Bree
Por um momento acredito que ouvi errado, mas Blake está com os braços cruzados e um sorriso diabólico nos lábios com a certeza de que vou sair correndo pela porta e não voltar mais.
Então é este o intuito dele? Me assustar para que eu não fique?
Certo. Estou assustada.
Sim, quero dar meia-volta e desaparecer, fingir que não me coloquei por vontade própria naquela situação bizarra.
Mas não quero dar aquele gosto ao Blake.
De repente uma cena volta à minha memória.
Acho que tínhamos uns 11 anos e eu e Blake estávamos andando de bicicleta e passamos por um casarão abandonado.
Blake parou e disse que ia entrar. Eu morri de medo e me neguei. Blake sabia que eu tinha pavor de fantasmas. Eu odiava filmes de terror e dormir no escuro. Blake se sentia em casa na escuridão. Ainda assim, sempre mantinha a luz acesa para mim.
Porém, o mesmo Blake que segurava minha mão quando eu tinha medo era o mesmo que me puxava para a escuridão assustadora, como naquele dia em que me arrastou até o casarão escuro enquanto eu gritava assustada e ele ria me chamando de boba.
— Você é muito boba, não tem nada aqui, olha... — gritou, sua voz fazendo eco e me deixando mais assustada ainda.
— Não quero ser corajosa, quero sair daqui! — Puxei minha mão e tentei correr para a segurança da luz, mas Blake me puxou de volta segurando firme minha mão. — Eu não vou entrar aí de novo!
— Então fique aqui sozinha, sua medrosa! — Ele sorriu de forma diabólica e piscou pra mim como provocação antes de voltar para casa.
Eu fiquei ali observando Blake desaparecer por alguns segundos antes de tomar coragem e ir atrás dele.
Eu o alcancei e segurei firme sua mão e ele a apertou de volta.
— Por que está fazendo isso? — indaguei sem entender aquela atração que tinha pelo perigo.
— Se não encarar seus medos, vai ter medo pra sempre — cochichou.
Eu não entendi e nem queria entender.
— Estou com medo, Blake. Vamos embora?
— Por que tem medo? Acha que eu deixaria alguém te machucar?
— Até você não pode com um fantasma!
Ele riu com vontade.
— Não existem fantasmas.
— Como pode saber?
— Ei, tem alguém aqui? — ele me provocou fazendo sons assustadores com a voz até que se cansou de sua aventura sem noção e nos levou para fora.
Este sorriso do Blake é o mesmo daquele dia.
Ele está me desafiando a ir com ele para a escuridão, pois sabe que estou com medo.
— Por que está fazendo isso? — repito a pergunta que fiz há tantos anos.
— Não queria entrar na irmandade? — É sua resposta irônica que me irrita ainda mais enquanto passa por mim e sobe as escadas devagar. — Mas se quiser pular fora, este é o momento.
Hesito, o medo e o desafio se debatendo dentro de mim, como naquele dia em frente ao casarão.
E o que posso fazer?
Algumas coisas não mudam.
Pego minha mala e sigo Blake escada acima.
Ele abre a porta pra mim, não mais sorrindo, e não consigo decifrar sua expressão. Ele não está feliz.
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Toda Sua Fúria
Любовные романыEssa história esteve completa aqui, até dia 10 de dezembro. Agora está somente para degustação. ** Livro completo na Amazon Kindle ** "Durante os primeiros 15 anos da minha vida, não houve um momento em que Blake não estivesse lá, sendo meu melhor a...