Pra ser amor, só basta ser

Carta de despedida.

Amar não é mentir, não é contrariar, muito menos inventar. Amar não é subestimar, manipular, muito menos negar. Eu sei que tentamos, e tentamos da forma mais bonita que nos restou, mas os monstros que vivem escondidos dentro de nós acabaram destruindo tudo que havíamos sonhado, planejado e construído. Eu te quis tanto, quis até que tudo em mim pudesse ter a certeza que dessa vez seria você, tinha que ser, poderia até ser, mas lembra dos monstros?

Meu coração é seu, acredite. Meus olhos são seus, eu juro. Meus beijos amam os seus beijos, eu prometo que sim. Meu mundo só dá você, na minha cabeça só dá você, só tem você e mais ninguém, mas também tem problemas, confusões, tem medos, traumas, machucados marcados nela e tem os monstros que eu te disse no início, tem as mentiras que me disse e que ficam rodando como um filme de terror, não consigo dormir. Mas, tudo ficará bem, acredite também nisso, precisamos enxergar um amanhã melhor, nem que nele não tenha mais eu e você, nós, nossos sorrisos envergonhados um do outro, meus olhares que desviam a cada três segundos para não deixar você ainda mais sem graça por estar te olhando, existirá algum dia bom em meio a isso tudo, eu prometo.

Você foi a melhor coisa que meu coração experimentou esse ano, na verdade, você ainda é, mas lembra das mentiras? Você é tudo que sempre sonhei, mas aí nós estragamos tudo, estragamos com nossos ciúmes, orgulhos bobos, medos, inseguranças, a falta de empatia. Nós esquecemos de nos colocarmos no lugar do outro por diversas vezes e sabe os monstros? Eles vieram, nos usaram, nos levaram embora, levaram talvez tudo que tínhamos. Amar não é alimentar monstros, mas já deve saber, assim como também deve ter notado que nunca deve-se mentir para alguém que seria capaz de rodar o mundo e fazer de tudo por você, por pequena que seja falsidade. Amar não é trapacear, enganar, caluniar. Amar é errar, mas não continuar errando da forma que fizemos.

Talvez meu coração não suporte a saudade, talvez eu te ligue bêbada em qualquer final de semana por aí, e talvez, só talvez eu não precise ligar para ver o quanto estou perdendo você para os nossos monstros. Acredite, ter que nos deixar está doendo muito, mas será preciso, por enquanto. Espero que possa seguir sendo livre, como sempre foi, e que encontre um bom lugar para pousar nos dias em que a chuva estiver forte, um lugar aconchegante, espaçoso, sem monstros para colocar medo nos seus amores e nas suas paixões.

Digamos que eu te ame, digamos que eu sempre irei amar você, mas não esquece das mentiras. Digamos que o meu sol é você e amanhã será um dia nublado, todos os dias agora serão frios e nublados, mas eu já peguei o casaco e a capa de chuva, não se preocupe, prometo que vou me cuidar. Lembra de mim como se o amor fosse essa incógnita, a certeza e a incerteza, que vai e que talvez um dia eu volte.

Com amor, seu quase amor.