•Capítulo 13•

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- Que lugar é esse? - Rosé perguntou, assim que saíram da chuva e entraram na cabana. - Não parece abandonado.

- Não está. - Lisa respondeu, livrando-se da capa de chuva e pendurando-a atrás da porta por onde acabaram de passar. - Meus pais construíram esse lugar quando minhas irmãs e eu éramos crianças. É aqui que eu venho me esconder quando não quero ser encontrada.

O que não acontecia sempre, já que morava sozinha há anos e não costumava levar ninguém em sua casa. Mesmo assim, gostava de manter a cabana em ordem.

- Não há um quarto. Ou uma cama, pelo menos - ela constatou, encolhendo-se em um canto, ainda tremendo de frio.

- É porque eu não costumo dormir aqui - deu de ombros, tratando de tentar acender a lareira. - Tire suas roupas.

- O quê? - Rosé soou alarmada.

- Tire suas roupas - repetiu, de costas para ela. - Você é medica e sabe que se passar muito tempo com essas roupas molhadas vai acabar ficando doente.

- Posso aguentar até a chuva passar e nós irmos para casa.

Revirou os olhos sabendo que ela não queria ficar nua na sua frente. Afastando-se da lareira, tirou o seu sobretudo e o estendeu para ela.

- Vista isso. Não está tão molhado quanto as suas roupas e vai te ajudar a permanecer aquecida. - Vendo que ela hesitava, Lisa acrescentou: - Essa tempestade não vai passar tão cedo. Nós iremos dormir aqui esta noite.

Depois do que pareceu ser um longo tempo considerando as opções, ela finalmente cedeu e pegou o sobretudo.

- Você também está molhada e não tem nada para aquecê-la.

- É por isso que vamos dormir em frente à lareira. Não é tão fácil de acender como a da minha casa, mas vai nos ajudar a passar a noite.

Meia hora depois, elas haviam feito uma cama improvisada com cobertores que Lisa mantinha em um dos armários da cabana. Estava tudo um pouco empoeirado, mas teria que servir.

- Se você chegar um pouco mais perto, poderemos aquecer uma à outra - disse Lisa, percebendo que ela estava tão distante que quase caía para fora do cobertor.

- Eu sei.

Como ela não se moveu, Lisa o fez e ela a encarou, espantada com a sua atitude.

- Eu não mordo, Srta. Park, e eu estou com frio.

Depois de mais algum tempo de silêncio, ela suspirou.

- Me desculpe.

Lisa quis rir. Depois dos últimos dias, ela teria que ser um pouco mais específica no seu pedido de desculpas.

- Pelo quê? - atreveu-se a perguntar. Sua vida estava tão ferrada quanto a dela, portanto, tinha o direito de obter algumas respostas.

- Para começar, por nos colocar nesta situação, hoje.

Já era alguma coisa.

- Quem nunca cometeu uma estupidez uma vez na vida, não é mesmo?

Lisa riu quando Rosé apoiou o corpo nos cotovelos para olhá-la de cima.

- Está me chamando de estúpida?

- Não, Srta. Park - levou uma mão ao ombro dela e a empurrou de volta ao fino colchão feito de cobertores. - Estou apenas dizendo que é normal agir por impulso, às vezes.

- Ah, então, agora eu sou impulsiva? - ela reclamou.

Revirou os olhos. Já estava cansada de ser tratada daquela maneira desde a primeira vez que Park a viu, em Nova York.

"The Sister" ⒸⓗⓐⓔⓁⓘⓢⓐOnde histórias criam vida. Descubra agora