três.

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Satoru Gojo começou a morar sozinho no auge de seus dezenove anos. Desde que se formou no ensino médio, sonhava em morar só. E esse sonho não demorou muito pra se realizar. Apesar da rebeldia na adolescência, sempre fora um rapaz muito tranquilo dentro de casa. Seus pais compraram um apartamento para o filho único, ajudando-o a decorar o pequeno local do gosto do mesmo.

Era um apartamento pequeno — a sala era dividida com a cozinha, tendo três portas ao lado, indicando-banheiro, quarto e a varanda —mas era confortável o suficiente para um rapaz solteiro e dois gatos. Gojo jamais havia levado alguém lá, até mesmo seus amigos. Também nunca recebeu nenhuma visita além de seus pais que moravam no bairro vizinho.

Mais uma vez, o albino acordou reclamando com o sonho, nunca conseguindo ver o maldito rosto de seu par. E logo, o som do despertador se fez presente. Todas as manhãs se perguntava o motivo de ter entrado na maldita faculdade. E assim, começou a sua manhã, nada muito diferente do habitual. Shoko havia combinado com o rapaz para se encontrar na cafeteria novamente, levando Riko.

Dessa vez, Satoru chegou cedo no local, encostando sua bicicleta junta de outras que estavam na região. Avistou as meninas sentadas próxima ao caixa e se sentou com elas, se intrometendo na conversa.

— Já fizeram o pedido de vocês?

— Não, não, estávamos te esperando. — A de cabelos curtos falou enquanto encarava Suguru se aproximar com um caderninho em mãos. O avental ficava tão fofo nele.

— Uma fatia de bolo de cenoura com recheio de chocolate acompanhado com um cappuccino e um chocolate quente, estou certo? — Suguru questionou já sabendo da resposta de ambos. — E a senhorita? — Apontou a caneta para Riko. A menina virou um tomate.

— E-eu... Eu vou querer um café caramelizado e um donuts de baunilha, por favor.

Riko só faltou desmaiar enquanto falava, mal conseguindo olhar para Suguru, logo um rapaz que via todos os dias na faculdade, era estranho ficar desse jeito.

— É pra já! — Terminou de anotar os pedidos e guardou o bloquinho no bolso do avental, se afastando aos poucos. — E Satoru, para de ficar comendo os sachês com nutella!

O pessoal da mesa riu e Satoru negou com a cabeça, começando a mexer em seu celular. Shoko e Riko cochichavam alguma coisa mas não deu muita importância, era papo de "mulher".

Com os pedidos quentinhos em cima da mesa, começaram a comer, notando que mais um prato fora colocado ali ao lado de Satoru. Era o Suguru. Ele se sentou ao lado do rapaz, não vestia mais o avental.

— Vou conseguir ir com vocês hoje, o chefe me liberou mais cedo por não estar tão cheio. — O moreno esclareceu enquanto cortava um pedaço da torta e comia.

— Vocês já começaram a fazer a maquete? — Perguntou Shoko.

— Vamos começar hoje. — O albino respondeu, vendo o moreno balançar a cabeça confirmando, enquanto mastigava o bolo macio.

[...]

Uma bolinha de papel fora arremessada contra a cabeça de Gojo, rapidamente procurando um culpado mas todo mundo prestava atenção no professor.

"para de mexer no celular e presta atenção na aula, satoru"

Seu olhar caiu sobre Suguru, que olhava fixamente para o albino, apontando com o queixo, indicando para ele olhar para o professor. Sem reclamar, Satoru deixou o celular de lado e apoiou os cotovelos na mesa, relaxando o queixo contra sua palma, enquanto olhava para frente. Vez ou outra, olhava para o moreno.

Satoru nunca havia se sentido assim. Apesar de se considerar um homem bissexual, nunca se relacionou com nenhum outro homem, nunca deu nem um mísero selinho. Pra falar a verdade, Suguru não tinha nem um pouco "cara de bissexual", muito pelo contrário.

once upon a dream. | satosugu.Onde histórias criam vida. Descubra agora