「 01 」

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O emprego como produtor lhe pagava uma quantia razoavelmente suficiente ー ao menos por enquanto. Hoje, Yoongi completava seus cinco meses de gestação e não estava sendo fácil lidar com olhares julgadores por ser um ômega jovem e não marcado carregando uma criança em seu ventre. Agradecia muito a Park Jimin e sua irmã, a Jiyeon, por lhe darem suporte emocional e agradecia ainda mais a Kim Namjoon, seu melhor amigo e padrinho babão ー coisa que ele mesmo se intitulava ー por estar tão presente em sua vida, agora ajudando a adaptar o apartamento que dividiam para a mais nova integrante ー descobriram no último ultrassom que seria uma menina.

Era noite e Yoongi alisava a barriga volumosa enquanto conversava com sua bebê. Aquele havia se tornado um costume seu desde que ouviu o coraçãozinho bater pela primeira vez.

ー Sabe, bebê, eu não sei como vai ser quando você estiver aqui, mas eu vou fazer de tudo para ser o melhor pai desse mundo. ー disse com toda sua convicção e suspirou. ー Desculpe não ter achado seu outro pai, mas parece que ele virou fumaça… de qualquer forma, não importa, eu vou ser suficiente para você.

Entre uma jura e outra para sua filhote, Yoongi, repentinamente, ficou pensativo por alguns instantes: será que sua filha seria parecida com ele?

ー Olha, bebê, ele era bonito pelo que me lembro, mas se esforça para ser, pelo menos, um pouquinho parecida comigo, por favor. ー pediu, embora soubesse que suas palavras não fizessem sentido algum para a bebê.

「❀」

O quarto de Yoongi havia sido adaptado para ter um bebê: a parede onde ficavam seus pôsteres do Poderoso Chefão e sua prateleira de livros e DVDs deu lugar ao lilás com um armário infantil branco e um berço da mesma cor, juntamente a pelúcias que eram presentes de seu irmão e amigos.

Há alguns meses, exatamente dois, os irmãos Park e seu amigo Namjoon estavam montando tudo e pintando a parede, já que Yoongi, com uma gestação de sete meses, não seria capaz de fazer tudo isso sozinho, ainda mais com seus pés inchados e seios doloridos. Por isso, seus três amigos fizeram tudo sob sua supervisão, ele ficou extremamente grato por tudo e agora o quarto estava apenas aguardando a chegada dela, a Min Yesoo. Não era um problema para nenhum dos três, que fizeram tudo de bom grado e construíram lembranças preciosas que, posteriormente, seriam compartilhadas com a pequena Min.

「❀」

Era início de junho, o verão havia chegado à grande Seoul e junto a ele as contrações do ômega também chegaram, avisando que a pequena Min estava pronta para vir ao mundo. Yoongi não imaginou que seria tão difícil assim dar a luz, as dores vinham em intervalos cada vez menores, deixando-lhe absurdamente assustado e com medo de não sobreviver a isso e deixar sua pequena desamparada no mundo. Céus, essa ideia lhe apavorava! Ele teria que ser forte e foi, pois, depois de algumas horas, lá estava ele, ainda de olhos fechados, ouvindo o som estridente e forte do choro de sua filhote. Ele não conteve suas emoções e sorriu, pensando que enfim tinha feito um bom trabalho.

Logo, ela foi dada a si e quando pegou aquele corpo frágil pela primeira vez todo seu ser foi inundado por um amor tão grande e forte que não sabia como descrever. Ela estava ali em seus braços com aqueles olhos curiosos lhe analisando por alguns instantes e então ela sorriu, um sorriso banguela muito lindo, doce e puro. Ali estava o real motivo para continuar, perdido naquele rostinho rechonchudo, onde viu todos os seus problemas desapareceram.

Mais tarde ele recebeu a visita dos seus três amigos, que admiravam consigo a pequena deitada no berço tão tranquilamente. Yesoo nasceu pesando um pouco mais de 3.900 kg, com seu choro forte e cheirinho de menta suave, mas ainda presente, e todos ali concordavam que Yoongi tinha dado a luz a uma garotinha alfa.

ー Garota, você deve ter acabado com seu pai! ー disse Jiyeon, rindo. ー Sério, Yoon, é grande para um bebê.

ー Se for uma alfa, não. ー constatou Namjoon, sentado ao lado do melhor amigo. ー Como você está se sentindo?

ー Com sono. ー respondeu o Min sem preâmbulos. ー Mas aliviado por ela ter nascido bem, teve uma hora na sala de parto que achei que iria morrer.

ー A mamãe disse que é assim mesmo. ー Jimin pegou a bebê cuidadosamente em seus braços. ー Quando ela foi dar a luz a mim e a Jiyeon pensou que ia morrer lá, mas era só ansiedade mesmo. Ela disse também que deu sorte de nós dois sermos ômegas, pois bebês betas e alfas são grandes.

ー E quando você vai poder voltar para casa? É meio chato não ter ninguém para encher o saco. ー brincou o alfa Kim.

ー Talvez amanhã a tarde, de qualquer jeito eu iria te avisar por que é você quem vem nos buscar.

Quando todos foram embora, Yoongi voltou aos seus devaneios sobre o futuro, como seria quando ela crescesse e perguntasse onde está seu outro papai e isso lhe atingiu em cheio. Não se arrependia de ter dado continuidade a gravidez, pois, olhando para esse rosto bochechudo, percebeu que não existia decisão melhor.

A equipe da maternidade passava pelo quarto com olhares curiosos, analisaram o alfa Kim de cima a baixo e constataram que não havia semelhança alguma, além de que a pequena alfa levou o sobrenome do pai ômega.

Seus pais não haviam ido visitá-lo durante a gestação, ouviu palavras amargas de sua mãe e o silêncio ensurdecedor de seu pai. Para eles não existia vergonha maior do que o filho ômega ter dado a luz a um filhote sem ao menos saber quem é o outro pai. Os Min sempre foram tradicionais demais, aceitar que o filho saísse de casa aos dezoito anos foi uma guerra e ver que ele trabalhava com música ー algo que para eles não existia solidez ー foi terrível, mas isso… ah, isso os cortou no meio! Sua mãe até tentou fazê-lo mudar de ideia, entregar a criança a um orfanato ou procurar alguém para casar e assumir sua cria e lhe dar um sobrenome, seu melhor amigo foi, até mesmo, cogitado para o papel. Ideias absurdas, diga-se de passagem, e obviamente foram negadas de imediato e Yoongi assumiria toda a responsabilidade por seus atos de cabeça erguida, já que não havia do que se envergonhar. Ser ômega solteiro com um filhote para criar não seria fácil, mas estava mais do que pronto para enfrentar seja o que for.

Naquela mesma noite, Yoongi ajeitava sua filhote para dar de mamar. Já em seu colo, ela cheirava seu peito em busca de alimento.

ー Calma, sua gulosa, papai já vai te amamentar. ー assim que seu seio estava livre, ela o sugou. ー Ah, meu amor, se não fosse essas suas bochechas fofas ninguém diria que é minha. ー suspirou, alisando o couro cabeludo da bebê. ー Você é a versão feminina dele… ー ela o encarava com seus olhos puxados e tão escuros quanto a noite. ー Mas você é só minha, Yesoo.

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