Capítulo 9 - Fachada

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Quando acordei, eu tava com uma ressaca do caralho, mas ainda era sábado, então tudo bem. Peguei o pijama que o Matt tinha me dado, que eu não vesti, e joguei de volta nele. Ele fez um barulho qualquer e mudou de posição. As pessoas parecem tão idiotas quando dormem.

Fiquei ali por mais um tempo olhando pro teto do quarto do Matt. Era bem diferente do meu. É. Eu tava sem assunto pra caralho, e não sabia se já tava na hora de ir pra casa. Eu queria mesmo era nunca mais aparecer por lá. A mãe do Matt podia me adotar. Logo eu seria maior de idade, nem ia custar muito. É o caralho, eu tava muito bem sem mãe aquela hora. Queria tá sem pai também, pra falar a verdade. O que me fodia pra voltar pra casa era o risco de encontrar aquele filho da puta por lá. Pior, com a vadia dele. Agora que eu não precisava mais fazer teatro pra minha mãe, com certeza eu mataria a vadia na primeira oportunidade. Acho que eu matava só no grito:

Eu: SUA PUTA!
Matt: Que isso, Thommy? - ele mudou de posição de novo, esfregando os olhos. O Matt ficava bizarro sem óculos pra mim.
Eu: Foi mal, velho. Não era pra sair alto. Não era pra sair. Pensei alto.
Matt: Hm. - e dormiu de novo. Como assim?!

E a Bruna, hein, cara? Fiquei ali deitado pensando. Estranhei que eu não tivesse sonhado com ela. Fazia tempo que eu não sonhava com nada. Mas o que é que ela queria? Pedir pra eu tomar cuidado com o Vinão? Ah, vai te foder. Pouco me fodo pra aquele gordo escroto que ele é, e só não disse isso pra ela porque tava muito travado na hora, mas é o que eu penso. Um gordo escroto e uma vadia que me deixa travado, que belo casal. Vão ter filhos muito bonitos.

Meu celular tocou. Só podia ser o Fred. Hm, número desconhecido. Eu não costumo atender meu celular nunca, muito menos quando não conheço o número, mas eu não tinha nada a perder. Tava acordado fazia tempo e o Matt não fazia o mesmo logo, já tava me angustiando. Vai que era o Fred ligando do celular da mina nova dele.

Eu: Alô?
!: Thomaz? - era voz de mina. Opa.
Eu: Oi. Quem é?
!: Tu não marcou meu número quando te mandei mensagem?

Caralho! Era a ruivinha.

Eu: Ah, oi! Não, nem marquei, meu celular tá com um problema, a tela tá escrota, tal. - que mentira.
Clarissa: Ah.
Eu: Pois é. - mandei mal na desculpa. Fodeu.
Clarissa: De qualquer forma, quer fazer alguma coisa hoje?
Eu: Tipo o quê? - Por que eu não aceitei de uma vez? Pra que essa viadice?
Clarissa: Não sei. Tem uma chopperia legal aqui perto de casa, eles liberam pra entrar menores de idade.
Eu: E beber?
Clarissa: É, né?
Eu: Pode ser. Tu mora onde?
Clarissa: Te mando mensagem mais tarde. Beijo. - e desligou.

Comecei bem o dia, com um convite pra sexo disfarçado com um choppinho antes de tudo. Essas gurias não sabem mesmo ser sutis. Ainda era perto da casa dela.

Perdi a paciência de ficar esperando o Matt acordar e resolvi ir embora. Não sabia pra onde, mas precisava tá na rua aquela hora. Esbarrei a mãe dele no corredor.

Eu: Bom dia, Solange.
Solange: Bom dia, Thom! O Matheus ainda tá dormindo? - ela era sempre muito simpática, tava sempre de bom humor. Não sei mesmo como ela conseguia.
Eu: Tá sim. Eu já levantei porque preciso ir pra casa, meus pais devem tá preocupados. - ô. Meu pai comendo uma vadia loira e minha mãe brincando de fazendinha na casa da minha vó.
Solange: Tá certo, a gente se preocupa mesmo… - podia ser paranóia minha, mas ela parecia não acreditar.

Sorri.

Solange: Olha, leva umas bolachas que eu comprei pra vocês ontem, achei que fosse ficar mais tempo aqui. E um suco também. Tu gosta de chocolate, né?

Ela preparou uma sacola cheia de coisas pra mim. Ela não imaginava o favor que tava me fazendo, porque eu não sabia quando ia ver meu pai de novo e tava sem grana pra caralho. Agradeci, e tive de ir pra casa pra deixar a sacola lá, pelo menos.

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⏰ Última atualização: Oct 04, 2023 ⏰

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