Bloody Love

Capítulo 2

Seattle 13-08-2010
Samantha
Ele olhava em meus olhos, o pavor explícito em sua face, enquanto eu com uma faca de serra arrancava seu olho direito.
Ele até que era bonito quando eu o conheci, mas, agora com uma das mãos decepadas, sua barriga já aberta e seu olho direito quase que totalmente arrancado, eu não via mais beleza alguma e acho que ele não mais se importava com isso também. Diferente de quando se aproximou de mim no bar, com um sorriso galanteador e seu sotaque britânico, fariam qualquer mulher enlouquecer, mas, não eu e não nesse dia. Muito menos com essa característica perturbadora que me persegue desde os meus três anos de idade.
Guardo seu olho no meu pote, onde já há tantos outros, e parto para o esquerdo. Fazendo com que eu seja a última visão capturada por seus olhos um dia tão azuis e vividos e hoje estão frios e sem vida.
Decido acabar com seu sofrimento, e com uma mira certeira atinjo seu coração. Ao ver sua vida esvair-se, arranco seu coração, corto suas artérias e guardo-o dentro do vidro e guardo dentro do refrigerador e os outros corações que ali guardei fazem-me lembrar da triste vida que agora levo.
Limpo minhas mãos, e vou até meu quarto deito em minha cama e choro a saudade e o vazio que habitam o meu peito há 17 anos.
Lembrava-se com perfeição de quando imaginou que poderia recomeçar a vida. De quando acreditou que já havia esquecido o trauma do passado e que poderia seguir sua vida com um de seus modus operandi. John McCarthy era seu nome.
O nome do homem a quem entregou seu coração e ele destruiu cruelmente. Acreditou em todas as juras de amor que ela, uma menina de apenas 15 anos gostaria de ouvir. Para que alguns meses depois, sua amiga jogasse a verdade em sua cara, eles estavam noivos já a 2 anos e iriam se casar em alguns meses.
Ironicamente ela fora a escolhida para ser a madrinha, e teve que suportar em silêncio ver o homem que amava jurar amor eterno a outra, beijar outra e se casar com outra.
Ela havia parado de matar quando o conheceu, mas, depois dessa desilusão ela além de matar homens com a mesma característica, ela também arrancava seus corações para que nunca se esquecesse do seu que havia sido quebrado.
"Nunca fraquejar" era seu lema, até conhecer sua próxima vítima por quem se apaixonou e no final ela que saiu morta, morta por dentro com seu coração despedaçado.
Mas, nunca mais aconteceria isso novamente. Nunca mais deixaria ser passada para trás por outra pessoa. E nunca mais encontrou-o, só teve notícias do fim do seu casamento.
E esperava nunca mais vê-lo, a pessoa que a fez sonhar ser outro alguém.
Mas, algo em seu íntimo dizia que não iria acabar bem. Tanto que não contou-o a sua história verdadeira história, ele não soube que ela na verdade era uma assassina e que escolhia suas vítimas de acordo com o trauma de seu passado que ela também não havia contado.
E esperava nunca reencontrà-lo agora 5 anos depois de tudo.
E foi assim que adormeceu, pensando em tudo e nada ao mesmo tempo.