Algumas horas depois, Vega acordou e, por alguns minutos, não conseguiu se lembrar de onde estava. Finalmente, levantou-se, foi ao banheiro e, depois de um longo banho com água muito quente que a fez parecer nova, vestiu-se e foi até a sala de estar. O latido alegre de um gigantesco labrador preto a cumprimentou.
- Oi bonito. Quem é você, se posso saber? - ela perguntou acariciando-o atrás das orelhas.
- Deixe te apresentar Oberon. - Vega levantou a cabeça e descobriu Martin encostado no batente da porta, observando-a. -. Fico feliz que você goste de cães, eu o deixei para fora por precaução, mas, se você não se importa, ele está acostumado a viver dentro de casa.
- Claro que não me importo. Adoro cães. Especialmente um tão bonito quanto você, Oberon - ela disse enquanto o acariciava.
- Eu vou pra cidade. Podemos dar uma volta, comer no pub e assim te apresento a algumas pessoas por aqui. Depois pode ir e vir quando quiser. Você sabe dirigir?
- Eu sei dirigir, mas nunca fiz isso do lado contrário, como os ingleses.
- Como qualquer inglês que se preze lhe dirá: Os que conduzem ao contrário são o resto do mundo - ele disse com seu sorriso torto característico -. Você vem? Irei a seu lado, assim se sentirá mais segura.
Vega colocou a jaqueta, pegou sua bolsa e o seguiu até o carro. Mudar de marcha com a mão esquerda parecia-lhe o mais complicado, embora no geral não fizesse errado. Ela se perdeu ao virar em um cruzamento, mas com reflexos prodigiosos, Grant pegou o volante instantaneamente e corrigiu a direção.
A cidade era pequena e pitoresca. Consistia em uma pequena praça principal, onde ficavam o pub, o supermercado e algumas outras casas. Um pouco fora do caminho, uma pequena igreja de pedra com a torre pontiaguda destacava-se contra o céu cinzento.
Eles entraram no pub. Martin cumprimentou o proprietário atrás do bar e pediu dois copos de cerveja e algo para comer. Alguns paroquianos ocupavam algumas das pequenas mesas de madeira. Martin Grant cumprimentou a todos e a apresentou como sua sobrinha, nascida na Espanha.
- Olá Martim! Eu não sabia que você estava de volta.
A saudação alegre veio de uma mulher muito alta, com cabelos ruivos, que acabara de entrar acompanhada por um jovem, também ruivo, que olhava Vega com curiosidade. Era evidente que a mulher ficou encantada por encontrar Martin e, sem pedir permissão, sentou-se à mesa dos dois.
-Olá, Kate. Acabei de chegar esta manhã. Apresento a você minha sobrinha Vega Grant. Ela chegou da Espanha ontem, procurando um lugar tranquilo para terminar sua tese de doutorado.
Kate finalmente tirou os olhos de Martin para colocá-los nela e não pareceu gostar muito do que viu. Vega admitiu com relutância que a ruiva era atraente, mas, para seu gosto, ela tinha curvas em excesso em todos os lugares.
- Eu não sabia que você tinha uma sobrinha tão velha.
- Eu também não - comentou o garoto que estava com ela -, mas estou encantado por você ter decidido vir a este lugar perdido. Sou Adam - ele acrescentou estendendo a mão com um olhar apreciativo -, irmão de Kate.
-Encantada, Adam.
- Você parece jovem demais para ter terminado uma graduação - Kate comentou com desprezo, descartando Vega como uma filha insignificante -. Qual é o tema da sua tese?
-«Reinventando a periferia; para uma redefinição do papel das periferias internas da região metropolitana de Madri».
Houve um silêncio e, sem saber o que dizer, a ruiva tomou um gole de cerveja.
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O protetor
RomanceDiante da ameaça de um possível sequestro, o pai de Vega a obriga deixar Madri e voar para Londres, onde Martin Grant, um ex-membro da força de segurança de seu pai, se encarregará de protegê-la. O atraente Martin fará Vega passar como sua sobrinha...