Capítulo 4: Fuga, Imperador e Tritão.

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O sentimento de pânico nas faces de Sunoo, levaram Jongseong a pensar com rapidez e sagacidade para uma fuga bem agitada. Não era comum o pequeno fauno se aterrorizar tanto com humanos. Já haviam fugido antes de outros casos. Não de humanos tão perigosos, ainda mais estando tão próximos deles, mas já haviam feito fugas.

– Dá para fugir, não é? O que te preocupa sou eu, não é? – Jongseong ergueu o corpo magro, desvencilhando-se dos braços finos que envolviam seus ombros, com uma fluidez e flexibilidade ainda não presenciadas por Sunoo. O humano moreno foi escorregadio como um anfíbio. – Nuh, não sou mais criança, muito menos fraco. Vamos sair daqui, temos tempo suficiente se agirmos agora. – A confiança emanava da voz do humano, mesmo que seu corpo curvado para estar em pé fosse uma visão insegura para tal afirmação.

– Tuas roupas são muito pesadas, não terá agilidade suficiente para corrermos. – Sunoo argumenta erguendo-se torto e encurvado no espaço pouco no qual estavam protegidos. Os movimentos estavam travados poupando energia. O corpo por inteiro do nature explodia em aflição e energia ocasionados pelo perigo próximo. Conter-se-ia até achar uma solução para a fuga do amigo, assim como para própria.

Jay ponderou por instantes breves, por fim, decide por despir-se das vestes mais pesadas jogando-as ao chão sem piedade alguma dos tecidos humanos de boa qualidade. Os olhos de Sunoo alargaram-se ao presenciar tal ato de loucura, quando o tempo era de intenso frio como naquele dia.

– Não preciso de tantos panos, vou aquecer-me ao mover o corpo na corrida. – Justificou o Park ao fitar os olhos assustados do Kim. – Qual a rota mais segura? – O humano começa um aquecimento muscular enquanto se pronuncia, Jongseong esticava-se com grande flexibilidade.

O corpo de quase catorze invernos de Jongseong era na mesma medida em altura que o de quase quinze primaveras de Sunoo. O fauno ajusta-se o mais corretamente que pode no espaço pequeno e estreito, respira profundamente, os olhos de Sol fecharam-se e a mente trabalhou numa rota imaginaria com velocidades aparentes para percorre-las. Seus instintos naturais colocando impulsividade nas mais improváveis situações entre eles e os perseguidores próximos.

– Teremos que atravessar o lago e passar pela grande pedra num rastro de nuvem. Entraremos na parte densa da floresta desviando do caminho da clareira da Grande árvore. Nunca andastes por esse lado e teremos que correr neste caminho, pois tem os gorblles* do gelo lá. Eles criam neblina. É arriscado demais, Jay. – Os olhos de Sol abriram-se deparando-se com os de Noite. A segurança e agilidade daquele olhar fizeram os pelos de Kim Sunoo arrepiarem. Não tinha como fazer muito além de ir em frente com o plano. O grande casaco de lã de Cian era leve e quente, retirou-o de si e colocou sobre o corpo gélido do amigo. – É leve e aquece tão bem quanto lã de ovelha. – Sunoo ajoelhou-se ao chão à frente do humano e tocou-lhes as botas de couro de búfalo usando uma magia desconhecida por Park fazendo as solas ficaram pontudas e mais duras. – Isso vai facilitar os movimentos pelo gelo do lago e pela neve. – Kim ergueu-se do chão e focou o lago a frente tentando acalmar o coração e espantando o medo. Não havia outro jeito.

Jongseong ajustou o casaco no corpo e testou mover os pés. Notou-se firme e com equilíbrio corporal mais eficiente. Depois de pronto e sabendo quão pesado e móvel estava comentou.

– Tenho uma boa velocidade agora ao contrário da infância. Pratico corridas com Riki todos os dias. – Defendeu-se Jongseong de uma provável reclamação ao ver preocupação no olhar de Sol voltado para si. – Vá à frente e guie o caminho seguirei teus passos sem maiores transtornos. Prometo-te ficar em seu encalce o tempo todo, não importa tua velocidade.

– Irei levar-te ao palácio antes de voltar a minha morada. – Ditou Sunoo mesmo sabendo do risco de aproximar-se do castelo. Não poderia ser visto, isto seria fácil se a escuridão da noite o ajudasse, porém era dia. Infelizmente não conseguiria sossego se não visse com os próprios olhos o Park em segurança atrás das paredes de pedras. Seu corpo alarmado foi para o limite da pequena fenda que chamavam de caverna, olhou para fora observando a rota e só depois virou-se para Jongseong. – Não aproximarei muito ficarei a orla, dentro da floresta. Então correrás aos portões, entrará em teus domínios para que sinta-me em paz em voltar à aldeia. Promete-me?

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