Capítulo 4

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- Beck Tucker! É você! - ele me olhava confuso - Talvez você não se lembre, mas eu sou a mulher que você encontrou na floresta.

O rapaz me analisa, como se estivesse tentando se lembrar daquele dia.

- Que bom - é tudo o que diz, sem muita emoção, passando direto por mim e indo em direção ao celeiro.

- Ah, eu só... queria agradecer. Nem consigo imaginar o que teria acontecido se...

- Ei! - alguém chama, então nos deparamos com Charlie vindo correndo em nossa direção.

- Charlie! Você está bem? - pergunto preocupada. Ele estava tentando recuperar o ar, com suor escorrendo pelo rosto e um olhar arregalado.

- Me desculpa! Eu não devia ter te deixado sozinha! Meu Deus, eu achei que você tinha se perdido e... - ele levanta a cabeça e nota o rapaz que o observa - Ah! Tucker! Como você tá?

- Bem - parece que esse Beck Tucker não é de falar muito.

- Olha, nós precisamos de um nome pra você. Tentei gritar para te chamar, só que não sabia como - diz o recepcionista, ainda tentando recuperar o fôlego.

- Não tem nome? - o bombeiro questiona, demonstrando pela primeira vez algum interesse por nós.

- Eu... não me lembro - respondo, ainda sentida por dizer essas palavras em voz alta. O homem não responde nada, deixando o clima meio estranho. Mantenho meus olhos no chão, sentindo o seu olhar sobre mim. Por algum motivo, eu sabia que se eu levantasse meu olhar não conseguiria sustentá-lo no dele.

- Bom, acho que devemos ir. Devem estar preocupados com a nossa demora - apenas concordo com a cabeça, envergonhada por ter ficado tão animada por encontrar a tal pessoa que foi crucial para o meu salvamento, mas que não demonstrava emoção alguma sobre nada.

...

- Alô! Você está aí?

- Oi?

- Eu estava falando sobre como perdemos seu lanche, mas você parece estar no mundo da lua - estávamos andando pela praça de St. Ethel, a caminho do hospital. Os sinos da igreja anunciavam o começo do pôr do sol.

- Desculpa. Eu só estou um pouco confusa com aquele cara.

- O Tucker?

- Ele é diferente de todas as pessoas que eu conheci aqui. Tão fechado, quieto e inexpressivo.

- É só o jeito dele.

- Também me deixou desconfortável. É quase como se ele não soubesse interagir com outros seres humanos - meu amigo começa a rir, achando graça do meu incômodo com o bombeiro - É sério, eu estava ansiosa para conhecer o tal herói de quem tinham me falado. Ele podia ter dito algo como "você está bem?", "como tem sido a sua recuperação?" ou "que bom que está bem".

- Também queria que ele abrisse um tapete vermelho e te carregasse no colo? - brinca.

- Eu só queria que ele fosse... educado.

- Conheço o Tucker desde que éramos pequenos. Ele é um cara legal, eu juro, só que ele sempre foi mais na dele - explica, me fazendo entender que ele não agiu daquela forma apenas comigo, o que não melhorava muito a minha primeira impressão sobre ele - Ei, quer passar em algum lugar antes de voltarmos para a mesmice do hospital?

- Que lugar? - ele responde apontando para um bar que eu não tinha reparado antes.

Quando entramos no local, algumas pessoas se viraram para nos ver, a maior parte eram homens enormes e barbudos com cara de mau. Apesar disso, era um lugar animado. Todos conversavam e riam juntos, dividindo as bebidas e suas vidas. Não é um lugar muito grande, entretanto, é o ambiente mais movimentado que vi nessa cidade até agora.

A Ascensão e Queda de Diana WilliamsOnde histórias criam vida. Descubra agora