Pra ser amor, só basta ser

Amar é também saber perder.

Se me perguntassem hoje qual foi a coisa mais difícil que tive que aprender na vida, diria que foi perder. Precisei aprender a perder, e não é fácil. Mas, poderia me perguntar: "o que isso tem exatamente a ver com o amor?". Digo que tudo, completamente tudo. O amor sem o perder, não é amor. Calma, não estou dizendo aqui que todo amor caminhe para isso sempre, mas que mesmo amando e correndo tudo bem, a gente perde algo, porque a todo momento nós estamos perdendo algo ou alguém, por isso a extrema ligação de perdas com o amar.

A gente não nasce já sabendo perder, muito pelo contrário, quando crianças nós brigamos por qualquer perda, brigamos por não saber perder no jogo de futebol, nas brincadeiras da escola, brigamos quando perdemos a atenção para outras pessoas e ficamos birrentos quando perdemos nossas vontades para as vontades dos nossos pais. Assim nos formamos adultos imaturos, incapazes de saber perder e de saber entender que também faz parte do viver. Outra é, nós perdemos no amor quando colocamos todas expectativas em uma só pessoa, quando depositamos toda nossa felicidade naquele relacionamento ou casamento. Perdemos ao querer batermos de frente com os desejos alheios e quando não aceitamos as opiniões de outrem. O que não sabemos mesmo é que, aprender perder é essencial para se ganhar, para construir caminhos, reformular decisões e crescer, acima de tudo crescer, deixando de sermos seres humanos mimados e egoístas.

Dizem que nós amadurecemos e crescemos ao longo dos anos. Bom, particularmente não acredito nisso. Nós amadurecemos e evoluímos quando aprendemos lidar com a perda e ainda conseguir ser feliz com isso. A gente cresce quando somos capazes de enxergar o quanto perdemos com o outro e ainda assim amá-lo de uma forma respeitosa. Talvez não mais como antes, mas continua amando-o por tudo que construíram de bom antes de serem hoje apenas perdidos. Nós somos considerados grande quando notamos que pra amar é preciso perder e que tá tudo bem perder ás vezes, que o amor faz parte da despedida e vice-versa.

O amor é mutável e desapegado, é movido por perdas, danos e ganhos, mas nunca deixará de ser amor por isso. Porque, ganhando ou perdendo a gente vai amar sem despedida, e quando for preciso dizer "adeus", iremos dizer sabendo que foi preciso. Sempre é preciso dar liberdade para quem amamos voar, onde e quando quiser.