Anna Lizzie
Milão
Junho 2022As pessoas costumam dizer que tudo na vida é passageiro. Costumam dizer que você só será feliz se tiver um celular ou um carro do ano. Mas será que elas sabem que bens materiais estão sempre em evolução e que a felicidade dura até você se acostumar com o produto?. Costumam dizer que você só se sentirá realizado se fizer uma viagem para um destino paradisíaco. Mas será que elas sabem que existem diversos lugares paradisíacos no mundo? Costumam ainda a te moldar para formar uma família feliz com um amor inesquecível. Mas será que elas sabem que um amor pode se tornar esquecível na mesma proporção?
Mas sinceramente? Eu não acho que tudo na vida é passageiro. Não acho que você conheça uma pessoa por acaso. Não acho que antes da tempestade venha o sol. Não acho que a felicidade seja algo momentâneo e que a tristeza seja algo eterno. Talvez o único sentimento que eu quisesse que fosse passageiro é a saudade. Mas infelizmente, ela não é. É como se cada dia ela ficasse ainda maior. E é esse sentimento horrível que eu carrego há algumas semanas, desde que perdi meu pai.
Giovanni Ruggiero era a minha pessoa favorita no mundo. Nós não escondíamos segredos um do outro. Pelo menos eu achava isso, até descobrir que o motivo da morte dele foi um câncer que já estava em estado terminal quando ele descobriu, 3 meses antes. Ele sabia que cada dia e cada momento que colecionamos juntos em família seriam os últimos, mas ele não nos contou.
Era uma sexta-feira chuvosa na qual eu tinha reuniões importantes na redação da ItalyTv e mal tive tempo de checar o celular. Me lembro apenas que Giordana, minha melhor amiga, entrou na sala de reunião e pediu que eu a acompanhasse. Foi ela quem deu a pior notícia da minha vida. Eu não queria acreditar. Eu queria que fosse um pesadelo e que eu acordasse o mais rápido possível tendo convicção de que tudo aquilo não passava de invenção da minha cabeça. Mas infelizmente era tudo realidade.
Desde então eu sinto que tenho perdido um pedaço de mim a cada dia que passa. Minha vida se resume a passar o dia na redação e depois vir direto para casa, mais especificamente para o escritório que era do meu pai. Nossas fotos nos porta retratos enchem meus olhos de lágrimas quando eu me lembro de todos os momentos incríveis que vivemos juntos.
- Uma hora você vai cansar de fazer todo dia a mesma coisa, não acha? - Disse Francesca,minha mãe enquanto se sentava ao meu lado no sofá do escritório.
- Não acho - Respondi mantendo meu olhar para o porta retrato, que tinha a foto da última viagem que fizemos para o Brasil, em 2015, quando eu tinha 16 anos.
- Mas de me responder rispidamente você não se cansa - Respondeu - Eu não tenho culpa da morte do seu pai, Anna Lizzie.
- Eu nunca te culpei por isso - Respondi me levantando - Mas acho engraçado a senhora querer bancar a mãe que se importa com a filha depois de me desprezar por tantos anos.
- Eu só vim pedir para você não ir embora - Ela disse em um tom baixo - Por favor...Eu sei que seu apartamento já está pronto, mas eu...eu não estou preparada para ficar sozinha. Sua irmã vai se casar logo logo e essa casa vai ficar vazia demais para eu viver sozinha.
Antes do meu pai morrer, eu estava montando um apartamento não muito longe aqui de casa para finalmente ter a minha própria vida. O apartamento já está pronto e todo mobiliado. Minha mãe nunca opinou a respeito e sequer foi visitar o local. Nossa relação está estremecida há muitos anos. Ela não concorda e nem nunca concordou com a profissão que escolhi para a minha vida. O sonho dela era me moldar para que eu fosse igual a ela. Sempre me perguntei porque com a minha irmã tudo sempre foi completamente diferente, mas nunca obtive uma resposta concreta. Lauren, minha irmã, diz que é porque eu sou a cara da nossa mãe, e então ela imaginava o meu futuro igual ao dela, sendo médica.
Engraçado pensar que na verdade, apesar das características físicas, eu era completamente apegada o meu pai enquanto Lauren, que tem cabelos pretos e olhos azuis, assim como a nossa avó paterna, é completamente apegada a nossa mãe.
- Eu não vou - Respondi olhando para ela - Não agora.
- Eu fico feliz que você não vá - Ela se levantou e veio na minha direção - Espero que você comece a repensar as decisões que tomou na sua vida.
- Eu vou para o meu quarto - Falei indo em direção a porta, que já estava aberta - E não tenho pretensão de repensar nenhuma decisão da minha vida e a senhora sabe muito bem disso.
- Você errou tantas vezes, Anna Lizzie - Ela disse em tom de deboche. Agora sim Francesca Ricci Ruggiero estava sendo ela mesma - Errou quanto escolheu essa péssima profissão, errou quando largou o futuro brilhante que você tinha na indústria fotográfica, errou quando largou...
- Não continue essa frase - Aumentei o tom - Não fale que eu errei quando claramente eu fui a vítima da história - Preferi não ouvir o que ela iria dizer e segui em direção ao meu quarto.
Não bastava lidar com os problemas do presente, ainda tenho que lidar com os problemas do passado, problemas esses que eu coloquei em uma parte do coração que eu jamais abri para ninguém, mas que minha mãe sempre faz questão de lembrar em toda e qualquer ocasião que tem oportunidade.
A única coisa que eu espero é conseguir aprender a conviver com a saudade e quem sabe assim, estar disposta a viver novas coisas. Mas atualmente, a única coisa que eu consigo ver ao me olhar no espelho, é uma Anna Lizzie sem perspectiva de viver momentos felizes novamente.
✨
Sejam bem vindos ❤️
Postei esse prólogo para vocês conhecerem um pouquinho da nossa personagem...já deu para ver o 2022 dela também não foi dos melhores 🥹Dia 16/10 sai o primeiro capítulo oficial da fic hehe não percam ❤️
beijos & beijos
take care 💓
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so ancora amare (2º temporada) - Charles Leclerc
Fiksi PenggemarApós um 2022 frustrante, no qual Charles Leclerc viu a quem achava ser o grande amor da sua vida lhe abandonar e a perda do título mundial a poucas voltas do final da última corrida da temporada, o piloto não tem nenhuma pretensão para 2023 que não...