Vai me destruir

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NOTA
Escrevi essa fic escutando as musicas do Jao, então todos os capitulos tem essa pegada. Boa leitura.

"Tua boca na minha, minha desgraça
Teu peito no meu, só bate e arregaça
Eu quero você e você disfarça
Com essa cara de quem vai me destruir
Cidade pequena, a gente se esbarra
'Cê passa sorrindo em frente de casa
Te digo "te amo" e você disfarça
Com essa cara de quem vai me destruir
Você não ama ninguém
Nem me deixa ir além
Eu tenho medo de te perguntar
O que a gente é
Você abala minha fé
Você não ama ninguém
Nem me deixa ir além
Então vivo, e se me deixa ir
Eu continuo aqui
'Cê vai me destruir
(...)"



Aquilo estava me deixando louco, ele estava me deixando louco.

Se alguém tivesse me falado, a três meses atrás, que eu estaria apaixonado por ChatNoir eu provavelmente teria rido, mas nada poderia me preparar para a loucura que eram seus beijos, aquilo era tudo que eu precisava para querer abandonar qualquer coisa, somente para ficar com ele.

No início foi um choque, pensar nele daquela forma. Até então eu só tinha gostado de garotas, e mesmo que não parasse para pensar no assunto, gostar de garotos era de alguma forma mais difícil, era todo um drama sobre sexualidade que eu julgava desnecessário, e drama era basicamente a base do nosso não-relacionamento, porque por mais que eu gostasse de Chat, meus sentimentos não eram recíprocos. Eu era tratado como pouco mais do que um amigo, apenas alguém que ele gostava muito de beijar, pouco antes de correr de volta para LadyBug.

Aquilo era outra das coisas que me destruíam, podíamos estar aos amassos no meu quarto, ficávamos assim por horas, sem que ele permitisse mais do que tocá-lo por cima do uniforme ou prensar seu corpo gostoso contra meu colchão. Por mais que nos divertissemos juntos, assim que encontrava LadyBug ele voltava a correr atrás dela como um cachorrinho, mesmo quando eu estava junto deles, como Viperion.

Eu já tinha tentado dar um basta, porque estar sem ele parecia melhor do que aquilo, mas não conseguia, simplesmente me enlouquecia ver Chat e não poder beijá-lo.

Quando estávamos sozinhos Chat era outra pessoa, ele era todo carinhos e beijos, e eu me permitia imaginar que eu era mais do que um amigo para ele, mais do que alguém para dar uns amassos quando não tinha nada melhor para fazer. Quando me beijava, quando ficava sem fôlego, eu realmente acreditava que era especial. E na manhã seguinte encontrava com Adrien e ele agia como se mal me conhecesse, como se não tivesse passado horas na minha cama na noite anterior, me enlouquecendo aos poucos, sem me oferecer satisfação.

Os sorrisos contidos de Adrien me destruiam mais do que a indiferença, porque não era o sorriso real dele, era aquele sorriso ensaiado de modelo, perfeitamente calculado para encantar as pessoas, mas não funcionava comigo, porque era falso. Eu conhecia seu sorriso de verdade.

Eu não deveria saber sua identidade, então fazia sentido que ele me ignorasse como Adrien, mas não impedia que me machucasse, porque eu já estava cansado de não saber o que tínhamos, mas tinha medo de perguntar, medo de sua resposta.

Durante todo o dia o barco esteve cheio de gente, nossos amigos e colegas da banda, ensaiando, conversando, jogando. E em nenhum momento ficamos sozinhos. Tudo o que eu mais queria era arrumar uma desculpa para que ele descesse as escadas, então eu trancaria a porta do quarto e arrancaria de seu rosto a máscara de garoto comportado, que era Adrien.

Já era madrugada quando todos foram embora, e sabia que ele logo voltaria, mas eu já estava irritado, cansado de seus joguinhos, e disposto a dar um fim naquela palhaçada.

Amor PirataOnde histórias criam vida. Descubra agora