- Isso foi por pouco! - Charlie respira aliviado, ainda trêmulo.
- Por um segundo eu achei que ia virar omelete - comenta Alex, se sentando em cima do balcão e percebendo a sujeira que ficou o bar - Ainda bem que tivemos ajuda.
Se Beck Tucker não tivesse aparecido naquela hora e os convencido a ir embora, aqueles idiotas teriam feito sei lá o que conosco. E lá estava eu, pronta para ser grata mais uma vez a ele, mesmo que não fosse muito com a sua cara.
- Obrigad...
- No que estava pensando? - ele me corta, irritado.
- Eu...
- Sobreviver a um acidente não é uma desculpa pra você sair por aí fazendo uma burrice dessas. Outras pessoas além de você podiam ter se machucado!
- Está me chamando de burra? - eu não posso acreditar no que estou ouvindo! Ele nem me conhece! Como pode falar assim comigo? O encaro nos olhos esperando por uma resposta, deixando de abaixar a cabeça como fiz quando nos conhecemos.
- Eu não sei, mas acho que arrumar briga com uma gangue não é a coisa mais inteligente que alguém pode fazer - o deboche em sua fala me dá vontade de socá-lo naquele rosto perfeitamente simétrico. E o pior de tudo é que sei que ele está certo. Fiz aquilo sem pensar, realmente foi burrice. Porém, ele não tem o direito de estar certo agora.
- Err... Eu acho que vou ali pegar uma vassoura e limpar tudo isso - Alex sai de fininho enquanto Charlie pega um pacote de salgadinho e fica assistindo àquela situação como se fosse uma sitcom.
- E você simplesmente deixou que eles saíssem pela porta da frente como se nada tivesse acontecido.
- Você não sabe como as coisas funcionam aqui - ele me dá as costas e segue para a saída.
- Realmente eu não sei, mas pelo menos eu nunca precisei ser grossa com ninguém! - digo antes que saia, fazendo-o parar e se voltar para mim.
- Achei que fosse grata a mim - ironiza.
- Você não fez mais do que a sua obrigação como bombeiro! Eu nunca te pedi para me ajudar!
- Aliás, como sabia que estávamos aqui? - Charlie pergunta, quebrando um pouco o clima pesado que havia se formado.
Beck coloca a mão no bolso e tira dali um clipe de garra de metal, usado para prender o cabelo.
- Quando te encontrei naquele dia, esse objeto estava do seu lado - ele se aproxima de mim e o coloca em minhas mãos, evitando o máximo possível qualquer contato físico que seja - Acho que estava usando isso na hora do acidente.
Sinto o objeto frio com a ponta dos meus dedos. Aquilo podia ser meu, alguma parte da minha vida antes do acidente que resistiu. É modesto, o que me faz pensar que eu era uma pessoa simples.
- Só lembrei de te entregar isso quando já tinha ido embora. Então vim para te procurar e vi uma movimentação estranha aqui - se explica, parecendo até que não houve uma discussão entre nós agora pouco. Ele não é muito de demonstrar as coisas que pensa e sente como eu, mas foi ótimo em demonstrar quando estava com raiva de mim.
- Obri... - me interrompo antes de agradecê-lo. É o que mais tenho feito, enquanto tudo que ele direcionou a mim foi sua insensibilidade - Talvez isso seja útil.
- Pode até te ajudar a recuperar alguma memória - Charlie diz, pegando e examinando o objeto - Falando nisso, seu nome é mesmo Jane?
- Na verdade, não. Só me soou muito familiar - respondo, tão confusa quanto eles, olhando para aquele pôster.
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A Ascensão e Queda de Diana Williams
Teen Fiction"- Torço para que sua queda não seja tão grande quanto sua ascensão." Diana Williams sempre foi uma jovem sonhadora, com o desejo de levar sua música para o mundo, mesmo que houvessem obstáculos suficientes para fazê-la desistir. Ao seu lado estava...