Capítulo 6: Hora de contar.

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Ao entrar em seu lar, Sunoo notou a ausência de movimentos. 

Era estranho aquilo no dia do seu nascimento. O seu lar tornava-se o mais cheio de vida com a chegada da primavera, pois havia o despertar de muitos seres hibernantes de inverno. Os irmãos faziam o chamado de muitas criaturas de Gaia no início do ciclo primaveril. Enquanto este estranho silencio ocupava seu lar, a aldeia movia-se feroz do lado de fora das paredes de raízes, festejando e celebrando a estação nova e o começo de um novo ciclo.

Kim Sunoo sentiu-se impelido a sala de trabalho dos irmãos. Sem negar seus instintos o jovem fauno caminhou seguro até a porta de raízes e madeira de carvalho velho. Esta se abriu sem toque algum de suas falanges finas. Os regentes de Gaia, já cientes daquilo que fariam estavam acomodados no cômodo espaçoso e esperando o jovem nature. 

Ao ter a presença do jovem fauno, finalmente, em seus campos de visão, os regentes tomaram prumo dos seus corpos demonstrando o estado de tensão no qual se encontravam. À passos vacilantes, Sunoo entrou no espaço do escritório observando os irmãos e sentindo em seus poros a importância de tal momento. O Kim sentia em sua pele, a pequena mostra de verdade ausente em toda sua vida. O estalar de algo foi capturado pelos ouvidos treinados e notou que vinha da porta, fechada sozinha, assim como fora aberta. Alguma energia movia-se suave no ambiente, mesmo em meio a tensão dos corpos. Era algo bom, acolhedor e puro.

Sunoo sentou-se ao chão, de frente para Heeseung, este o olhava com uma seriedade pouco vista nas faces sempre animadas do Regente do Fogo. Sunghoon, até aquele momento em pé de frente à janela, deixou um sorriso suave moldar-se nos lábios grossos e seus passos o levaram a  acomodar-se ao lado de Sunoo ao chão. Apenas Heeseung estava acomodado no estofado de lã e folhas em frente a lareira que aquecia o ambiente, um suspiro tomou forma no respirar de Lee, para só então iniciar uma narrativa da história de Yan e da missão do pequeno fauno. Era a história verdadeira ali contada e há muito desejada pelos regentes, a narrativa reprimida ao longo de tantos anos. 

— Sunoo, sei que esperou muito tempo, mas agora vou contar como tu chegaste a ser nosso irmão. É na história de Kim Yan que tudo se inicia, uma ninfa de colinas, filha de uma fada irmã legitima da rainha das fadas e de um Elfo Elemental das águas. A escolhida pela grande Mãe, para gerar seu filho e o príncipe do nosso mundo. — Heeseung suspirou quando Sunoo olhou para si exibindo um ar perdido e chocado. — Sunoo, Yan te gerou da Árvore da Vida, ninguém a tocou. Kim Sunoo, príncipe de Gaia, sabe a árvore que só tu alcanças em seu dia? Aquela é a Árvore da Vida e ninguém além dos escolhidos podem chegar até ela. E sua mãe, Kim Yan, foi uma das escolhidas.

— Sunoo, tua mãe era minha prima. — Sunghoon fala colocando um braço ao redor dos ombros do ruivo. — És meu primo, mas também somos teus guardiões. Irmãos por Gaia.

— Antes de teu nascimento, nós ouvimos a primeira voz de Gaia. Todos os nature, quando chega o tempo, ouvem a Profecia na voz da Mãe. Nós, Sunghoon, eu e sua mãe ouvimos seus conselhos, lemos seus sinais. Yan era um pouco mais nova que eu, escondeu de todos com primazia que a Mãe falava diretamente com ela e só quando foi permitido, com a confirmação que estava a gerar um filho de Gaia, que Yan falou a nós, os Regentes de Gaia de sua missão contando tudo que lhe foi instruído pela Mãe. Ela deu a vida pela tua, mas ganhou da Mãe de Todas as Criaturas um lugar para ser feliz, que foi te ter em seu ventre. — Heeseung tinha uma voz mansa enquanto contava. — Ela te amou até o ultimo raio de vida, nos pediu para cuidar, amar e olhar por ti, como ela o faria.

No final de toda narrativa, Sunghoon chorava silenciosamente enquanto apertava contra si Sunoo, que chorava copiosamente, com o rosto escondido contra peito do regente dos ventos e recém descoberto parente de linhagem sanguínea. Heeseung observava a cena com alivio em seu peito. Não era o alivio desejado ainda, mas era aquele, o qual necessitava no momento para seguir a missão que Gaia tinha oferecido.

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