Capítulo 2

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Bree

Por um momento reina apenas o silêncio enquanto Blake continua me encarando como se eu fosse um fantasma. Talvez eu seja exatamente isso nas suas lembranças.

Um fantasma.

— Vocês se conhecem? — Acho que é Carly quem pergunta.

— Não. Não conheço essa garota. — Sua voz sai ríspida. E contém uma raiva que não estou esperando.

Assim como seus olhos parecem lançar fogo em minha direção.

Blake não está nem um pouco feliz em me ver.

E eu estou? Ainda não sei.

— Blake? — Chamo seu nome sem acreditar que vai fingir que não me conhece.

— Puta que pariu! — Ele solta um rosnado irritado, olhando pra cima e respirando fundo com exasperação enquanto passa os dedos pelo cabelo. — Foda-se — Acho que o escuto sussurrar entes de sair da cozinha me deixando no vácuo.

— Que foi isso? — Alguns indagam confusos.

Outras já estão bebendo e rindo, não dando a mínima atenção à cena bizarra que eu e Blake protagonizamos.

— Fiquei confusa agora, você o chamou pelo nome mas ele disse que não te conhece? — Audrey está curiosa.

— Nos conhecemos sim! — Insisto.

— Ele disse que não? — Agora é Carly quem questiona com deboche. Como se colocar eu e Blake na mesma equação fosse impossível.

Se ela soubesse...

— Nós éramos... — Melhores amigos, estou pronta a dizer, mas paro no último segundo, não quero que saibam o tipo de relacionamento que eu tinha com Blake. — Éramos vizinhos. Mas faz anos que não o vejo, éramos... crianças. Não fazia ideia de que este cara que estava, citando como Fury era ele!

Inferno, aconteceu mesmo? Agora sou eu quem enfia a mão no cabelo, como se minha cabeça fosse explodir.

Acabei de rever Blake. E ele simplesmente me deu as costas e desapareceu.

De repente sinto que não posso deixá-lo ir assim e, ignorando o chamado de Audrey, disparo da cozinha a procura de Blake.

Eu o encontro no outro lado da sala, rodeado de caras da fraternidade — e algumas meninas babando — entornando uma garrafa de Whisky.

Ainda parece incrível que Blake esteja bebendo, algo tão adulto. Quer dizer, Blake deve ter quase vinte anos agora, ele é três meses mais velho que eu, ainda não tem vinte e um, que é a idade para poder consumir álcool no país. Mas não é como se isso não acontecesse.

Eu mesma não estava bebendo hoje?

Porém não consigo evitar a vontade de ir até lá e arrancar a garrafa que ele entorna como água de suas mãos e lhe dar uma bronca por estar bebendo daquele jeito.

Como se eu tivesse algum direito de dizer o que Blake pode ou não fazer, como antes.

— Blake? — Vou em sua direção, empurrando algumas pessoas pelo caminho, quando noto que ele está se afastando de novo, com uma horda de gente atrás. — Blake espera!

Ele me lança um olhar rápido e o desvia. Como se eu não fosse digna da mínima atenção.

— Ei, não pode ir assim! Acho que está tão surpreso quanto eu, mas... A gente não pode conversar?

— Conversar? — Ele finalmente se vira me lançando um olhar frio como gelo. — Não te conheço, não sei quem é você!

Oi?

Toda Sua FúriaOnde histórias criam vida. Descubra agora