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Em Yokohama, havia um lugar a qual eu considerava meu porto seguro, era uma quadra de basquete que ninguém usava, bom...eu nunca vi ninguém usando, sendo assim eu comecei a fazer daquele lugar meu refúgio.
Dizem que as mães não têm filho preferido, isso é uma completa mentira. Meus pais têm sim um filho preferido e é o meu irmão mais novo.
Tudo do bom e do melhor era sempre para ele, roupas, sapatos, celulares. Ele tinha um quarto gamer enquanto eu apenas o necessário para sobreviver. Na hora das refeições o prato maior era sempre dele,enquanto eu ficava com as sobras...E as vezes nem sobras tinha.
Gostava de vim a esse lugar para ler,pintar ou ouvir música. Hoje eu estava apenas fazendo meu dever de casa, como a número um da turma ganha que manter meu status e tentar pelo menos...agradar minha mãe.
Ter uma mãe narcisista...não era algo fácil.
Uma grande movimentação de passos chamou minha atenção, olhei de relance para fora das grades da quadra,encontrando um grupo de pessoas, todos eram adultos e andavam tranquilamente. Sorrio com a cena inesperada, geralmente nessa região era lotado de delinquentes.
Olhei para o céu e percebi que estava ficando tarde, recolho minhas coisas,fazendo o menor barulho possível e mesmo assim atraio os olhares daquele pequeno grupo. Eu não me considero uma beleza rara, meu cabelo é curto e castanho com as pontas mais longas, uso óculos de leitura e tenho baixa estrutura...isso é algo de nascença já que toda a minha família por parte de mãe é extremamente baixa, para comprar sapatos eu tenho que ir na sessão infantil pois eu calço 33.
Mas eles não fazem nada, apenas me observam e depois seguem o caminho deles, não é como se eu fosse alguém que chamaria a atenção de um grupo tão bonito.
-- senhorita número um? -- ouço alguém dizer e me arrepio por inteira.
Era o delinquente da minha sala, Kanji Mochizuki, aquele que já deixou um professor hospitalizado pois ele assediava as alunas...eu era uma dessas alunas.
-- Oi, tudo bem? -- tento ser gentil e ele me olha
Na verdade o grupo dele tava me olhando...denovo
-- o que fazia aqui? -- ele pergunta
-- estudando -- mostro meu caderno e o livro de matemática -- e você apenas passeando né mocinho.
Finjo estar irritada e coloco a mão na Cintura, ele me encara com a sobrancelha erguida mas logo abre um sorriso imenso.
-- Fazer o que né,nem todos são prodígios.
Ele não falou para machucar e sim para deixar o clima menos tenso, na verdade era estranhamente bom, conversar com ele.
-- Preciso ir pra casa, espero ver o senhor na aula amanhã-- sorrio
-- Não me peça o impossível senhorita número um.
Olho para os amigos dele, e me curvo cumprimentando eles.
-- prazer em conhece-los, sou Harue Uchiyama, por favor continuem cuidado do senhor Mochizuki Kanji. E espero que o façam ir a aula amanhã.
Eles me olham intrigados e eu volto para Mochizuki que me olhava.
-- amanhã é dia de comida livre,não teremos aula -- sorrio-- e você gosta de comida chinesa certo?
-- Você??
-- uhum,vou levar culinária chinesa...pode dividir comigo? -- ele me olha radiante
-- será uma honra, senhorita número um.
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