Poesia de Vampira

4 - Vaso de Alisso

(Essa é uma teoria que uma amiga próxima me fez questionar sobre)

Você monta um vaso, feito de barro, você monta ele com a maior calma e paciência, ele demorou para ser feito, você exigiu muitos detalhes, até chegou a colorir ele, quando o vaso estava pronto, você pegou da melhor terra para plantar seu Alisso no vaso, e finalmente, ele estava pronto e decorado, você estava com muito orgulho dele e de si mesmo por ter feito, deixou-o na janela e saiu por um tempo.
Porém, quando voltou, pessoas queridas para você estavam em volta do vaso, e você perguntou "O que estão fazendo em volta do meu vaso?" E então começaram a falar.
"— Eu acho que tem uma falha na pintura"
"— Onde?" Você pergunta.
"— Isso é o de menos! Olha esse acabamento das bordas! Uma deselegância!"

Você não consegue acreditar no que está acontecendo.

"— A terra tá mal nutrida!"
"— Vamos jogar fertilizante!"
"— Essa flor não está meio mucha?"
"— Dá pra perceber que ainda não foi regada"
"— Precisamos de abelhas!"
"— Posso levar uma muda? Vou pegar a tesoura!"
"— Eu acho a do seu vizinho mais bonita"

E então todos começaram a tentar pegar seu vaso, você tenta agarrá-lo mas ele acaba andando nas mãos de um, de outro, e de outro, quando derrepente...
Seu vaso cai no chão, o vaso que você tanto trabalhou sua vida toda está em pedaços, sua flor foi pisada, sua terra derramada e seu vaso aos cacos, você tinha pensado em tantos detalhes, a pintura estava impecável, sua terra era a de melhor qualidade, sua flor a mais cheirosa da vizinhança, e tudo acabou num piscar de olhos, e todos foram embora, culpando você por não ter cuidado melhor, culpando VOCÊ por ter deixado os outros mecherem e tocarem, tentando se livrar de seus próprios fardos.

— Isso não é sobre vasos.
(Are you Satisfied? - Marina)