Capítulo 1 - A Primavera depois do Inverno.

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"Haverá um tempo onde Homens e Natureza serão de novo um só. Cada rastro de maldade e ganancia será ultrapassado por um amor tão profundo que superará as barreiras impostas. Carinho e fidelidade serão suas armas.

Um escolhido para reinar as criaturas da Natureza surgirá com poderes tão únicos que ao seu nascimento a Árvore da Vida florescerá em tom róseo para todo início de primavera. Teus olhos virão como um raio de Sol a aquecer o inverno e assim abrir à primavera, tuas mãos serão macias como a brisa mais fresca de verão e tua certeza será clara como a necessidade das folhas caírem ao outono.

O escolhido da parte humana virá silencioso e sábio; ao final das mais gélidas casas do mais rigoroso inverno. E só viverá graças ao Regente do Fogo unindo forças com aquele de maior vontade de vida e coragem em seu coração. O choro será vivido, será a única vez que terá atenção de teu genitor; este humano será dotado de sabedoria e força para aconselhar seus iguais aceitando os diferentes.

Ao tempo a raça humana tentará buscar o Elixir de Todo Conhecimento para si, os meus protegerão este segredo com suas vidas e por isso afundarão meu mundo nas sombras e restarão apenas minhas palavras de agora para lhes lembrar que a Natureza existe.

Minha profecia está lançada. Roguem piedade nos teus corações e farei de tudo unito novamente. Aqueles que corrompidos estiverem, afogar-se-ão em seus próprios vestígios num carmim brilhante como rubis. E, por fim, a mim, pertencerão como matéria; e limparei a Terra para gerar a Paz até o surgimento de uma nova profecia."

Profecia de Gaia

O garotinho de pele amorenada estava a brincar com seus tantos irmãos e primos. Seus pais os deixavam livres nos campo aberto, mas como o bom matreiro que era, Park Jongseong adentrou a primeira trilha captada por sua visão em direção ao fundo da floresta, quando notou todos os esconderijos próximos ocupados. Os menores mal escondiam-se por não entenderem a importância daquele ato para a brincadeira. Os maiores ocupavam todos os bons lugares. Suas irmãs e primas estavam a colher flores próximas as mulheres mais velhas, aprendendo trançados ou fofocando sobre bailes. Ninguém o viu correr em direção as árvores e arbustos sem alternativas quando o responsável pela contagem chegava na numeração combinada. Nunca o veriam enquanto não fosse para se exigir algo. E naquela brincadeira de esconder os perdedores deveriam favor a quem os encontrava e ao ganhador cabia o privilégio de receber o coelho mais belo da nova ninhada.

As pernas finas saltaram os ganhos baixos dos arbustos da entrada mais próxima, os braços ainda curtos tateavam às cegas pelas copas das árvores baixas e dos troncos das mais altas. Quando conseguiu reduzir a velocidade das pernas para avaliar onde estava, depois de sua corrida desenfreada e as cegas, apercebeu-se no lago o qual banhava-se durante o verão, e mesmo até ali haviam alguns de seus irmãos e primos a esconder-se. Emburrado, Jongseong, passou da pedra grande e afundou-se na mata. Entregariam seu esconderijo em breve. Sua respiração tornou-se falha quando finalmente não conseguia mais ouvir as risadas dos menores que estavam sendo 'encontrados' nos esconderijos próximos. Parou finalmente seus passos e deparou-se com uma paisagem pouco conhecida. Havia realmente ido longe. Não o achariam ali. Uma pequena clareira no meio da mata fechada com um tapete, em sua maioria verde de relva alta, quebrado pelas cores vibrantes de flores de campo em todos os tons possíveis aos olhos de uma criança. Porém, aquilo a chamar a atenção do pequeno Park, foi o garotinho de estatura igual a própria, em pé a olhar a árvore de flores rosadas como se aquilo fosse a melhor coisa do mundo.

Os cabelos em fios como o própria ferrugem em ferro ou um reflexo pálido na parede quando o colar de rubis da matriarca Park indicava que ela estava na biblioteca de estudo, ondulados como a relva em dias de ventania, a pele branca como a primeira neve de uma manhã de inverno. O pequeno corpo coberto com vestes tão simples quanto as de um aldeão dos mais simplórios do reino. O pequeno Park esqueceu-se imediatamente que estava a brincar de esconder e da ninhada de coelhos. Seus passos pequenos o levaram a criança tão diferente de si. Jongseong era magro demais, sua pele era amorenada como café ao leite e seus cabelos lisos e negros como a pedra de ônix que adornavam o colar de sua avó viúva, ou como carvão de escrever. Seu pai era dono de muitas terras; tantas que o pequeno não mensurava, pois não cabia em suas vistas, e por isso, vestia-se em sedas das melhores. As mãos ossudas, um pouco suadas, um pouco sujas por tocar na mata e um pouco frias pelo vento primaveril da campina, – tudo em Jongseong estava na incerteza do 'um pouco'. Um pouco de vida, um pouco de infância, um pouco de responsabilidade, um pouco de ingenuidade, um pouco de timidez –, voltando as mãos pequenas, estas tocaram o ombro coberto pelo tecido de aparência pobre, mas para surpresa do moreno, macio e delicado. A criança ruiva voltou-se lateralmente, em um leve susto e ambos focaram nos rostos um do outro.

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