dando acesso ao seu cartão de crédito assim?

— Acesso? - ele se remexeu um pouco no banco e tirou a carteira do bolso, parecia colecionar todos os bancos da Coreia em cartões black. — Quando você vai entender, Angel? - tirou um por um e jogou todos no meu colo.

Eu olhei os cartões brilharem conforme as luzes da rua passavam pela janela e ele aumentava a velocidade do veículo, eu segurava seu telefone em uma mão e todos os seus cartões no meio dos brilhos do meu vestido. Apoiei a cabeça no vidro, um pouco pensativa, a estrada para Daegu a noite estava tranquila e não tivemos problemas durante todo o percurso. Para não pensar em nada eu passei o tempo escolhendo roupas na internet, mas não tive coragem de perguntar sobre qualquer coisa para ele, depois de fazer os pedidos guardei todos os cartões de volta. Eu podia agora comprar o que quisesse, ter o que quisesse, ler o que quisesse em seu telefone, eu tinha acesso a tudo, mas o que realmente ele queria me dizer com isso eu ainda não sabia.

Mesmo chateado, contrariado, magoado e decepcionado, ele mal me deixou guardar e já pediu minha mão esquerda, dirigindo exatamente como gostava de fazer, uma mão no volante, a outra entrelaçada na minha. Era tão fácil estar ali, só estar, sem dizer nada, sem conversar, sem falar, só ser sua companhia.

Destiny • Yoongi (02) [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora