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As mãos masculinas, de dedos longos e fortes, seguravam o volantecom delicadeza. Vega, sentada ao lado dele, lutou com o desejo depuni-lo com seu silêncio. — o que não parecia preocupá-loabsolutamente — ou começar a fazer, uma atrás da outra, todas asperguntas que rondavam por sua cabeça. No final, decidiu que puniralguém que não era considerado informado era uma perda de tempo.

—Posso saber por que saímos pela porta dos fundos do hotel?

— Simplesmente, para garantir que ninguém nos seguirá até onosso destino. O motorista que a levou ao hotel é bastante hábil,mas todas as precauções são poucas. Duvido que alguém relacione amoça elegante com o vestido de grife e saltos, que entrou pela portada frente, com a menininha de jeans, usando em uma jaqueta quente,que depois saiu pela porta dos fundos acompanhada por um homemgrande.

—Não sou uma menina! — ela protestou em um tom que até para elaparecia infantil.

Grant não fez nenhum comentário e Vega preferiu mudar de assunto.

—Por que tantas precauções? Qual é a ameaça? Por que meu paienviou você? O que...?

— Uma por uma, se você não se importa, eu não sou uma secretáriaeletrônica — ele a interrompeu levantando uma mão com gestozombeteiro.

—O que está acontecendo? — Vega resumiu em uma única pergunta,dando-lhe um olhar furioso.

Martin recuperou a seriedade imediatamente.

— Há pouco mais de um mês, a polícia espanhola entrou em contatocom seu pai. Durante uma das pesquisas de rotina realizadas eminstalações pertencentes à máfia russa em Marbella, elesencontraram um dossiê no qual, informações detalhadas sobre seusnegócios apareciam: uma lista das suas empresas e todos os tipos depormenores sobre as transações e lucros das mesmas. Além disso,apareceram também uma série de fotos suas, senhorita De Carrizosa,indicando que estava sob vigilância há algum tempo. Algumas dessasfotos eram um pouco comprometedoras.

—Comprometedoras? O que quer dizer?

—Em várias delas, você sai trocando abraços apaixonados com ofilho mais novo do empresário, Jaime Pedrosa, cujo nome soou emvários dos mais recentes escândalos da alta sociedade devido aoconsumo e, talvez, ao tráfico de drogas.

—Malditos!

—Digamos que, entre a ameaça que pairava sobre você por umpossível sequestro e sua tendência a frequentar companhias mais queduvidosas — o sarcasmo, que ele não fez nenhum esforço paradisfarçar, fez Vega trincar os dentes — seu pai decidiu que seriamelhor tirá-la de circulação por uma temporada; levá-la a umlugar fora de seu ambiente habitual e esperar que as coisas seacalmem. Durante esse período, você não deve entrar em contato comseus amigos por telefone. Você pode se comunicar por e-mail, mas semfornecer pistas que lhes permitam descobrir seu paradeiro.

—Meu Deus, você fala de mim como se eu fosse um pacote indesejado!E, se posso saber, quanto tempo durará esse isolamento forçado?

— O tempo que for preciso — Grant encerrou a discussão.

Indignada, Vega cruzou os braços sobre o peito e fechou aspálpebras, o que implicava que ela não estava com disposição paracontinuar a conversa.

Grant desviou os olhos da estrada por um momento e olhou para amulher sentada ao lado dele; ela parecia uma gatinha mal-humorada.Ele ficou surpreso com a aparência dela quando entrou no quarto dehotel. A imagem em sua mente de uma garota com pernas longas eaparelho nos dentes não tinha nada a ver com a da jovemsedutora que, apesar de tremer como uma folha, conseguiu enfrentar umestranho duas vezes mais o seu tamanho com uma caneta esferográficacomo uma arma. Ele teve que admitir que a cena o comovera, algoincomum para ele.

O protetorOnde histórias criam vida. Descubra agora