ausência

Romero

Muitos de vocês conhecem essa história - abandonada e esquecida por mim- lá do spirit. Nos dias das Operas das Cores, duas pessoinhas (oi Drê, oi Mile) meio que me  cutucaram a tentar concluí-la e postá-la aqui, no wattpad. Ju, eterna crente que essa voltaria das cinzas e vivi que sempre brigava comigo pq eu parei essa sem fim....talvez venha algo por aí. 

Vou tentar terminar ela em novembro, mas isso não é uma promessa. Essa segue sendo minha pendência nesse fandom, vamos ver se colocamos em ordem. 

É isso. Espero que a leitura ainda valha a pena  🧡

***

- Eu ou ela?

- Ela.

Romero conseguiu ver exatamente o momento que as palavras dele cortaram Atena por dentro. O exato momento em que ele percebeu nos olhos dela que não havia mais volta. Atena, em toda sua força não fechou os olhos uma vez sequer, nem para segurar o impacto das palavras de Romero. Elas cortavam, e ela queria que o ex-vereador visse exatamente que era ele o responsável pela dor dela. Para ficar claro quem estava colocando o ponto final. Encarava Romero, olhando no fundo dos seus olhos, medindo forças para ver se ele teria coragem de encarar de volta na mesma intensidade.

- Mas eu não queria escolher. Eu não queria escolher.

Não. Claro que ele não tinha essa coragem. Romero era fraco e em cada decisão que tomava, sempre gostava de manter o plano B ao alcance das mãos. Como se ele sempre tivesse dúvidas sobre qual que seria a melhor escolha e, no fim, se mantivesse preso entre falsas promessas e futuros impossíveis, sem nunca precisar se comprometer. Aqui, agora, sentados na cama que tantas vezes foi cenário para seus corpos se colando, ela fez com que eles se separassem de vez. Ela estava tomando a decisão que ele jamais teria a coragem de tomar.

- Tu vai morrer... sozinho. Tu vai morrer sem ninguém. Sai daqui. Sai daqui.

Romero saiu da cobertura que, até ele admitia, nesse momento era mais dela do que dele. E não tinha sempre sido assim? Olhando para trás, ficava até mesmo difícil se lembrar de algum momento em que Atena não estivesse ali. A vida de Romero Rômulo se dividia entre antes e depois Atena Torremolinos e, ele percebeu, que o antes pouco importava.

Ela precisava se acalmar e colocar a cabeça no lugar, ele precisava pensar e absorver a situação que Atena o tinha colocado. Entre tantas ameaças já feitas, tantos modos diferentes de chantagens e tantos cenários de quase morte, havia um ar de ponto final na conversa que tiveram. Mas ele, claro, não estava pronto para encarar isso como opção. Saindo da cobertura, ele se lembrou do chá de panela que precisava ir. Seu chá de panela com Tóia.

Muito antes desta resposta definitiva à Atena, ele já tinha escolhido a morena. Escolheu quando começou a pensar em uma vida com ela. A decisão tinha partido mais de uma perspectiva de vida pacata e normal do que por amor. Romero nunca soube o que era ter uma família funcional e encontrou em Tóia o modo de fazer este sonho quase provinciano acontecer. Foi fácil pegar todas as mentiras que já havia contado à moça e a verdadeira história dela, colocar num canto da sua mente e fechar com um cadeado para nunca acessar. Ele era mestre na mentira e era assim que seguiria sua vida daqui para a frente. Estava disposto a abandonar muitas coisas da sua vida "antiga". Mas, dentre todas as essas coisas, seu relacionamento disfuncional com Atena era a única que não estava pronto para abandonar. Seria apenas mais um segredo que precisaria esconder de Tóia. Podia fazer tudo funcionar assim.

Foi para o chá de panela com essa perspectiva em mente, mas durante todo o evento esperou Atena entrar e fazer um escândalo. Esperou a loira dar o melhor de si, chamando a atenção dos presentes, numa roupa espetacular, deixando todo mundo constrangido. Mas o chá de panela chegou ao final, sem sinal dela. Romero não tinha certeza se o que ele sentia era alívio ou decepção. Sabia que não era alegria. O rosto de decepção e dor de Atena era algo que ele não conseguia tirar do seu pensamento.