Parte 17

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Malu se sentou na cama e tirou os sapatos massageando os pés. Ela vestiu uma sapatilha plana que combinava com a cor do seu vestido e já estava se preparando para sair quando sentiu a corrente de ar entrar e gelar o quarto.

Ela voltou e foi até a imensa janela da varanda pensando em fechá-la, mas antes que o fizesse um casal conversando muito próximo um do outro no meio do jardim que foi usado como estacionamento lhe pareceu familiar.

A menina se aproximou do parapeito, tomando o cuidado de ficar no canto mais escuro e estreitou os olhos ao ver Bernardo e Isabela conversando. Menos de dois minutos de observação e o impacto de vê-los se beijar a atingiu inesperadamente.

Puta que pariu, ele puxou a menina com vontade e beijou pra valer. Malu nem piscava olhando pra baixo. O estacionamento estava bem iluminado o que não dava chances de nenhum engano.

Ela se afastou da janela sentindo a boca seca e o coração acelerado no peito. Há quanto tempo isso vinha acontecendo? Bernardo a tinha traído ou foi apenas um beijo? Caralho, um beijo era uma traição, ou não? Ela murmurou pra si mesma.

-Pense com clareza Malu. Você, um dia, também beijou o Tiago estando com o Bernardo.

Sim, ela tinha beijado o Tiago e tinha falado a verdade para o namorado. Ela teria que esperar pra saber até onde ira a honestidade de Bernardo com ela.

Uma coisa era conversarem sobre possíveis mudanças na relação deles, outra era ele enganá-la e beijar a amiga em sua festa de aniversário. Não queria que eles perdessem o respeito um pelo outro. Malu tinha certeza agora de que estavam praticamente terminados porque o Bernardo de um ano atrás morreria por ela e jamais pensaria em beijar qualquer outra mulher.

A moça se sentou novamente na cama. Não tinha vontade de voltar pra festa. Já era mais de uma da manhã, estava cansada e com a cabeça a mil. Ela tirou seu vestido e colocou seu pijama um pouco laconicamente. Logo depois se enfiou embaixo dos lençóis e ficou pensando em tudo que tinha acabado de ver, na sua vida, em Bernardo, em Tiago e até na Jana.

O filho deles já devia ter nascido à essa altura do campeonato. Será que eles tinham se casado? Ela ficou tentada a perguntar por ele da última vez que o Gu veio à São Paulo, mas achou melhor deixar pra lá e o Gu não falaria sem que ela questionasse. Agora, ali, sozinha em seu quarto, com a constatação de que ela e Bernardo já não eram mais um casal, ela pensou que daria um tempo na sua vida amorosa.

Bernardo voltou para o local da festa e olhou ao redor mas não encontrou Malu. Merda, estava se sentindo culpado. Não apenas por ter beijado a Isa, mas por ter gostado de beijá-la. Definitivamente ele estava em uma nova fase da sua vida, mas pensar em se separar da Malu lhe causava um mal estar, uma sensação ruim que ele não sabia como lidar.

Ele respirou fundo. Sua mãe veio até ele.

-Está tudo bem?

-Viu a Malu?

-Não. Ela deve estar por ai.

-Mãe, eu vou me deitar. Estou no meu limite.

-Tudo bem. Ninguém vai reparar. Todo mundo aqui sabe que você ainda está um pouco debilitado. Não se preocupe.

Ele concordou e saiu. Quando abriu a porta do quarto, Bernardo ficou surpreso em ver Malu debaixo dos lençóis.

-Má? Está tudo bem?

Ela se virou para olhá-lo.

-Sim.

-Desde que hora está aqui?

-Eu vim trocar meus sapatos e me senti muito cansada para voltar pra festa.

-Eu também estou exausto.

MALU - 2o.Coligado aos Agentes do BSSOnde histórias criam vida. Descubra agora