Capítulo 8

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— Olha quem voltou — Laureana foi a primeira a me receber jogando sua máscara junto a espada de escrita no chão e se aproximando — Já veio comunicar nossos pais sobre o primeiro neto? Ela está dizendo por aí que será em breve.

Neto, ao menos chegamos a consumar o casamento, nem mesmo chegamos perto disso.

— Claro que não venho para isso, me casei a poucas semanas e é um casamento arranjado então estamos tentando não apressar as coisas.

Assim que adentramos a casa me senti totalmente abraçada, Viviana deitada no sofá com os pés para cima enquanto Tobias tenta tapar sua visão com uma almofada. Jeremiah com os olhos concentrados nas cartas em sua mão aproveitando a distração de nosso irmão em tentar esconder seu jogo a Perlon mais nova.

— Tenho certeza que Tobias irá ganhar a partida mesmo com toda a trapaça — Falei trazendo a atenção de todos eles até mim.

Jeremiah, o mais afetuoso entre nós se levantou para me dar um abraço como se não me visse a anos.

— Bem vinda a Skaevill — Tobias disse colocando suas cartas viradas para baixo sobre a mesa de centro — Pensei que fosse demorar mais para sentir nossa falta.

— Está se achando demais, não sinto nenhuma falta de vocês — Deixei claro — Vim apenas para tomar chá e fofocar com nossa mãe, onde ela está?

— Se escondendo de nós na biblioteca — Viviana disse antes de acertar a almofada em Tobias.

— Vou até lá então — Falei ajeitando minha roupa — Podem pegar minha mala na carruagem e levar meu chofer até o estábulo?

Não esperei uma resposta, apenas continuei o caminho que tanto conheço, bati duas vezes na porta e ouvi quando mamãe praguejou dizendo que não aguentava mais ser incomodada.

— Viviana já lhe disse — Ela se interrompeu quando me viu parada em frente a porta — Miriane, minha menina linda, ande entre.

Ela me abraçou com afeto e eu desmoronei chorando sem parar, como eu não havia feito até agora.

— O que ouve? — Ela perguntou afastando nossos corpos para encarar meu rosto.

— Onde está o amor, o afeto e o respeito que me disse que eu encontraria em meu casamento? Mamãe eu estou perdida, destinada a um casamento destinado à solidão.

— Não pode ter tanta certeza após pouco mais de um mês.

— Passei a maior parte dele sem ao menos ver meu marido, agora que vejo é como se ainda não estivesse ali. Me sinto tão sozinha.

— Venha se sentar e me conte melhor o que está havendo.

Depois de algum tempo minha mãe ainda me encarava apertando minha mão em apoio.

— Me conformei durante toda a minha vida a viver esse destino, estava pronta para amá-lo sem ao menos saber quem ele era e agora não vejo chances de ser amada.

— Você é Miriane Perlon, todos amam você.

— Eu sou Miriane Benedict, uma esposa sem marido.

— Como é exagerada, seu marido está passando por um momento difícil e você está fazendo o que é certo, está ao lado dele.

— Mas isso não parece o suficiente, ele sequer olha para mim, não fala comigo. É como se eu não estivesse ali.

— Talvez porque você esteja o tratando como um homem doente.

— Como assim?

— Seu marido está ferido, mas ainda é homem.

— Ele é um homem que só dá atenção às visitas de seu médico, que mal se alimenta — Contei — Às vezes penso que esse casamento às pressas foi porque precisavam de uma enfermeira.

— Claro, a doença do duque.

— E o cavalo machucado, tenho tentado manter os três vivos, mas todos dividem a mesma personalidade pelo visto. Me impressiona o duque ser o mais fácil de lidar.

— Bom, acho que talvez eu tenha tido uma ideia — Mamãe disse se levantando para fechar a porta — Pode funcionar se estiver disposta a fazer aquele homem se levantar.

— Do que está falando? Tenho medo de suas ideias.

— É bem simples, me ouça bem.

A ideia de minha mãe soou como uma piada, mas eu não tinha o que perder então concordei em tentar e lhe trazer novidades assim que tivesse uma conclusão.

Depois conversamos mais um pouco antes que eu me juntasse aos meus irmãos na sala para alguns jogos como nos velhos tempos.

Papai ficou feliz em me ver e não perguntou o motivo da minha visita.

Se passaram cinco dias até que eu voltasse a fechar minha mala e mais uma vez me despedisse de minha família dessa vez os convidando a me visitar em Bertro o mais breve possível.

Assim que desci da carruagem em frente a minha casa foi recebida com um abraço.

— Finalmente retornou, as coisas ficam muito ruins sem você — Estefânia disse juntando seu braço no meu.

— Me conte às novidades.

— O duque está acamado novamente, sem conseguir respirar com facilidade, o doutor disse que o capitão progrediu muito e um dia desses Janete contou que ele estava até sentado lendo quando ela entrou para limpar o quarto.

Não passei mais de uma semana fora.

— E o cavalo?

— Esse continua igual, ninguém se aproxima ninguém toca.

— Quem eu devo ver primeiro?

— Por que está me perguntando?

— É minha dama de companhia e minha amiga, deve me dar conselhos quando não sei o que fazer.

— O cavalo, primeiro o cavalo.

Assenti sem questionar mudando minha rota.

— Major — Sorri me aproximando da cerca, percebi que o cavalo estava mais cabisbaixo que o normal — Você não parece bem amigo — Estiquei minha mão, mas não o toquei — Tem que deixar que te tratemos.

Desci da grade e pedi para que Estefânia buscasse o kit que o médico deixou aqui outro dia.

— Já chega de teimosia, eu mesma vou cuidar de você e se me atacar tudo bem, pois ainda assim vai valer a pena.

Senti meu coração bater forte quando abri a grade e passei por ela a fechando atrás de mim.

— O capitão vai ficar de pé em breve e tenho certeza que ele não quer vê-lo dessa forma, então por favor, major não me ataque.

Toquei sua crina lisa fazendo carinho pronta para fugir caso necessário, continuei com esse gesto até que Fani retornasse.

— Você enlouqueceu — Me acusou.

— Tá tudo bem, a gente está se entendendo — Garanti a ela, prepare a injeção.

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