Retorno e lágrimas

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— Eu não sei com quem aprendeu a jogar isso, mas estou começando a levar para o lado pessoal, Gahyeon — Siyeon disse, um pouco emburrada.

Estava mais uma vez na cadeia por duas rodadas.

— A culpa não é minha se os dados não gostam de você — A garota provocou, causando uma risada coletiva.

Era quase final de tarde e no centro da sala, mais precisamente sobre o tapete, as garotas jogavam um dos tantos jogos de tabuleiro que estavam guardados no porão. Siyeon, Bora, Elkie, Ryujin e Gahyeon pareciam imersas em não falir enquanto jogavam Monopoly, e Yuqi estava na cozinha esperando a pipoca ficar pronta.

— Eu estou quase falindo... — Ryujin lamentou, observando as poucas cédulas do dinheiro falso em suas mãos.

— Você ainda pode ganhar com os aluguéis — Elkie explicou. — Eu, por exemplo, ainda não fali porque vocês vivem caindo nas minhas propriedades.

— Eu já cai em duas das suas avenidas. Não adianta, esse jogo é um roubo — A de franjas bufou.

— De roubo a Siyeon entende, afinal, vive na cadeia — Gahyeon provocou mais uma vez.

— Esses dados que são viciados! Quando eu não caio na cadeia diretamente, caio em alguma casa que me mande para lá — A indignação
da Lee com o simples jogo de tabuleiro mostrava o quanto ela era competitiva.

— Certo, vamos deixar a Siyeon em paz um pouco e focar no jogo — Bora partiu em sua defesa. — Joga os dados, Ryu — A Kim passou os dois dados para a garota a sua direita.

Bora seguiu jogando, tentando dividir o foco entre a rodada e o carinho que fazia nas madeixas escuras de Siyeon, que permanecia deitada com a cabeça sobre seu colo desde que havia perdido a vez. O cafuné foi quase como automático, mas sentia-se um pouco envergonhada por notar alguns olhares, por mais que as garotas tentassem ser discretas e pareciam ter feito um acordo silencioso para não as constranger.

— O que foi? — Siyeon perguntou em um sussurro.

Bora não notou que acabou divagando enquanto mantinha o olhar na morena. Parecia ter se tornado algo comum se pegar olhando-a simplesmente sem motivos, apenas como se aquele fosse seu ponto de fuga favorito.

— Nada — Bora respondeu. Siyeon sorriu mostrando os dentes e a Kim derreteu-se por dentro.

Por um momento, Bora recordou-se sobre o acampamento e também do momento
que tiveram dentro da cabana, onde suas inseguranças falaram mais alto no final da noite e ela acabou indo dormir com pensamentos não muito agradáveis. Dois dias haviam se passado desde aquela noite e ela buscou não pensar muito sobre o ocorrido, prometeu a si mesma tentar sem colocar nenhum outro obstáculo e estava fazendo isso, embora sentisse algo fora do lugar.

Talvez mais uma de suas paranoias.

— Seis! — A Kim saiu de seu devaneio quando ouviu Gahyeon berrar os números do dado. A vez de Ryujin passou e ela sequer notou.

Elkie, que estava ao lado direito da mais nova, parecia proferir palavras silenciosas, pedindo quase que mentalmente para que a garota caísse em uma de suas propriedades e ela pudesse ganhar mais um pouco de dinheiro.

Uma pena que as cédulas não fossem de verdade, ela bem que gostaria de arrancar uma grana de Gahyeon, mesmo que Handong fizesse-a devolver depois.

— A avenida central é minha. Você me deve duzentos! — Bora disse, enquanto ria, assim que viu o pequeno objeto mover-se até a sua propriedade.

Ela adorava aquele tipo de jogo. Em qual outro lugar ela poderia comprar uma avenida?

Gahyeon bufou e buscou as notas em seu monte de dinheiro.

Acaso prometido | SuayeonOnde histórias criam vida. Descubra agora