Capítulo 2

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— Aí está você! — Vovô chama minha atenção parado em frente à porta do quarto com minhas duas malas em mãos. — Espero que essas malas signifiquem ter minha neta preferida de volta.

— Neta preferida. — Zombo. — Diz isso porque sou a única.

— Não muda o fato de ser a preferida. — O mesmo entra em meu quarto colocando as malas próximas ao guarda-roupa. Logo em seguida caminha até mim e me prende em seus braços. Eu senti muita falta dele.

Charles Bronova meu avô materno, alto, cabelos brancos, olhos castanhos e brilhantes, e com certeza o homem mais gentil e inteligente que já conheci.

Vovô veio de uma família simples do interior, mas ser pobre não era muito bem o que ele planejava, ele queria ter uma vida boa e não sofrer trabalhando para no final do mês não ter o que comer. Vovô queria se alimentar bem, ter tranquilidade e sabedoria. Trabalhou dando tudo de si e então entrou em uma faculdade e depois que se formou, trabalhou e fez outras duas faculdades. Agronomia, medicina veterinária e engenharia de agro negócios.

Ele diz que depois que você começa a aprender não quer mais parar. E é verdade, ainda mais para quem veio de uma família analfabeta. Ele ganhou na vida e muito. Vovô diz que tudo que lutou não foi apenas por dinheiro e sim para poder construir uma família com a minha avó e dar a vida de rainha que ela sempre mereceu.

Desde nova ele me ensinou que apenas aqueles com inteligência e sabedoria ganharia na vida e não aqueles que são gananciosos e estúpidos.

— Vem vamos tomar café da manhã. — Chama enquanto me puxa escada abaixo indo direto para a cozinha. — Dirigiu direto para cá? Devia ter me ligado que eu iria te buscar.

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Já são nove da noite quando estou sentada em minha penteadeira desembaraçado meu cabelo quando noto uma figura na qual não desejava nem um pouco ver.

— O que está fazendo aqui? — Pergunto com receio a Erick que está parado na porta do meu quarto.

— Como assim, amor, eu vim te buscar para voltarmos para casa. — Sorri. — Juntos.

Aquele olhar.

O maldito olhar sociopata que brilha com a claridade da lua que entra pela janela aberta, me assusta. Assusta muito. É esses malditos olhos cor âmbar que acaba com a minha sanidade e principalmente esse brilho neles.

Me sinto fraca, meu corpo trava e minhas pernas são como gelatinas. Não sei o que fazer, principalmente quando a falta de ar se faz presente. Imediatamente tento me levantar quando ele adentra um passo para dentro do quarto, com as pernas bambas dou passos cegos e desesperados para trás.

O que eu faço? O que eu faço?

— Para onde vai? Pegue suas coisas e vamos.

— Eu não vou!

— Não vai? Quem você pensa que é Isabelly? Desde quando você acha que pode escolher alguma coisa? Coloque esses trapos de volta na mala, agora! - Ele começou tão calmamente a falar que quando grita sua última frase eu me assusto tropeçando na mesa quebrando meu abajur.

— Quem você pensa que é? — Elevo minha voz e aponto meu dedo para ele. — Acha que pode simplesmente vir até aqui e me levar de volta como se eu fosse um saco de batatas? Está muito enganado Erick! Eu sou uma mulher independente e não preciso de você para ditar o que devo ou não fazer!

Sem nem ao menos me esperar terminar de falar, ele puxa minha mala de cima do armário e coloca o máximo de roupas dentro, me deixando pasma.

— Se você não vai por bem, vai ir por mal. Um dia com seu avô e já está arisca de novo? Por isso eu odiava esse velho na minha casa ele te deixa assim. — Ele lentamente se aproxima de mim, me deixando com medo. — Irreconhecível! Você Isabelly vai voltar comigo e eu vou te domesticar de novo como sempre faço.

— Não se aproxime! Fique aí! — Me desespero. Não sei o que ele é capaz de fazer. Ele pode me bater ou pior me matar. Ele é louco.

— O que foi? Até agora estava cheia de coragem. — Ele ri e grita. Essas mudanças me deixam ansiosas como antes, como quando chegava tarde da balada com cheiro de outras mulheres e a culpa no final da discussão era minha.

Lentamente Erick acaricia meu rosto com a mão, estou chorando, Deus me ajude. Sinto minha respiração pesada ser cortada, sua mão aperta fortemente meu pescoço.

Quando sinto minha visão ficar turva, acabo por me sentar na cama aos prantos.

Um sonho.

Não.

Uma merda de pesadelo.

Por que esse infeliz não me deixa? Até aqui o lugar aonde mais me sinto protegida, ele me persegue. Desgraçado.

Olho para o relógio e são nove da manhã, nem mesmo me lembro de quando fui dormir na noite anterior.

Passei o dia todo com o vovô e a noite acendamos uma fogueira e assamos marshmallows enquanto bebíamos chocolate quente, exatamente como quando eu era criança.

Eu senti muita falta disso.

Não ocorreu nada que poderia me causar gatilhos ao ponto de sonhar com ele, não sei o que aconteceu, mas agora estou aqui com a ansiedade a mil.

Após levantar e me arrumar para mais um dia por aqui, prendo meu cabelo e desço para a cozinha.

Um recomeço, eu consigo logo ele sumirá da minha cabeça, de mim.

Assim eu espero.

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⏰ Última atualização: Mar 29 ⏰

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