Cap 1

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Eu estava descendo a rua do morro, descalsa e com o meu nariz sangrando. Não é muito seguro uma moça descer o morro sozinha, ainda mais se essa moca estiver com as roupas que eu uso no momento, uma blusa xadrez rasgada que deixa meu sutiã aparecendo e meus seios que estão quase aparentes e um short jeans bem curto pois n tinha condições de comprar novos sempre e aquele nem servia direito mais, eu tinha um corpo bem avançado até pra uma menina de 14 anos. Eu descia o morro sem rumo, não queria ficar mais lá, tinha perdido minha mãe a minha única família a uma semana para "bexiga" (varíola) e des de o dia de sua partida a minha vida se tornou um inferno, eu estava sobre os cuidados do meu "tio", aquilo nem era pra ser considerado uma pessoa. E hoje foi a gota d'água quando ele chegou bêbado e cheirando a drogas e tentou me agredir, eu não sou uma pessoa que aceita as coisas calada então quando ele partiu pra cima de mim desferi um soco na cara dele, foi uma briga e tanto eu também ganhei um soco na cara pegou no meu nariz, que aliás está sangrando bem menos, eu decidi que ia embora dali eu ia pras cidades da Bhaia, procurar algum lugar pra fixar uma "moradia". Desci o morro rápido, apesar de saber me defender eu ainda tenho um pouco de medo do que esses canalhas que moram aqui podem fazer. Caminhei durante muito tempo até chegar nas ruas da Bhaia mais foi só quando eu cheguei lá me lembrei de uma coisa.. Eu simplesmente não sei andar aqui, não conheço ninguém.

"Puta merda agr fudeu" eu falo pra mim mesma em um tom baixo. Sem saber pra onde ir eu me sento na porta de uma igreja pra pensar no que fazer, pelo menos eu tinha dinheiro.. não era meu honestamente pq eu roubei de uma mulher enquanto vinha pra ca.. mas era meu agr né. Começo a pensar e nem percebo quando um menino de óculos se aproxima de mim junto de um negrinho. Não ia nem notar a presença deles se o menino com os óculos não tentasse puxar papo

"Tu é daqui?" Ele perguntou

"Sou não, eu vim do morro" falo receosa

"Qual sei nome" o negrinho fala

"Eu me chamo Maria Fernanda e..voces?" Eu pergunto

"Ele é João Grande e eu sou o Professor, prazer em te conhecer Maria"

"Quantos anos vc tem?" João Grande pergunta

"14 e voc-" sou interrompida por professor

"Tu não parece ter 14, tem muito corpo pra sua idade" ele fala rindo em forma de elogio

"Tu tem onde ficar? Tu disso que não era daqui" João Grande pergunta

"Obrigado pelo elogio professor.. e não eu ainda não tenho a mínima ideia de onde eu vou ficar João Grande" eu falo

Eles se entre-olham e professor pergunta se eu quero ir com eles, dizem ser um bando que acolhem "crianças de rua" eu decido ir com eles depois de muita insistência. Chegando lá entramos no trapiche e não demorou muito até aparecer mais meninos lá perguntando sobre quem seria "eu".

"Quem é essa" um menino manco fala

"Que peixão em" outro retruca

Não demorou muito pra que já estivesse muito menino me "arrudiando", e como ali não era o meu lugar eu não pretendia causar confusão.. ou melhor MAIS confusão do que já estava lá. A maior baterna João Grande e Professor estavam me "defendendo" daqueles mulekes até que um aponta uma navalha pro João Grande o menino parecia um cangaceiro

"Parem com isso gente é só uma criança" professor fala

"Já tem corpo" alguém grita lá de trás

"Larga essa navalha Volta Seca" João Grande pede

"E lampião respeitava donzela?" Ele pergunta em um tom de deboche

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