III

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Liam

Faltava menos de 2 meses para meu aniversário de 37.

Meu problema não era o número em si, todo mundo amadurece e segue o ciclo da vida. Não, meu problema não tinha absolutamente nada a ver com a minha idade em si, o problema é que meu tempo em si estava acabando.

Calma! Não estou morrendo! Ao menos eu espero que não.

Deixa eu explicar a situação toda: a Arch&Tech estava em sua terceira geração, por assim dizer, considerando que tinha sido fundada pelo sr. Jacques que vendeu ao meu ojiisan, que todos conhecem como que, por sua vez, imigrou na década de 90 trazendo com ele minha obaasan, e na barriga dela minha mãe. Na empresa seria a terceira, pois passou do fundador para meu avô e agora estava conosco, seus netos.

Quer dizer estamos em vias de assumir a empresa propriamente dita, já tínhamos cargos executivos e tínhamos ações na empresa, mas o ojiisan ainda era o acionista majoritário, e muitas coisas, ainda tínhamos que validar com ele.

Graças a Deus, ele era um senhor de 72 anos muito ativo e lúcido, mas estava numa fase de querer viajar e curtir com a obaasan, só que ele era terrível, e para fazer a redistribuição de suas ações exigiu que os três netos desenvolvessem projetos arrojados, que pudessem garantir a perpetuidade da empresa para as próximas gerações. Embora todos esperassem que ele fosse escolher entre nós pela progenitura, ele nos surpreendeu e lançou um desafio desse porte para nós, as diretrizes e regras eram:

1. Desenvolver um projeto de arquitetura que se tornasse um marco histórico e artístico para a cidade ou estado;

2. Todo o trâmite licitatório e burocrático deveria ser responsabilidade nossa;

3. Nossos custos e despesas não deveriam ser superiores a 60% do projeto;

4. O projeto em si deveria ter duração máxima de 5 anos, sendo que os primeiros 8 meses deveriam ser dedicados apenas ao planejamento, design para sua apresentação;

5. Ele gostaria de ver um draft inicial na data de cada aniversário nosso nesse ano;

6. Se aprovado por ele, teríamos o período restante para correr atrás dos demais itens;

7. No final de tudo ele assinaria como o segundo arquiteto;

Por fim, quando terminado o projeto, e construído seu objeto, ele queria participar de toda a cerimônia de entrega, segundo ele, não havia jeito melhor de encerrar a sua carreira e de simbolicamente passar o bastão de vez.

Essa conversa tinha rolado há 6 meses atrás, no início de fevereiro, estamos em agosto, e meu aniversário era dia 20 de outubro, Kenji era 08 de janeiro e Charlie era 13 de dezembro. Ou seja, eu seria o primeiro a apresentar esse projeto.

Na minha cabeça eu já tinha definido qual seria meu projeto, eu queria fazer um complexo cultural, composto por espaços amplos para eventos diversos, dois teatros, um cinema a céu aberto que teria uma redoma em vidro para observar a chuva e um museu.

Era um projeto bem ambicioso, por se tratar de vários espaços, e por eu querer mesclar modernismo com as vertentes contemporâneas. Nesses 6 meses fiz várias pesquisas, valores, espaços, me reuni com diferentes representantes do governo, entendi onde seria possível criar esse complexo, fiz algumas reuniões com fornecedores para já fazer uma média de custos, porém, tudo isso na base de algumas referências, não levei nada projetado, pois a princípio estava só prospectando valores para fazer o primeiro draft. Só que agora eu não podia mais adiar.

Precisava rabiscar e tirar o que tava na minha cabeça e colocar no papel, o problema era fazer isso em menos de dois meses. Não só isso, se meu projeto fosse aprovado, eu não conseguiria fazer a gestão dele sozinho, tínhamos outras frentes também exigiam minha atenção, e eu precisava de alguém que pudesse ser meu braço direito nesse empreendimento.

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⏰ Última atualização: Sep 29, 2023 ⏰

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