Família Black e Potter se reuniram para mais um almoço de domingo, foram tantos almoços desde que seus filhos começaram amizade, quando tinham apenas 10 anos de idade, que perderam as contas de quantos foram os encontros ocorridos ali no quintal florido de Euphemia ou na laje de Walburga.
Hoje, um domingo qualquer no país do samba, as duas famílias se juntaram para um churrasco com a desculpa de que precisavam relaxar antes de mais uma semana se iniciar. Mas a verdade – que todos sabem – é que eles só queriam se encontrar porque depois de tantos anos juntos – oito, pra ser mais exato – se tornaram uma família só, não duas, e não sabem viver uns sem os outros.
Como uma boa família brasileira, às onze horas o arroz já estava pronto, Euphemia, que usava apenas um vestidinho branco florido sem nada nos pés, preparava a maionese enquanto Walburga, usando um short jeans e uma regata branca também sem nada nos pés, fazia farofinha e já pensava no que ia colocar na salada e vinagrete. Fleamont e Órion estavam na beira do fogo, trajando somente bermudas estilo praia por conta do calor, colocando as carnes e calabresas para assar.
Enquanto isso, Sirius e Remus escolhiam uma estação sintonizar no rádio, o que provavelmente demoraria já que Sirius queria Rita Lee e Remus queria Roupa Nova. Peter, James e Regulus conversavam animadamente não muito longe dali, cada um com um copo de cerveja na mão.
A discussão não demorou tanto quanto o esperado e logo começou a tocar "Vira-Vira, dos Mamonas Assassinas" e numa sincronia incrível os quatro foram dançar, Peter cantava usando uma garrafa de bavaria como microfone juntamente com Regulus que repetia a ação, ambos se inclinando pra frente. James remexia o quadril com um copo de kaiser na mão, Sirius e Remmy usavam a mesma garrafinha de dois duplos 900 como microfone.
Ao fim da música, todos se olhavam ofegantes, com suor escorrendo por suas testas e têmporas, as bochechas vermelhas, um sorriso reluzente no rosto de cada um, porém não se permitiram parar porque logo começou a tocar "Bem-Me-Quer, de Rita Lee" e é impossível ficar parado ao som da diva – palavras de Sírius.
Depois de tanta folia, os garotos estavam genuinamente exaustos e foram se sentar, sem nunca parar de rir. No entanto, Reggie e Jamie se olharam e continuaram de pé ao reconhecerem a melodia que saía do rádio, "Exagerado, de Cazuza".
Potter com um copo de cerveja na mão direita cantava mexendo a cabeça de um lado para o outro enquanto remexia o quadril, algo como uma dança do acasalamento, em volta de Regulus que havia jogado a garrafa num lugar qualquer da grama.
Os outros três nem ligavam para o que acontecia ali no meio das flores da Dona Effie, já acostumados com os momentos em que o casal entrava em seu próprio mundo onde ninguém além deles mesmo podia invadir
– Amor da minha vida daqui até a eternidade. – A mão livre de James foi em direção ao rosto do cacheado fazendo um carinho leve, olhos castanhos nunca desgrudando dos olhos pretos, pupilas tão dilatadas que pareciam cobrir toda a íris.
Regulus com um sorriso divertido nos lábios se juntando a ele na dança, logo completou – Nossos destinos foram traçados na maternidade.
Então cantaram alto enquanto a mão de James descia para a cintura de seu par e dava um aperto consideravelmente forte – Paixão cruel desenfreada, te trago mil rosas roubadas.
Se inclinaram um em direção ao outro ainda sem desgrudar os olhos, era como se existisse somente eles no mundo – pra desculpar minhas mentiras – gritaram juntos enquanto se aproximavam ainda mais, até que não houvesse espaço – minhas burradas.
Potter se afastou enquanto tomava o resto da cerveja rapidamente e entregava o copo nas mãos do garoto a sua frente para dramatizar se jogando ajoelhado aos pés do Black, segurou sua mão livre sem nunca desviar o olhar e continuou – Exagerado, jogado aos teus pés, eu sou mesmo exagerado, adoro um amor inventado. – Regulus, que havia parado de cantar, observava a cena com um sorriso no rosto e um brilho intenso no olhar.
Puxando-o de volta para cima, o menino Black segurou seu rosto enquanto entoava com uma expressão levemente exagerada, as sobrancelhas quase encostando no couro cabeludo – Eu nunca mais vou respirar se você não me notar – a mão que estava na face alheia foi até seu próprio coração com o cenho franzido para demonstrar uma leve dor, mas seu olhos nunca perderam o brilho, para continuar – Eu posso até morrer de fome se você não me amar.
Os dois cantarolaram juntos novamente – Por você eu largo tudo, vou mendigar, roubar, matar – estavam ofegantes e suados, porém o brilho de carinho e amor em seus olhares nunca diminuiu, suas pupilas continuavam a cobrir as íris – Até as coisas mais banais, pra mim é tudo ou nunca mais.
James levantou o braço de Reggie e o girou enquanto aumentava ainda mais seu sorriso, se é que era possível, e o puxou para perto colando todo seu corpo sem deixar espaço algum entre eles – Exagerado, jogado aos teus pés, eu sou mesmo exagerado, adoro um amor inventado.
Agora mexiam-se lentamente com os quadris colados e sussurravam um para o outro como se estivessem contando um segredo que ninguém mais além deles mesmos deveriam saber – E por você eu largo tudo, carreira, dinheiro, canudo – castanho no cinza nunca se desencontrando e ainda sussurrando – Até nas coisas mais banais, pra mim é tudo ou nunca mais.
Giravam pelo quintal cheio de flores lentamente, corpos tão juntos que não se sabia onde um começava e o outro terminava, as palavras continuavam a serem sussurradas – Exagerado, jogado aos teus pés, eu sou mesmo exagerado, eu adoro um amor inventado.
Os braços de Regulus passaram pelo pescoço de seu amante, com os dedos livres indo direto para os cabelos sempre bagunçados. James escorregou lentamente suas mãos da cintura ao fim das costas de Reggie antes de cochichar o próximo verso – Jogado aos teus pés com mil rosas roubadas, exagerado, eu adoro um amor inventado.
Agora ambos parados no meio do jardim, o rosto tão perto que podiam sentir a respiração quente que saia de seus narizes, sentido o peito e subir e descer levemente acelerado por conta da dança ou da proximidade, talvez, os lábios roçavam ao murmurar o último trecho da música – Jogado aos teus pés baby, baby, eu sou mesmo exagerado, adoro um amor inventado.
Passaram-se alguns segundos, minutos ou até mesmo horas; eles não saberiam dizer. Uma nova melodia começava ao fundo quando, finalmente, se beijaram. Começou com um leve toque de lábios, porém não durou muito, pois começaram a se movimentar. Foram gastos alguns segundos com apenas o mover dos lábios até que Regulus timidamente tocou sua língua na boca alheia, pedindo para entrar e experimentar o gosto da cerveja que o castanho havia bebido anteriormente, James aceitou tudo de bom grado rapidamente retribuindo o carinho que lhe foi ofertado.
Afastaram-se depois do que pareceram ser horas com diversos selinhos sendo deixados no caminho. Potter encheu o rosto do Black de pequenos beijos e se deliciou com a risada do outro, seu coração acelerado se inundando de alegria. Olharam-se por uns segundos com risinho no rosto antes de irem se juntar aos amigos.
Nenhum deles podia querer algo diferente dos domingos sempre repletos de felicidade, risadas, piadas, bagunça e amor.
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Eu tava ouvindo Cazuza quando tive essa ideia e espero que 'cês tenham gostado da historia.

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Exagerado
FanficOs Black e os Potter, estabelecem uma tradição de almoços de domingo que perdura desde a infância de seus filhos. Após oito anos de amizade, eles se tornaram uma única família inseparável. Em um domingo especial, eles se reúnem para um churrasco ani...