One Short's de Terror

"No escuro"

Andei devagar, dando um passo de cada vez ouvindo o barulho quase inaudível de meus pés descalços contra o chão de pedra gelado, se não fosse pelas grandes janelas que refletiam no corredor que parecia infinito, eu não veria um palmo a minha frente.

Estava assustada. O silêncio era tão grande que meus ouvidos apitavam em aviso, eu sentia o frio me agarrar cada vez mais e minha pele implorando por uma fonte de calor.

Parei lentamente e olhei para todos os lados vendo que tinha andado pelo menos metade do corredor mas ainda parecia muito longe da saída.

Percebi que o silêncio pareceu aumentar, minhas mãos rígidas de frio estavam esquentando, o ar não estava frio e sim morno, achei que isso seria bom, mas quando olhei para uma das janelas que havia do meu lado e vi o reflexo, o que me olhou não foi só meu próprio reflexo através do vidro, algo atrás de mim me olhava.

   uma mulher muito alta, quase 3 metros, parecia vestir um tipo de névoa negra e espessa, seus olhos eram completamente brancos porém havia uma pequena camada incolor que revelava uma pupila transparente, seus cabelos negros tinham um aspecto molhado, sujo e oleoso, sua pele extremamente pálida estava cheia de queimaduras e manchas estranhas, suas mãos estavam ao lado de seu corpo exageradamente magro seus dedos longos e finos como facas, braços mais longos ainda e uma boca fina que parecia cortada dos cantos até  a clavícula fina que tinha seus ossos afiados e expostos.

Uma sensação estranha me adrentou e senti meu corpo paralisar, controlei minha respiração ao máximo possível e fechei meus olhos, sorrateiramente uma lágrima solitária escorre de meus olhos e cai sobre o chão gelado do local, acho que vou morrer...
Não quero morrer.

Senti a mulher ou o que quer que fosse aquilo se aproximar do meu pescoço lentamente, senti sua respiração leve em meu ombro, era morno, isso me confortou, pois pelo menos minha morte talvez não fosse fria
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Eu já morri? Não, ainda sinto o chão sobre meus pés, ainda sinto minha larga calça de algodão branca em minhas pernas, ainda sinto minha blusa de algodão branca e botões em meu tronco. Estou viva!

Abro lentamente meus olhos e encaro novamente meu reflexo, não há nada ali, nenhuma criatura, nada além da parede do corredor, parede está que não tinha janelas somente as paredes que eu encarava, olhei para trás cuidadosamente, também não havia nada.
Para onde ela foi? Eu não queria realmente saber.

Olhei para frente vendo uma porta de madeira distante e corri...
Corri como nunca, não olhara para trás em momento algum, ela estava aqui novamente e estava correndo atrás de mim como se estivesse brincando comigo.

Cheguei finalmente a porta de madeira, ela era estranha cheia de detalhes macabros mas não tive tempo de olhar e logo a empurrei passando para uma escada consideravelmente larga, ganhei coragem e olhei para trás somente para garantir que nada me seguia.

Alívio me contaminou quando não vi nada ali, decidi que seria melhor correr para fora dali agora, mesmo perdida desci as escadas o mais rápido que consegui e vi um novo corredor, cheio de janelas pelas duas paredes e no fim uma saída, duas portas enormes de madeira uma delas estava aberta e mostrava a neve pálida ao lado de fora. Minha saída finalmente!

Comecei andando e fui aumentando a velocidade estava quase lá faltava muito pouco, senti o ar ficar frio denovo e senti o chão esfriar mais a medida que chegava mais perto do fim do corredor lá fora estava muito frio mas já seria um alívio sair dali se não fosse por aquilo.

Uma dor aguda se fez em meu tronco principalmente em minha barriga e em minhas costelas, senti como se algo tivesse me perfurado, minha velocidade abaixou consideravelmente e comecei a mancar de dor, meus pulmões se contraíram pelo frio e então senti meu corpo doer e parar, fiquei ali imóvel por um instante e olhei lentamente para minha barriga, um par de garras longas e escuras perfurava ela dos dois lados um líquido vermelho profundo e igualmente escuro escorria em abundância. Meus olhos arderam, eu sabia que tinha acabado, desmaiei enquanto meu corpo voou no ar com um último olhar vi todo o caminho que tinha percorrido ficar para trás e novamente uma lágrima solitária escorreu enquanto ouvia a moça alta rugir e me puxar para a morte.

Para o escuro.

Cartas com aroma de lavanda para...
dudakata

- Aproveitem a leitura!

- Gueixa Honey.