capítulo primeiro

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A chuva torrencial caía na noite de segunda-feira enquanto Marinette observava através da janela da modesta pensão. Mais uma semana se iniciava, exigindo que ela se entregasse a uma tarefa árdua para garantir sua subsistência. Contudo, não era uma ocupação comum. Seus pais ficariam chocados se vissem a transformação que ela havia aceitado. Era um ato que somente se recorria em situações desesperadas. E, sem dúvida, Marinette encontrava-se em tal situação. Ela ajustou cuidadosamente a máscara vermelha, certificando-se de que estava firme em seu rosto, imune às adversidades da noite. Seus lábios estavam delicadamente tingidos de vermelho, enquanto seus olhos, de safira inigualável, estavam adornados, realçando ainda mais sua beleza enigmática.

A porta do modesto aposento se entreabriu, revelando uma jovem de idade um tanto inferior à de Marinette, que desempenhava o papel de camareira na pensão e ocasionalmente prestava auxílio a Marinette em suas tarefas.

— Senhorita... trouxe suas esponjas — ela manteve os lábios comprimidos enquanto depositava as esponjas sobre a toucador.

— Agradeço-lhe, Louise — a jovem mestiça sorriu para a serviçal.

— A tempestade está açoitando a cidade, senhorita... Paris deve estar em tumulto. Não consideraria a possibilidade de permanecer aqui, ao menos somente por hoje?

Marinette fixou o olhar em Louise e notou a expressão de preocupação estampada em seu rosto. No entanto, ela fez um gesto com a mão.

— Não posso fazê-lo. Tenho que seguir adiante.

— Mas lecionou inglês para uma jovem hoje...

— Isso não basta — Marinette interveio com celeridade.

Louise abaixou o olhar em sinal de respeito e fez uma breve reverência, deixando Marinette novamente entregue a seus pensamentos.

A jovem mestiça inspirou profundamente e voltou-se para o espelho, contemplando seu reflexo. Ela se sentia desanimada e tomada pela frustração consigo mesma.

Como havia permitido que sua vida tomasse esse rumo?

Entretanto, não havia espaço para arrependimentos; era necessário seguir em frente e cessar os lamentos pelo que poderia ter sido feito de forma diferente.

Após guardar as esponjas e reunir suas forças com uma respiração profunda, Marinette saiu discretamente pela porta reservada aos empregados, evitando ser vista por alguém, e adentrou a carruagem vermelha estacionada ali, pronta para conduzi-la ao seu destino final.

Após guardar as esponjas e reunir suas forças com uma respiração profunda, Marinette saiu discretamente pela porta reservada aos empregados, evitando ser vista por alguém, e adentrou a carruagem vermelha estacionada ali, pronta para conduzi-la ao ...

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No seio da alta sociedade parisiense habitava um casal amplamente reverenciado. Ainda que não tenham sido abençoados com prole, eram considerados um par notavelmente imaculado. No entanto, somente aos olhos mais perspicazes dos que os cercavam revelava-se a verdadeira natureza de sua convivência. Apenas os criados detinham conhecimento dos eventos que ocorriam na imponente residência situada no coração da cidade. Não se engalfinhavam, tampouco proferiam palavras ásperas um ao outro. Viviam, tão somente, sob o mesmo teto. Raramente, sequer se aventuravam a adentrar os aposentos alheios. A união de suas famílias, motivada por interesses comerciais, dava origem à sua fortuna conjunta. Não se via traço algum de amor na equação, apenas uma convivência de mútuos benefícios.

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