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Bernardo Alves | Escorpião 🦂
00:41 pm
Complexo do Alemão, Rio de Janeiro

Traguei um de leve apenas pra refrescar as ideias.

Dia hoje foi mó corrido, o bagulho das contas não tá batendo e eu tou ligado que tem cabueta pelo meio.

Vou abrir mais meu olho com esses mano daqui, não se pode confiar em ninguém nesse mundo e pode ser até quem dorme na mesma cama que tu.

Rolou mó parada de doido com a morena lá e eu tou ligado que vacilei feião com ela no passado.

Ela não me perdoou até hoje, e eu sei que deve perdão pra mina.

Na época eu não tinha mentalidade nenhuma das ideias, moleque novo e tinha acabado de entrar nessa vida de crime pra me sustentar.

Corri atrás de altos trampos no asfalto mas sabe como é né, o sistema é opressor com quem veio da quebrada e é preto.

Minha única saída foi o crime e o crime me acolheu.

Quando se acaba de entrar só tem uma parada na mente.

Dinheiro, mulheres, luxos e drogas.

E isso pra mim era vida, principalmente a parte de ter todas as mulheres que eu sonhasse aos meus pés.

Vacilei feio e agora preciso reconquistar a Heloísa.

Nunca corri atrás de ninguém mas reconheço que dessa mina eu preciso correr porque não vai ser nada fácil conquistar a nega lá.

Soltei a fumaça do baseado e observei a vista do morro pela janela do meu quarto, ultimamente a última coisa que tenho feito é dormir.

Altas paradas na cabeça e comandar um morro não é nada fácil, uma coisa que não preciso fazer agora é dormir agora.

BH mandou um aviso dizendo que queria o desenrolo da grana sumindo das boca de fumo.

Não queria abrir a boca avisando que tem x9 aqui porque vão questionar minha competência pra comandar o Complexo.

Não sou o mais poderoso desse meio do crime, acima de mim tem vários que tem mais poder que eu.

Mas meu plano é ser patente alta, e eu vou conseguir o que quero.

Não tenho nem ideia de sair desse meio, isso aqui é a minha vida e eu dependo disso para viver.

Avistei os vapores se revesando nos turnos de ronda pra monitorar o morro.

De longe já avistei o Cobra saindo do turno dele e subindo passando por frente da minha goma.

-- Ae! -- Falei alto o suficiente pra ele escutar.

-- Ai, filho de uma puta -- Colocou as mãos no joelho -- Faltou me matar do coração.

-- Nem parece que é bandido.

-- É que você me desconfigura toda amor -- Começou com as graças.

-- Sobe ai -- Soltei a fumaça do meu baseado.

-- Achei que nunca ia falar isso -- Correu igual uma gazela até a porta da minha casa.

Fiquei indignado quando os vapores liberaram de primeira a entrada desse viado.

Muita moral mesmo, depois vou desenrolar isso com eles.

Ficam liberando a entrada do pessoal sem a minha permissão, não é assim que funciona aqui não.

Entre o tráficoOnde histórias criam vida. Descubra agora