— Aqui, deixa que eu ajudo com isso — Me aproximei da senhora que com dificuldade levava as compras para dentro.— Não se preocupe com isso, milady — Ela tentou negar minha ajuda, mas já era tarde demais, suas mãos já estavam vazias e eu caminhava à sua frente com as duas sacolas pesadas.
— Claro que devo me preocupar, sou mais jovem e consequentemente mais disposta, então não tente negar minha ajuda quando sei que precisa — Sorri colocando as sacolas de pano sobre a mesa pequena da cozinha onde os funcionários costumam se alimentar e preparar as refeições — Quantas coisas, estamos esperando visitas?
Tirei da sacola algumas poucas frutas e verduras.
— Não senhora, mas o mercador vem apenas uma vez na semana e não vamos à cidade com frequência para compras deste tipo.
— Verduras frescas são sempre a melhor escolha, talvez se cultivarmos fique mais fácil mantê-las assim — Comentei observando que algumas folhas já começavam a escurecer.
— Cultivar frutas e legumes em Bertro? Senhora Benedict, não sei se seria possível.
— Por favor, me chame de Miriane — Pedi — Darei uma volta pela propriedade essa tarde e falarei com o jardineiro, talvez juntos consigamos achar a terra mais fértil da propriedade.
— A senhora parece animada.
Sorri indo até a torneira para lavar uma maçã.
— Não imagina o quanto, em minha casa temos macieiras lindas e também uma grande horta que cultiva as abóboras mais conhecidas da região. Quer dizer, na casa dos meus pais.
— Sabe o que dizem, que a casa dos pais da gente nunca deixa de ser nosso lar — Ela sorriu simpática — Avisarei Edmund que você irá procurá-lo essa tarde.
— Obrigada por isso.
— Talvez devesse conversar com seu sogro sobre essa nova ideia, ele não gosta de surpresas.
Mordi a maçã com prazer.
— Farei isso — Sorri passando por ela, mas parei antes de sair da cozinha e a encarei com atenção — Tem notícias do capitão? Já faz mais de uma semana.
Ela engoliu em seco e negou.
— Nem todas as viagens de negócio tem data definida de retorno — Disse voltando a suas tarefas.
Deixei a cozinha e continuei a comer meu fruto tranquila ainda incomodada com a escuridão da casa quase sem ventilação.
Então tomei a iniciativa de abrir todas as cortinas do local fazendo a poeira balançar no ar.
— Senhora Janete — Gritei alto fazendo-a vir rápido até mim secando suas mãos no avental cinza da cozinha.
— Por que grita? Me preocupei que algo pudesse estar acontecendo — Disse se tranquilizando.
— Onde tem uma escada? Tirarei todas as cortinas da sala para que sejam lavadas, também peça para que alguém venha me ajudar a abrir e lavar essas janelas.
— Senhora, o duque gosta do ambiente como está.
— Bom, mas eu sou a senhora da casa agora e não gosto. Diga a Edmundo que ele vá a cidade e escolha alguns bonitos arranjos de flores que priorize as astromélias diversas e girassóis que são meus favoritos, mas que pode escolher outros para que tenhamos mais flores pela casa.
— Encherá todo o ambiente de abelhas.
— Abelhas não são más, senhora, irão dar vida a essa casa assim como os beija-flores que passarão a nós visitar quando penduramos um recipiente com água doce.
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Cruel Capitão
Historical FictionRecluso a anos em alto mar, o capitão George Benedict precisa retornar a seu lar com a piora na saúde de seu pai. Miriane Perlon é a segunda filha de um conde, observa de longe a movimentação de sua casa em sua primeira temporada sem chances de rece...