capítulo segundo

19 4 4
                                    

Eis que já passava das duas horas da madrugada, e Adrien permanecia sentado na poltrona de couro escuro, detrás da escrivaninha de seu gabinete, o olhar fixo na parede, enquanto à sua direita repousavam duas garrafas de whisky.

Aquele dia fora verdadeiramente desastroso! E, por fim, acabara por dirigir palavras ásperas a Kagami durante o jantar, movido pela inoportuna conversa que tivera com seu pai, horas antes.

Cerrou o maxilar com força.

Ponderava agora sobre como poderia ter agido de outra maneira. Ele e Kagami bem poderiam ter recusado o enlace diante do altar, mas tal ato seria um escândalo de proporções notáveis, e a reputação de Kagami restaria irremediavelmente manchada. Ele desposara-a por um senso de honra.

Kagami era uma dama encantadora, dotada de inúmeras virtudes, e uma companheira de valor inestimável. Contudo, agora se achavam irremediavelmente presos um ao outro, sem possibilidade de desfazer tal união, a menos que quisessem suscitar um escândalo que abalaria suas vidas.

Seu pai e a viúva condessa não lhe dariam sossego enquanto Kagami não gerasse um herdeiro. Contudo, não era este o momento. A mente de Adrien estava tumultuada, e ele jamais obrigaria Kagami a partilhar o leito apenas para atender aos caprichos dos pais.

Encheu o copo de whisky e, num só trago, deixou o líquido descer-lhe pela garganta em brasa. Já avançava sobre a segunda garrafa. A cabeça latejava incessante.

Com um gesto impaciente, passou as mãos pelo rosto e pelos cabelos, espalhando os fios loiros que caíam-lhe sobre os olhos.

Pegou o relógio de bolso e arregalou os olhos ao ver os ponteiros negros quase marcando três horas da madrugada. Precisava sair cedo para tratar de alguns documentos com o senhor Damoncles.

Ergueu-se da poltrona, sentindo as costas doerem e o peso do álcool subitamente o acometer. Não era de seu feitio beber tanto, sobretudo quando tinha de estar de pé logo pela manhã.

Esforçou-se para não tropeçar nos próprios pés enquanto cambaleava pelo corredor em direção ao quarto. Sentia-se como um trapo velho, desgastado pelo peso da noite e do álcool.

Atirou-se sobre o colchão e nem sequer se deu ao trabalho de apagar a vela sobre o criado-mudo. Sentiu os olhos pesarem e simplesmente adormeceu.

Devido à noite chuviosa e ao caminho um tanto obscuro, não obstante a carruagem ser de um vermelho vivo, ela passou despercebida por qualquer cidadão parisiense

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Devido à noite chuviosa e ao caminho um tanto obscuro, não obstante a carruagem ser de um vermelho vivo, ela passou despercebida por qualquer cidadão parisiense. Contudo, não havia motivo para que Marinette se alarmasse, pois quem se atreveria a sair em tamanha tempestade?

Refletindo dessa maneira, deveria ela também ter permanecido na pensão, pois talvez não houvesse serviço a lhe aguardar naquela noite.

Suspirou enquanto ajustava o laço de sua capa. Ah, como desejava não estar vivenciando tal situação, mas que poderia fazer, se se encontrava atolada em dívidas até o pescoço?

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Sep 23 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Disfarce Perfeito Onde histórias criam vida. Descubra agora