Entre o tráfico

05

Bernardo Alves | Escorpião 🦂
23:40 pm
Rio de Janeiro

Entrei na sala onde seria a reunião e fui direto me sentar sem render papo pra nenhum desses comédias.

Aqui é um ninho de cobras, não se dá pra confiar em ninguém.

O cheiro de maconha tava por todos os cantos.

Tive o grande azar de sentar de frente pro Urso que me encarava com cara de deboche.

Meter um tiro na cara desse filho da puta.

–– Solta o teu papo primeiro, Escorpião –– Professor, o chefão do CV falou me olhando.

–– Silva vai entrar no meu morro daqui 1 mês e eu queria o teu aval pra pegar uns novos armamentos ai –– Fechei a cara.

–– Tu já tem o meu aval, tá querendo mais o quê? –– Deu um trago no cigarro de maconha que tinha na mão dele.

Cocei a cabeça.

–– Não é qualquer armamento –– O olhei e ele já entendeu o que eu quis dizer.

–– Solta essa fita direito!

–– Quero esses armamentos –– Fiz sinal pro Cobra entregar o papel pra ele –– Meu informante me mandou a visão que o Silva vai vim com tudo, os mais pesados, blindado e tudo.

Joguei umas fotos em cima da mesa.

Lá tinha de tudo, dos armamentos mais pesados aos melhores carros blindados.

Ele passou um bom tempo encarando o papel junto com as fotos e eu já tava era ficando nervoso.

Tá maluco.

–– Tu tem até três semanas pra conseguir esses armamentos! –– Se jogou na cadeira.

Três semanas?! Puta que pariu.

Demora pra caralho pra chegar no Brasil.

Mas fazer o quê né, melhor que nada.

–– Firmeza então! –– Recolhi as fotos.

O resto da reunião correu de boa, só os manos falando sobre possíveis planos caso ocorra alguma invasão e armamentos.

Prestei o máximo de atenção possível, daí que posso tirar ideias de bolar um plano pra acabar com o filho da puta do Silva.

Quando acabou já sai da sala pilhado pensando em como eu ia fazer pra descolar a porra dessas armas em três semanas.

De longe avistei a Heloísa em um sofá conversando com a nega que veio com o Cobra.

Nunca vi essa guria por aqui.

Bem fácil ser do asfalto.

Essas filhinhas de papai tudo ama sentar pra traficante sem o pai saber. Quando a bomba estoura colocam a culpa toda em cima dos mano.

Rico é só caô.

–– Bora meter o pé –– Olhei para ela.

A nega do lado falou me comer com os olhos, não parou de olhar nem por um minuto.

–– Perdeu o cu na minha cara? –– Fiz a mina ficar com maior vergonha mesmo.

–– Vamos embora logo daqui! –– Heloísa me olhou com cara feia se levantando.

Tou nem ai, eu falo mesmo.

Peguei na sua mão e a levei para fora dali.

Só quero dormir sossegado na minha cama, tou cansado pra porra.