END GAME | Spencer Reid

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001 - Então, só queria dizer que amo vocês.

002 - Não esqueçam de comentar muito.

"Lar"

Martin Valdez

EU OLHEI PARA A TINTA QUE SUJAVA a pia do banheiro do apartamento de Spencer, havia decidido fazer meu cabelo voltar ao tom natural de ruivo, pois já estava cansada de olhar para aquele cabelo descolorido. A fachada de Annabeth McLean havia finalmente acabado e agora eu poderia voltar a ser eu mesma, mas dessa vez, eu era livre, havia conseguido me livrar dos demônios do meu passado.

O apartamento de Spencer era simplesmente deprimente, para dizer o mínimo.

O lugar não parecia uma casa de verdade, havia apenas dezenas de livros arrumados sistematicamente, tabuleiros de xadrez e o quarto dele estava perfeitamente arrumado sempre. Não parecia que alguém vivia de verdade ali, o que era bizarro, Spencer tinha sua vida inteira no trabalho e aqui parecia um lugar ocasional para dormir.

Eu sabia que não poderia reclamar muito, pois desde que voltamos a ficar juntos, ele havia começado a ter muito mais tempo livre, que normalmente era o tempo que ele gastava comigo. Spencer não se importava com bobagens como decoração, mas eu iria enlouquecer se não desse um jeito de arrumar aquele apartamento, de forma que realmente parecesse que alguém morava ali.

— Amor, eu trouxe o... O que você está fazendo?

Me virei para ele, percebendo o olhar confuso de Spencer enquanto olhava para a tinta e aquele momento horroroso que toda a mulher passa quando está no processo de ficar bonita.

— Oi, babe. Trouxe o chocolate que pedi?

Spencer arqueou a sobrancelha.

— Sim — respondeu, devagar — Está pintando o cabelo?

Era uma pergunta que tinha uma resposta extremamente óbvia, mas decidi ser legal, ainda mais porque nosso relacionamento já havia feito ele mudar diversas coisas em sua vida para se adaptar.

— Estou voltando ao meu cabelo natural. É trabalhoso demais cuidar de um cabelo descolorido.

Ele se apoiou na porta do banheiro, me observando com atenção.

— Eu acho que você fica linda de qualquer jeito — admitiu — seja com o cabelo descolorido ou com ele natural.

Senti meu rosto esquentar, mesmo após tanto tempo, eu ainda parecia uma garotinha boba toda a vez que Spencer me elogiava. Respirei fundo e olhei para o espelho, fazendo uma careta com o estado em que estava no momento.

— Obrigada.

— De nada, amor — ele disse, sorrindo — vou preparar o café.

Observei ele sair do banheiro e me sentei no chão, pensando em como tudo havia mudado em tão pouco tempo. Faziam exatos quatro meses desde que a gente havia voltado, eu tinha comprado um apartamento perto do prédio de Spencer e aceitei um emprego no FBI, acabei optando por ficar com a parte da papelada, pois não tinha saúde mental no momento para ficar nas ruas.

Todo o meu tempo livre era passado com Spencer, seja ele na minha casa ou eu aqui.

Eu nunca pensei que iria voltar a ficar com ele, mas agora que estávamos juntos de novo, tudo parecia fazer sentido.

Limpei a bagunça que havia feito e fui para a cozinha, onde ele estava preparando o nosso café da tarde. Estávamos aproveitando o final da tarde de domingo e eu não poderia me sentir mais feliz.

— Aaron está vindo para o jantar, aliás.

O encarei surpreso, pois definitivamente não esperava aquela informação.

— Mesmo?

— É, ele me enviou uma mensagem avisando enquanto eu estava no mercado — ele murmurou — alguma coisa sobre jantar em família.

Desde que saí do hospital, Aaron havia decido que éramos uma família, o que foi estranho n o começo, mas agora eu já havia desistido e simplesmente aceitado que não ia conseguir fazer ele parar.

— Então... — comecei, devagar — Qual sua opinião sobre decoração de casa?

Spencer me encarou.

— Hã... Irrelevante?

Suspirei dramaticamente.

— Resposta errada, amor — respondi, me apoiando no balcão — eu estava vendo aqueles programas de decoração e...

Ele fez uma careta.

— Por favor, não fale "conceito aberto" de novo.

Sorri de forma inocente, sabendo que ele estava começando a odiar aqueles programas de reforma que eu amava.

— Ainda não é conceito aberto, não se preocupe — retruquei — mas eu estou falando de algo como decoração mesmo, algumas fotos na parede, talvez até um quadro...

— Não me importo muito com isso, mas se você acha que precisa, fica à vontade para decorar.

Era tudo o que eu precisava ouvir.

— Obrigada, amor!

— Na verdade... — Spencer parou de preparar o café por um momento e me encarou, parecendo repentinamente nervoso — eu estava pensando que se vamos ter algo sério, provavelmente nos casando no futuro, seria bom morarmos em uma casa...

Olhei surpresa para ele, percebi seu rosto adquirir um tom avermelhado enquanto ele desviava o olhar, nervoso.

— Essa é a sua forma de dizer que quer construir uma família comigo?

— Sim.

Ri baixinho e me aproximei dele, jogando os braços ao seu redor.

— Vou procurar casas na internet — murmurei, feliz — você acha que dois quartos e um escritório está bom? Pátio? Oh, e se a gente adotar um cachorro?

Spencer sorriu, envolvendo minha cintura com seus braços.

— Sim, sim, mas sobre o cachorro, sugiro pensarmos melhor sobre.

— Eu te amo!