58. Dor

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Henry 

A dor. Você só tem que sobreviver
a ela, esperar que ela vá embora
sozinha, esperar que a ferida que
a causou, sare. E isso na maior
parte do tempo é impossível
de acontecer, mas com a ajuda
necessária e muitos remédios
talvez se consiga. Faz uma semana
desde todo o ocorrido e é assim
que eu tenho vivido, tentando
a todo custo sobreviver a dor,
a impotência, e ao cansaço. Eu
não durmo direito, eu mal como
e também não estou assinando
meu nome direito, acho que nem
falando eu estou mais.

Sou apenas eu e meus inúmeros
pensamentos em minha mente
que nunca me deixam. Coisas que
eu poderia ter feito para evitar
tudo isso, como eu deveria aceitar
que eu não nasci pra ter alguém,
porque quando eu tive deixei que
se sacrificasse por mim. Essa dor é
agoniante e te impede de respirar a
maior parte do tempo.

Não há soluções, respostas fáceis.
Não como voltar o tempo atrás, ou
você segue em frente ou deixa a dor
te consumir. Você số respira fundo
e espera que ela vá diminuindo,
o que nunca acontece. Na maior
parte do tempo, a dor pode ser
administrada, mas às vezes ela te
pega quando você menos espera,
te acerta abaixo da cintura e não te
deixa levantar.

Ela faz com que você deseje de
todas as formas que seu tempo
acabe e você possa sinceramente
acabar com tudo isso. Ou ponto da
dor e que ela é sempre tão intensa
que você deseja com todas as suas
forças que sua vida acabe, não
porque você não tem respeito ou
amor pelos que estão vivos, mas
sim porque a dor é tão esmagante
que você só quer que ela acabe. E
ao mesmo você quer que sua vida
continue porque não é isso que
deixariaa pessoa que ama feliz.
Mas sinceramente não é fácil ter
todos esses sentimentos e vontade
e não fazer nada.

Você tem que lutar através da
dor, mesmo que não seja isso que
você quer, porque a verdade é que
você não consegue escapar dela
ea vida sempre te causa mais.
A cada esquina que viramos, a
cada escolha que fazemos, a cada
momento em que paramos pra
pensar pode ser que causamos
uma dor pior do que a que já
sentimos. Esse é o problema do
livre arbítrio, podemos fazer tudo
que bem entendemos mas tudo
isso tem consequências absurdas.
E nisso tudo entra tempo, o que é
uma dádiva às vezes se torna uma
maldição também. Não sabemos o
quanto de tempo precisamos com
uma pessoa até não ter mais tempo
nenhum. E a vida gosta de brincar
tanto com nossa cara, ela olha em
nossos rosto e fala você não merece
ser feliz.

Vinte e dois minutos. Vinte e dois
minutos de certeza esmagadoras.

Vinte e dois minutos de puro
desespero e até mesmo aceitação.

Vinte e dois minutos de pessoas
correndo de um lado para outro.

Vinte e dois minutos de choros
incansáveis vindo de todos os olhos
que andava.

Vinte dois minutos parecidos com
uma vida inteira de angústias e
ressentimento.

Vinte e dois minutos.

Esse foi o tempo em o Alex
ficou morto. É eu sei é confuso.
De acordo com o médico que eu
ainda não me importo em saber
o nome, isso não é comum mas
acontece. Alex teve uma parada
cardiorrespiratória, seu coração
ficou sem bater pelos exatos vinte
e dois minutos, o mesmo tempo
em que seu cérebro ficou sem ar.
Mas por algum milagre ele voltou
a bater novamente quando os
médicos já estavam prontos a
desistir.

Depois de três dias que isso
tinha acontecido ele já estava
respirando por conta própria mas
ainda não estava acordando.
Os médicos estão temendo que
ao acordar seu cérebro estará
comprometido, é capaz de perder
várias funções como a fala, as
memórias, movimentos, ou
até mesmo não acordar nunca
mais, eles não tinham certeza de
nada já que depois do exame,
foi constatado que ele não havia
tido morte cerebral. Tudo isso
pode acontecer mas, o que todos
nós estamos torcendo pra que
aconteça é apenas ele acordar, o
resto veremos o que faremos. Nem
que eu cuide dele o resto de vida eu
não me importo, desde que ele não
esteja com dor e queira vivo eu vou
estar bem.

Amigos ou Inimigos? - FirstPrince Adapt (Em Revisão )Onde histórias criam vida. Descubra agora